Estelionato, pensamento mágico e rotina gremista
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Estelionato, pensamento mágico e rotina gremista


Foto: Mauro Vieira / Agencia RBS

 No final de 2012, o Dr. Fábio André Koff se elegeu como presidente do Grêmio para o biênio 2013/2014, derrotando Paulo Odone e Homero Bellini Jr no pleito eleitoral. Seu programa de governo, além de outras modernidades de gestão, trazia questões como "prospecção de investidores que trarão 100 milhões de reais no clube", "choque de gestão baseada no modelo barcelonista" e "conquista da Libertadores", fora algumas bizarrices como "Jogador do Cofre", que nunca veio.

O primeiro ano de Koff foi uma briga com o contrato nefasto que o vilão Paulo Odone assinou sozinho com a Arena, praticamente quebrando o Grêmio. Nosso hábil presidente costurou uma renegociação do contrato, que acabou nunca sendo assinada, e o Grêmio seguiu pedindo permissão para usar a Arena e perdendo dinheiro com ela.

Dentro de campo, manteve um técnico que nunca foi de sua convicção (Vanderlei Luxemburgo) e amargou uma eliminação ridícula na Libertadores para o Santa Fé, com os jogadores caminhando em campo. "Ah, o presidente tá sem tempo de entrar no vestiário por causa do contrato da Arena". Veio Renato, o time teve um bom segundo semestre e foi vice-campeão brasileiro, garantindo vaga para a Libertadores 2014. Antes disso, claro, outra eliminação patética para o Atlético-PR em plena Arena.

Veio 2014 e a informação que se tinha era de que o presidente, agora sim, estaria direto no vestiário. No Gauchão, o Grêmio jogou o joguinho de "quero, mas não quero" e acabou sendo destroçado pelo Inter, com direito a goleada e chocolate na final. Enderson Moreira, o técnico escolhido para comandar o time na conquista do Tri da América, trouxe boas soluções táticas que contrastaram com o modo Renato de ser, segundo alguns grandes entendidos na imprensa e torcida gremista.

Ontem, mais uma eliminação patética, muito mais pela incapacidade do Grêmio do que pelas virtudes de um San Lorenzo modesto, mas conhecedor de suas capacidades. Culpas? Muitas: técnico, jogadores e dirigentes. Os estafados, mais uma vez, foram os mais de 47 mil torcedores que foram à Arena na esperança de ver as coisas mudarem, e mais uma vez quebraram a cara, como há 13 anos.

No fim do jogo, a entrevista mais patética que tive o desprazer de ouvir: nosso presidente disse, ao mesmo tempo, que houve um erro de planejamento, e que o trabalho tem bons resultados. Perguntado sobre o Gauchão, foi arrogante e disse que Gauchão não serve pra nada, mesmo faça 4 anos que o Grêmio não o vence.

Mas isso não é o pior: foi a irritante insistência em jogar com o time titular no estadual que estourou jogadores importante da fase decisiva da Libertadores. E não só fisicamente: o chocolate da final destroçou a confiança do time e eliminou quaisquer chances de sucesso na temporada.

Que não viria de qualquer forma, sejamos realistas: um grupo capenga, sem opções de ataque, de laterais e de espírito competitivo. Um centroavante azarado, caneleiro e que sucumbe na hora decisiva, mesmo com todo o marketing que ele faz sobre si mesmo. Um lateral ridículo, um meia que não empolga ninguém, uma promessa que desfila em jogos decisivos, um zagueiro fraco e titular.

Agora se fala em reconstrução, mas isso não existe num ambiente tão fraturado quanto o Grêmio: brigas, vaidades e muita deslealdade marcam as relações políticas do clube. A própria torcida embarca nessa, o que me leva a crer que dificilmente haverá uma solução rápida para o fim dos fracassos recorrentes. Nesses treze anos, muita coisa foi feita, de formas diferentes, por pessoas diferentes, por caminhos diferentes, e o resultado é sempre o mesmo: Grêmio eliminado das competições que disputa.

Não sei se trocar o departamento de futebol é a solução; se for a única mudança, tenho certeza que não. O grupo precisa de uma limpa, apostar na base (um dos acertos dessa gestão) é um caminho incerto, mas algo tem que ser feito. Quanto a técnico, não existem muitas opções no mercado. Tite não vem, muito se fala em Cuca, e alguns falam em Felipão após a Copa. Nada a curto prazo.

Enquanto tudo isso se discute, o Grêmio continua percorrendo seu caminho de fracassos e insucessos, na direção de se tornar um clube médio, que vive de conquistas do passado.



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