Futebol
O fim do azar
Ontem fez 7 anos da propalada Batalha dos Aflitos. No dia 26 de novembro de 2005, o Grêmio conquistou um de seus títulos mais controversos e ao mesmo tempo emocionantes de sua história. Dificilmente vamos ver um time com 7 jogadores ganhar de outro com 10 (ou 11, pois Batata foi expulso depois do pênalti defendido por Galatto). Logicamente, eu não tô aqui para contar a história desse jogo, que todos já conhecem e dificilmente irão esquecer, seja gremista, colorado ou amante do futebol em geral.
Queria sim jogar luz sobre algumas consequências que esse jogo nos trouxe. Primeiro, é paradoxal que uma das maiores vitórias do Grêmio seja de uma partida de Segunda Divisão, e isso por vezes parece um fantasma para os torcedores, como se tivessem um pouco de vergonha de se orgulharem tanto dessa história. Para mim, o que conta é a história, e essa é motivo de orgulho mesmo que tivesse ocorrido em um jogo-treino. Como o jogo era decisivo, mais ainda. Vejo o DVD sim, e choro quase todas as vezes que o assisto. Esse orgulho ninguém me tira, falem o que quiserem.
Depois, o conceito de "Imortal" ficou etiquetado no Grêmio, e a partir daí, nos piores momentos, sempre nos agarramos a ele, como se fosse um santo ou algo parecido e rezamos que emule o dia 26/11/05. Até criamos uma deusa chamada "Imortalidade" (eu a imagino linda, morena, com um olhar fatal, mas com duas caras, a outra feia, tipo caveira, horripilante, a quem só devemos recorrer em momentos muito especiais). Até aqui, tudo certo, torcedor tem mesmo que se agarrar em algo para aumentar a sua fé em momentos difíceis. O problema é que tivemos que recorrer reiteradas vezes a essa deusa nos últimos anos, e em muitas ocasiões ela nos mostra a sua segunda cara, a feia, e as vitórias não vêm.
E o pior é que os dirigentes dos últimos anos também acreditam nessa história. Acham que podem montar qualquer tipo de time, com qualquer classe de jogadores, que na última hora a imortalidade vem e nos salva. E daí advém as nossas repetidas derrotas dos últimos tempos.
Repassando mentalmente o roteiro do dia do jogo assistido na minha casa com meu amigo Ricardo Missel, lembrei que na hora da marcação do pênalti, ensandecido, fui para a cozinha chutando tudo o que tava no caminho, e recordo vagamente de ter quebrado algum utensílio, provavelmente um copo (sim, eu estava bem calmo). Isso deve ter sido antes de fazer uma promessa de ir caminhando da minha casa (ao lado do Shopping Iguatemi) até o Olímpico (regiamente cumprida 3 dias depois). E aí me veio um insight!
E se a quebra do copo significou uma quebra de espelho? E se algum outro doido feito eu tenha quebrado espelhos, copos, taças, pratos, Brasil afora? Tenho um equilibrado amigo (como eu) que quebrou uma cadeira. Outro pode muito bem ter quebrado um espelho.
Só isso para explicar o que ocorreu nos 7 anos posteriores. Ganhamos um Gauchão do Inter em 2006 em pleno Beira-Rio, e eles foram campeões da Libertadores e do mundo. Fomos vice-campeões da Libertadores em 2007, perdendo para um Boca que contou com uma neblina violenta na Bombonera para ganhar a semifinal contra o Cúcuta. Perdemos um Brasileiro em 2008 para um São Paulo que iniciou o returno 11 pontos atrás de nós. E assim por diante. Ano a ano, coisas espetaculares aconteceram, e nos tiraram títulos que pareciam certos, aumentando nosso jejum que já dura 12 anos.
A boa notícia é que os 7 anos acabaram. Todos nós, que quebramos espelhos mundo (eu falei Brasil antes?) afora, podemos respirar aliviados. E olha como isso faz sentido: justo agora volta o maior presidente da história do Grêmio; temos um dos técnicos mais vencedores da história do futebol brasileiro; Zé Monstro Roberto quer ficar; Paulo Paixão, amuleto ambulante e colecionador de faixas, provavelmente fique; e, mais importante, estamos inaugurando o estádio mais moderno da América Latina. E vem aí um ano que termina com ... 13!
Para coroar essa onda de sorte, só falta reservarmos a nossa deusa Imortalidade para momentos verdadeiramente decisivos e importantes, para que ela não perca a força tentando nos ajudar contra os Coritibas, Caxias e Náuticos da vida, e esteja cansada quando pedirmos ajuda contra os Bocas, São Paulos e Milans por aí.
PS. Não sei se a história do espelho procede, mas pela dúvida, amigos gremistas, não quebremos mais nada em jogos do Grêmio, ok? Vai saber...
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