Nesta terça-feira (11), Barcelona e Sevilla protagonizaram uma noite histórica em Tbilisi, capital da Geórgia, na disputa pela Supercopa da UEFA. Após prorrogação, com um 5 a 4 no placar final e sensações muito oscilantes, catalães levaram primeiro título oficial de 2015-16.
Barcelona esteve em seu habitual 4-3-3 (na fase defensiva, 4-4-2), sem Neymar e tendo Rafinha Alcântara em seu lugar. Em suma, desde o início, o que se viu foi uma cópia do "último Barça" de 2014-15 - ao que parece, aquele sistema nunca foi interrompido pelas férias. Exaltação do trio ofensivo, com Lionel Messi retrasando muitos metros e/ou centralizando para exibir sua melhor versão; mesmo argentino ativo na saída, geralmente lateral para camisa 10 conectar companheiros, quebrar linhas de pressão ou marcação, etc; Luis Suárez rodando entre linhas rivais, sempre abrindo opção de passe por ali ou simplesmente pavimentando caminho ao segurar oponentes; Rafinha mais próximo da beirada, afim de receber apoios e coletivo criar superioridades pelo setor; Daniel Alves definindo movimentos em função dos de Lionel. Déjà vu.
Assim ocorreu no 1º tempo, onde gol de Éver Banega foi única coisa realmente ruim. Contudo, Messi logo tirou coisas belíssimas do bolso e fez 2 a 1. Ante Sevilla pouco agressivo, barcelonistas tiveram tranquilidade para pausar, pensar, ativar conhecidos mecanismos de ataque e controlar quase tudo. O que ajuda a explicar fato de Lionel - e outros colegas, também - ter superado double pivot sevilhano com facilidade, produzindo demais a partir dali. No fim dos primeiros 45', Barcelona ainda conseguiu transitar em campo aberto e decretar 3 a 1. Uma exibição, até aquele momento, interessantíssima e que não parecia ser primeira da temporada.
No retorno para 2ª, contudo, iniciais aspectos que complicariam coisas. Apesar de comandados de Luis Enrique ainda continuarem no comando por cerca de 10', até atingindo 4 a 1 com outro detalhe antigo (roubo alto de Sergio Busquets), time de Unai Emery havia ganhado terreno e já jogava na metade
blaugrana. Frente à sua pior situação na última temporada, a defesa posicional, tudo foi para buraco. Pois conjunto até foi capaz de desarmar e correr, mas isto apenas mantinha ritmo alto e fazia balão retornar mais rápido. Faltava esconder esfera, diminuir velocidade da partida - faltava Xavi Hernández. Sem ele, Barça entrou em desnecessário - porém, inevitável - mundo de riscos. Técnico, colocando jogadores defensivos, tentou diminui-los e não obteve sucesso. Tanto que três posteriores gols rivais tiveram time correndo na direção da própria meta.
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Clique na imagem para ampliar Panorama inicial |
Sevilla desenhou cotidiano 4-2-3-1 (4-4-1-1 sem a bola), possuindo Grzegorz Krychowiak como zagueiro e Michael Krohn-Dehli e Kevin Gameiro desde o começo. Ainda que precoce tento de Éver Banega tenha feito torcedores sonharem, não houveram tantas coisas positivas depois. Assim como em determinado período de 2014-15, Vicente Iborra foi
trequartista para, a partir do jogo direto, fazer coletivo saltar linhas de pressão e iniciar jogadas perto da área catalã; presença de Krohn-Dehli e Banega no double pivot teve objetivo semelhante, também para quebrar agressivo
pressing adversário - por baixo, contudo. Algo que, contraditoriamente, pesou na fase defensiva - dupla não é grande dominadora de perímetros - e possibilitou maior fluidez barcelonista.
Na 1ª etapa, pouquíssima agressividade sevilhista em defesa posicional também foi fator e, de conjunto que costuma diminuir tudo, esquadra passou a ceder bastante em distintas partes do relvado, favorecendo controladora circulação azul-grená. Debilidade que pode ser simbolizada pelos dois homens mais adiantados, nada energéticos. De tal maneira, acabou sendo raro ver algum roubo, ainda menos frequentes quando seguidos por conduções contragolpeadoras. Sevilla estava nas mãos de Luis Enrique, sofria horrores e simplesmente não causava danos. Acima de tudo, era necessário ter intensidade e isto estava distante de José Antonio Reyes e companhia.
2ª metade do tempo normal largou com campeões da Liga Europa retendo balão e atacando posicionalmente, melhor cenário do passado ciclo. Assim, possível ativar mecanismos - adiantar laterais e centralizar extremos, por exemplo -, sacar bastante de uma máquina de gerar futebol e chegar à fluência - como aconteceu, mesmo que Barcelona tenha marcado.
Achiques evoluíram, ganharam força e prolongamento; os de Unai obrigaram oponente a recuar linhas, foram bravos, empataram duelo em velozes transições ofensivas e forçaram prorrogação. No meio disto, 4-3-3 (4-1-4-1 sem posse) surgiu, Krychowiak virou
regista para cortar contra-ataques e descontrole rival (também ao finalizar) ajudou. Bola foi aliada, intensidade nasceu, sorte contribuiu e viu-se milagre.
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Clique na imagem para ampliar Cenário ao fim dos 90' |
Prorrogação, absurdamente existente na primeira partida oficial de ambos, mostrou-se mais movimentada do que aparentava antes de seu tiro de largada. Imagem alterada, clube da Catalunha retornou ao campo andaluz e, ainda que por puro instinto e mínimas saídas de posição pelo cansaço, permaneceu aí. Do outro lado, Sevilla teve Ciro Immobile como "cavalo" e receptor de ligações diretas - sem participar tanto, claro. Em falha de Beto, após arremate de Messi, Pedro Rodríguez cravou 5 a 4 e terminou confronto. Conjunto da Andaluzia pressionou e poderia ter empatado outra vez, mas não deu. Bravos, indômitos e guerreiros tiveram de desistir.
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Clique na imagem para ampliar Imagem da maior parte da prorrogação |
Duelo foi histórico, beirou o épico e ficará guardado. Mesmo sem troféu ser tão importante, considerado por vários até uma "extensão da pré-temporada". De certa maneira, realmente é. Contudo, este jogo esteve espetacular e garantiu ótimos minutos de diversão. Bela Supercopa.