Futebol

O campo dos sonhos

E então ontem finalmente nos encontramos. Como uma menina linda, de cara já me encantei por ela. E as impressões seguintes foram aumentando ainda mais esse encantamento, como se conversando você percebesse que a menina, além de linda, é gente fina e inteligente. Esse foi o princípio de tudo, ontem, quando conheci a Arena.

Sei que para um gremista, não tem como aquilo não ser impactante e não produzir sensações emotivas violentas; mas eu queria falar sobre o encantamento de um guri que, acima de tudo, é apaixonado pelo futebol. Tem gremistas que gostam do Grêmio e não se importam muito com o resto, e eu respeito isso; mas pela minha história e influência familiar, aprendi a primeiro amar o futebol, depois o clube. E ontem foi meio que uma consagração dessa minha forma de pensar e sentir.

Eu sempre falo que, para quem ama o futebol, é fundamental conhecer a Bombonera, é uma experiência única, indescritível, mítica. Pois a partir de ontem, posso incluir a Arena na lista de estádios de futebol que o amante da bola deve obrigatoriamente conhecer. E o mais louco é que essa meca do esporte bretão está na minha cidade, e pertence ao meu time. Vocês podem ter a certeza de que, em muito pouco tempo, turistas virão a Porto Alegre com o principal objetivo de conhecer a Arena, assim como gente que nem eu faz em Buenos Aires com a Bombonera.

Eu teria muitas coisas para dizer sobre a nossa casa. Poderia falar da imponência, dos acessos, da altura, da atmosfera e de tantos outros aspectos. Mas o que mais me impressionou foi a simbologia de tudo aquilo que estava acontecendo. Sabe quando ocorre um evento muito marcante na tua vida, que te leva a pensar sobre o teu caminho até ali, te passa um filme da tua história diante dos teus olhos? Pois foi isso que a Arena produziu em mim ontem.

Lembrei de tudo aquilo que já havia visto, vivido e sentido em campos de futebol; lembrei que vi o último jogo da carreira de Zico (Fla-Flu que ele fez um golaço de falta); lembrei que tive o privilégio de ver a carreira completa de Romário, Ronaldo, Zidane, Bebeto, Cafu, Hierro, entre tantos outros; e em seguida despertava dessas lembranças, olhava para o campo e lá estavam eles! Se a forma física em alguns casos não era a mesma, a categoria era e, mais do que isso, a capacidade de relembrar passagens e momentos marcantes estava toda ali, a casa passe, domínio e chute.

Olhava para o lado e via meu sobrinho de 15 anos, colorado, complemente embasbacado com tudo aquilo que ele estava vivendo. Evidente que encantado com seus ídolos de agora, Lucas e Neymar, mas reverenciando e se mostrando um conhecedor da história de outros craques, os quais ele não viu jogar. E aí eu me dei conta: aquele jogo era um rito de passagem, era como se eu entregasse para ele o diploma de "amante do futebol". Acima de qualquer paixão clubística, está a paixão pelo futebol, um sentimento tão bonito que é incentivado quando vivemos momentos especiais, em lugares especiais como aquele. Sentimento reiterado quando, ao final do jogo, ele me pediu para trazê-lo em outros jogos, diretamente proporcional à minha vontade de compartilhar com ele momentos no Beira-Rio, quando estiver pronto, e em todos os estádios que tivermos a oportunidade de frequentar.

Seja bem-vinda, Arena, campo dos sonhos não só dos gremistas, mas de todos os amantes do futebol.

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