A Copa do Mundo é nossa - e a liderança também
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A Copa do Mundo é nossa - e a liderança também




Não foi fácil. Primeiro, ver o Gigante com aquela lona, com aqueles escombros, sem aquela imponência característica. Depois, piorou: fechado para as reformas, causava apreensão vê-lo desfigurado. Enquanto isso, o Colorado jogava em canchas estranhas, por mais que Caxias e Novo Hamburgo se esforçassem em se tornar a casa rubra.

Tenho certeza de que muitos colorados, nesse meio tempo, praguejavam contra a Copa. Entendiam que não valia a pena se submeter aos caprichos da Fifa e se privar de jogar na sua casa. Mas hoje, acho que tudo fez sentido e passou a valer a pena: a atmosfera de Copa do Mundo, pela primeira vez, estava presente nas arquibancadas do Beira Rio, num jogo do Inter, que valia a liderança. E ela veio, mas não sem sofrimento, não sem apreensão, não sem emoção.

No primeiro tempo, muita posse de bola, muitos passes trocados, mas não tinha profundidade. Faltava um pouco de capricho no último passe, pois não criou chances claras de gol. O Atlético ameaçava nas roubadas de bola, mas o sistema defensivo conseguia evitar qualquer possibilidade de abertura do placar por parte dos visitantes.

Veio o segundo tempo, o Inter tentava adiantar a marcação, em bloco alto; numa bola de meio campo, o juiz Fifa Sandro Meira Ricci deixou de apitar uma falta clara, o time paranaense partiu em mais um contra-ataque, a bola chegou dentro da área para o bom Marcos Guilherme, que aproveitou um vacilo de Dida ao "fechar" o ângulo e bateu forte, para fazer o 0x1.

Nesse momento, por um segundo, o receio de um final nada feliz se abateu sobre os torcedores. Mera impressão: o rugido da torcida deu a certeza de que esse jogo não terminaria de outra maneira que não com vitória vermelha. E então, a casa da Copa do Mundo no Rio Grande se tornou o caldeirão vermelho que os colorados tanto ansiavam.

Junte um ambiente favorável com um time qualificado e guerreiro, e fica fácil de enxergar que o resultado do jogo logo seria alterado. Jogada do Inter pelo centro, a bola chega em D'Alessandro, que bate de direita, totalmente consciente, no cantinho do goleiro Weverton, que nada pôde fazer para evitar o gol de empate.

O caldeirão só esquentava: já sem Marcelo, que saiu machucado, o Furacão parecia não ter mais forças para impedir que o Inter conquistasse a liderança. Essa impressão ficou clara quando Willians passa a bola para Alan Patrick, que toca para Rafael Moura, que devolve de primeira para Alan Patrick, que desfere de canhota um chute sensacional na gaveta, para delírio da massa colorada!

Gol digno dos grandes gols da história do Beira Rio, assim como no primeiro tempo houve uma tabela de cabeça que fez lembrar do célebre gol de Falcão na década de 70. E isso é que é legal: por mais novo que o estádio esteja, por mais moderno, por maior padrão Fifa, ele ainda traz a alma e as lembranças do Beira Rio de sempre.

Fim de jogo, e o evento-teste da Fifa teve um final feliz. Que existem obras a concluir, que tem todo um entorno a ser finalizado, que existem ajustes a ser feitos, isso é evidente. Mas o que importava mesmo, mais do que provar pro mundo que o Beira Rio estará em condições, que tem um gramado absolutamente perfeito, mais do que vencer o jogo e alcançar a liderança do Brasileirão, era mostrar que o Colorado voltou a ter casa, e que essa casa pode ser a sede de novas conquistas.


Colaboração e fotos: Vinícius Dvoranoski



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