Como são chatas as festas do futebol moderno
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Como são chatas as festas do futebol moderno


Meu primo me liga aqui ontem à noite para falar sobre a "rodada decisiva" da Copa do Brasil - e eu digo a ele que é absoluta, humana e racionalmente impossível que o Vasco não passe para a final do torneio (isso já havia ficado um tanto claro depois daquele bisonho pênalti marcado em São Januário, nos estertores do primeiro prélio). Logo depois, dito e feito. E, se acertei sem precisar torrar a massa cinzenta com raciocínios e análise de estatísticas, não é porque tenho poderes de clarividência não: é porque o futebol anda previsível demais. Ora, vejamos: se o Vasco não fosse à final da competição, a Globo teria de transmitir uma finalíssima entre Avaí e algum time da outra semi (acabou dando Coritiba, mas poderia ser o Ceará)... Como, além de mostrar uma partida sem atrativos como essa (idéia deles), deixar de fora um time da outra praça mais importante para esta rede de TV, o RJ? Passar "Cinema Especial" com filmes nacionais ridículos (financiados pela própria emissora, uma extensão de sua imposição da "novelas way of life" em outro meio) no horário reservado a alguma partida de equipe paulista/carioca? Pois sim, paulista incluso, já que o Santos também está nessa. Queria ter postado isso por aqui antes, mas vai agora: o Peixe é, de longe, o time talhado desde bebê para ganhar essa Libertadores. Afinal, qual outra agremiação latino-americana, hoje, dá tanto valor ao star system? Qual possui jogadores mais mimados, milionárias estrelas midiáticas antes de serem craques de bola reconhecidos? É necessário uma maior "vitrine" para esses, já que é hora de extrapolar as fronteiras e buscar divisas, devido ao alto investimento feito em cima dos "meninos da Vila". Pode ser que o Cerro aplique uma surpresa para cima deles (já que, tecnicamente, o Santos não apresenta nada que o credencie cegamente a qualquer coisa - tanto nessa caso como no do Vasco falamos de política, não de futebol), mas é bem pouco provável quando forças externas também atuam nos resultados.

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Vivemos em uma época desesperada para ser relevante além da tal "revolução tecnológica"; que precisa encontrar, a qualquer custo, referências de carne e osso para ser mais do que o período da "globalização" e da "diminuição das fronteiras", cujo preço a se pagar são as crescentes assepsia, padronização e artificialidade (mas com a ilusão de uma "personalização" vendida aos afoitos usuários - redes sociais, por exemplo, que ligam pessoas às outras apenas pela via virtual, enquanto afasta do contato físico). De ontem para hoje, travei contato com dois exemplos puros desse fato: Neto dizer, em seu blog, que Neymar "poderá alcançar o mesmo status de grandes como Pelé, Garrincha, Maradona"; e Tostão (foto), na revista Placar, colocar Messi como um dos maiores jogadores que viu. Essa obsessão por ranquear as coisas, o papo de "esse vai ser maior que aquele", me provoca sono. Esses modernos querem valorar tudo, colocar tudo em tabelas, com etiquetas. Procuram impor, desde Ronaldo, que nossa época verá surgir um "novo Pelé". Isso foi dito também de Ronaldinho Gaúcho, Robinho... Nenhum vingou. Agora é a vez de Messi, que alguns, como o Mineirinho de Ouro, já levantam como "o provável maior de todos os tempos" (baseados na rigidez dos números, primordialmente - ah, a impessoalidade dos nossos tempos). Amiguinhos, a época dos monstros sagrados era outra, a forma do futebol ser disputado/entendido também, a categoria desses senhores é insuperável e referencial. Ser uma tática para fisgar os novos espectadores, essa molecadinha que agora se aficciona, para fazê-los acreditar que os "novos gênios" que assistem (e dos quais consomem merchandising sem parar) são equiparáveis ao que de maior o futebol já produziu, ajuda a explicar a utilização desse expediente, mas não o torna não menos vazio.



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