Quando se tem um presidente milionário, que assina cheques absurdos e gasta quantias surreais, o mínimo esperado é bom rendimento. Resultados, por si só, acabam não sendo o suficiente. Nasser Al-Khelaifi, em meados de 2011, passou a investir pesado no Paris Saint-Germain, afim de recolocar o clube no topo da Europa. Nesta temporada, porém, o nível apresentado pela equipe de Laurent Blanc assusta. Mesmo que os números não digam isto.
Problemático desde a base das jogadas, o PSG tem sérias dificuldades para verticalizar seu jogo e criar oportunidades. Prova disto é que parisienses são os que mais retém a bola (65,3% do tempo) e acertam passes (88,4%) na Ligue 1, mas estão apenas em 4º na tabela dos que mais finalizam (média de 12,5 por partida). Mesmo que isto perpetue há algumas temporadas, o ápice está ocorrendo nesta. Sobretudo nos recentes cotejos, onde a numerologia nos causa dúvidas. Nos últimos oito jogos, sete vitórias e um empate - este, contra o líder Lyon. Nada mau, certo? Errado. O conjunto só marcou mais de um gol em duas ocasiões, acumulando quatro triunfos por 1-0.
A fase defensiva está longe de ser problema, até por tudo o que Thiago Silva e David Luiz garantem. O desafio é, mesmo, com a posse. Tendo Matuidi e Cavani em momento ruim, além de Ibrahimovic como falso 9 e mais distante da meta adversária, Lucas é o único fator desequilibrante de Laurent Blanc. Entretanto, considerando que o brasileiro dificilmente participa em condições favoráveis, exploração não é bem feita. Porém, o maior empecilho é a saída. Lavolpiana, em diversas situações - a partir de Thiago Motta ou Verratti. Há movimentação, o que balança linhas rivais e cria espaços. Que, no fim, não são aproveitados. Daí, tudo começa novamente.
Abaixo, alguns flagrantes ajudam a explicar o que foi dito acima.
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Clique na imagem para ampliar Saída lavolpiana: ora com Thiago Motta, ora com Verratti |
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Clique na imagem para ampliar Mecanismo iniciado, mas não acabado de maneira correta |
Ainda dentro do que foi falado, Maxwell é um dos problemas de Blanc. Em geral, não ataca espaços criados e, desta forma, não é acionado. Contudo, muitas vezes se coloca à frente e também não é ativado. Outras, ocupa espaço, é impulsionado e não produz nada. Algo não tão surpreendente, levando em conta que tupiniquim é pouco desequilibrante. Lucas Digne, por exemplo, é mais eficiente neste sentido. Mas, antes de mais flagrantes, entendamos o porquê de flanco esquerdo ser fértil: com Ibrahimovic buscando vácuo entre linhas, Cavani parte para o centro e puxa lateral adversário. Assim, se abre um buraco diante de Maxwell. O fato já não ocorre pelo lado direito.
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Clique na imagem para ampliar Maxwell não avança, tampouco é acionado e jogada morre |
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Clique na imagem para ampliar Mesma coisa, mesmo erro e fim infeliz novamente |
Ainda que todos reconheçam o baixo nível desta temporada, poucos enxergam ou repercutem a questão de que o 2014-15 do clube francês é horrível. 3º colocado na Ligue 1, o grupo parisiense é capaz de ludibriar os números e transmitir uma campanha aceitável. Afinal, dentre as cinco grandes ligas europeias, é - ao lado de Chelsea e Roma - o segundo time que menos perdeu. Segue vivo na Liga dos Campeões, onde derrotou o Barcelona. Ainda luta pelo título das duas copas nacionais. Não, não se deixe enganar. Estatísticas e números são extremamente confiáveis, mas, quando mentem, não é tão simples perceber. Desta forma, derrotar José Mourinho e ir adiante na principal competição continental beira o impossível.
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Clique na imagem para ampliar A base de Blanc, em seu 4-1-4-1/4-3-3 |
Agora, será que o PSG enganará a realidade e vencerá o Chelsea? Se ocorrer, a equipe já pode ser classificada como a mais embusteira e ardilosa da temporada.