Honremos o nome de nossa escola
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Honremos o nome de nossa escola




Família é o esteio de nossas vidas, mas isso não significa que nossa relação com ela seja sempre tranquila. Isso explica o sucesso da série de TV "A Grande Família", e de músicas famosas tocando o tema.

Aqui na Vila Isabel não teria como ser diferente. A nossa família, formada por todos os torcedores, admiradores, frequentadores, destaques, barracão, harmonia, bateria e diretoria, é bastante numerosa e heterogênea. E por esse motivo se torna impossível concordar sempre.

A lamentável tragédia de Santa Maria abriu um debate dentro da escola, que logo se espalhou redes sociais afora. A decisão de manter o ensaio no dia do ocorrido despertou reações que, a meu ver, foram desproporcionais, de lado a lado.

No domingo, a minha posição pessoal era de que o ensaio devia ser cancelado, ao menos naquele dia. No entanto, como tinha que resolver algumas questões práticas, me dirigi à quadra, e no final do pagode fui pra casa. Tinha uma angústia enorme no peito, apesar de não conhecer nenhuma vítima. Entretanto, não sai de lá contrariado, achando um desrespeito ter ensaio; tinha certeza de que homenagens seriam realizadas, como de fato foram. Sabia inclusive que o Alexandre Belo trataria de tornar esse momento bem emocionante. Mas sei lá, tava angustiado, chateado, triste, enfim, decidi ir pra casa e vida que segue, sem julgar ninguém porque cada um sabe onde aperta o seu calo.

Posição pessoal, na completa assepção da palavra, é isso: você tem o seu pensamento, fundamentado em razões que são suas, e respeita quem pensa o contrário. Qualquer coisa diferente disso tem outros nomes, e são motivadas por sentimentos impuros que nem vale a pena relatar.

Para minha surpresa, as redes sociais foram usadas para um debate vazio e sem sentido: pessoas acusando as outras de falta de respeito com a memória das vítimas, outras pessoas rebatendo com impropérios e cobranças, e logo esse debate se propagou para gente que não tem nada a ver com a nossa escola; não que para opinar sobre isso seja necessário fazer parte de alguma coisa, mas sem entender o que acontece, fica bem difícil de fazer julgamentos, ainda mais no tom utilizado. Todos nós que participamos das discussões demos armas aos que são contra o Carnaval e contra a nossa escola para que nos apontem e nos julguem, sem ao menos entender o que acontece no âmago do nosso trabalho.

Pior: fizemos com que a nossa escola ganhasse notoriedade negativa perante à opinião pública, e que ela fosse usada como argumento contra a nossa festa popular. E o que mais me entristece é que muitas coisas foram fomentadas por gente nossa, da nossa Família.

Quem vive a Vila Isabel desde sempre pode estar se perguntando: mas quem é esse moleque para criticar as pessoas? Respondo: ninguém. Não sou nada dentro da escola, nunca tive cargo algum, e nem posso ser considerado alguém de dentro do carnaval. Porém, desde 2000 vivo nos dois mundos, "o mundo de fora" e o "mundo de dentro" do carnaval, e sempre procurei construir "pontes" entre esses dois mundos. Para meus amigos que nunca pisaram numa quadra, sou referência do mundo do carnaval, e procuro trazer pessoas para os eventos, sempre tentando promover as coisas da nossa Festa Popular. E é isso que tenho feito desde o final do ano passado (tarde, eu sei, mas é o que pude fazer). Por isso essa propaganda negativa me chateia tanto, porque ela enfraquece o meu trabalho informal de "marqueteiro" da Vila Isabel.

Só que essa crítica que eu faço não é direcionada a ninguém, mas a todos nós e a mim mesmo, porque também publiquei um texto me posicionando contra o ensaio, embora em outro tom (se quiser ler, clique aqui). Depois, lendo a resposta do presidente Cléber, me deu até vontade de ter ficado. 

Entendo que as pessoas que se envolvem com a escola se magoam, se chateiam e se frustram; mas esse sentimentos têm hora para aparecer. E essa DEFINITIVAMENTE não é a hora.

Qual é mesmo o nome da nossa amada escola? Unidos de Vila Isabel, certo? Leram aquela palavrinha em negrito? Isso mesmo: a única chance real que temos de conquistar o carnaval é fazendo com que essa palavra se faça presente na prática, nas atitudes e nas intenções. Não consigo enxergar outra forma de chegarmos ao lugar que TODOS nós sonhamos. E isso depende de muitas coisas, mas se quisermos ser Unidos de Vila Isabel, seremos, e nada vai nos impedir. Depende só de nós.

Queria ter a ousadia de propor um pacto: que as críticas pessoais, as mágoas, os ressentimentos, as ironias, as cobranças e outras manifestações negativas sejam deixadas de lado e retomadas, se assim desejarem, após o dia 8 de fevereiro. Ou melhor, após o desfile das campeãs, onde estaremos, não tenho dúvidas. Até lá, vamos aos ensaios, vamos fazer as redes sociais bombarem com vídeos, fotos, textos e mensagens de incentivo, vamos chamar nossos amigos, vamos fazer festa, vamos nos unir! Falta tão pouco, depois disso só no ano que vem...

Preto, branco, mestiço, índio, loira, morena, ruiva, gordo, magro, experiente, novato; todos nós, que fazemos parte da Família de Vila Isabel, temos o dever de honrar o nome da nossa escola. Se ganharmos ou perdermos o carnaval, devemos fazer isso unidos, como nosso nome diz, lavando a nossa roupa suja em casa e tratando de fortalecer a nossa escola a cada dia. DUVIDO que alguém não tenha o sonho de ver a Vila ganhar um campeonato! E quando isso acontecer (porque SEI que vai acontecer, esse ano ou em outro, não importa), nos abraçaremos e seremos cada vez mais UNIDOS DE VILA ISABEL.

"Pois o ideal de um sonhador,
É ver a Vila em primeiro lugar".



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