Futebol
O verdadeiro inimigo do Grêmio
Amigos, permitam que eu lhes fale um pouco de política. Amo esse assunto desde criança, e sempre achei que o período de 4 anos de mandato é muito pouco para qualquer gestor público. Na minha humilde opinião, o ideal seriam 6, pois considero ser um período suficiente para entender o que está acontecendo, arrumar a casa e executar as mudanças necessárias. No futebol é a mesma coisa: 2 anos para um presidente de clube me parece ser pouco tempo; o ideal seriam 3 ou 4.
Dito isto, vamos falar de Grêmio, que perdeu ontem para o Corinthians no Pacaembu, um resultado normal que acabou afastando o clube da liderança do Brasileirão. Ainda tem muita água pra rolar, mas não são os desfalques, grupo limitado, erros de arbitragem ou competência alheia o que mais me preocupa na busca do caneco que não vem desde 1996. O que mais me tira o sono é o pouco inteligente processo eleitoral que se avizinha no tricolor. Para quem não sabe, no dia 25 de setembro o conselho deliberativo escolhe o próximo presidente do Grêmio em 1º turno. Os dois candidatos que fizerem ao menos 20% dos votos válidos irá para 2º turno, onde o associado decidirá quem comandará o clube no biênio 2013/2014, por coincidência o período do início da Arena. Mas como falei acima, deixa eu explicar o porquê desse saudável instrumento da democracia me preocupar tanto e porque eu considero este pleito algo bastante impróprio para o momento.
Neste momento em que o Grêmio caminha a passos largos para garantir a Libertadores na Arena no ano que vem, e ao que tudo indica vai disputar o título do Brasileirão até o final, um processo eleitoral só pode agitar o ambiente; porque contribuir, não contribui em nada, disso eu tenho certeza. Lembram 2008? Grêmio líder do campeonato, e os embates eletorais entre Duda Kroeff e Antônio Vicente Martins acabaram por contaminar o vestiário (segundo informações dos próprios jogadores e dirigentes da época) e contribuíram para a perda do caneco para o São Paulo. Naquela ocasião, na realidade o embate foi entre dois dos maiores presidentes da história do Grêmio: Paulo Odone e Fábio Koff, não por acaso os dois principais contrincantes das eleições de agora.
Por mais que se fale em blindagem do vestiário, que já se tenha marcado uma bizarra mini-intertemporada (existe essa palavra? acho que não...mas como eu nunca tinha visto isso, vale essa palavra que inventei) para fugir do período de campanha eleitoral, eu não tenho dúvidas de que isso atrapalha. Não que os jogadores vão votar, ou que se preocupem com isso. Querem ver de que forma afeta? Os dois principais comandantes do vestiário são partes interessadíssimas desse processo. Do resultado da eleição depende a continuidade de Vanderlei Luxemburgo e Paulo Pelaipe, dois reconhecidos profissionais que tanto estão contribuindo para o sucesso do projeto de Libertadores para o ano que vem. Será que isso não pode inibir um contato com algum jogador em vistas do ano que vem? Será que essa indefinição não pode tirar um pouco da moral deles num vestiário formado em sua maioria por jogadores com contratos vigentes no próximo ano? Será que isso não gera uma insegurança nos próprios jogadores? Eu não sei, mas sei que ajudar, não vai ajudar em nada.
Tenho duas fantásticas e revolucionárias propostas para eliminar este problema: alguém já pensou em passar essas eleições para dezembro? Ah, mas aí o vencedor não tem tempo de pensar o futebol para o próximo ano. Bom, então que tal se aumentássemos o tempo do mandato de cada presidente para 3 anos? Daí o vencedor, em dezembro, tem um ano inteiro para pensar o futebol. Complicado né? Mas olha o que eu vou propor agora: que tal se houvesse um candidato de consenso para comandar um momento histórico do clube? Ih, agora complicou de vez. Que existem vários grupos políticos, que existe uma fogueira de vaidades, que cada um puxa para o seu lado, etc etc etc... Como minhas duas propostas são impossíveis na prática, então teremos Paulo Odone, Fábio Koff e Homero Bellini Jr, se não surgirem mais candidatos, na briga (literalmente) pela presidência do clube nos dois primeiros anos da Arena.
Bom, já que não há remédio, é hora de pensar no que é melhor pro Grêmio. Não em um nome, mas em um projeto, nas ideias que mais irão favorecer o clube. Quem representa isto? Amanhã lhes informo minha humilde opinião e os convido desde já para uma reflexão acerca desse assunto tão importante para todos nós.
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