A aula do treinador ultrapassado e obsoleto
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A aula do treinador ultrapassado e obsoleto




Era jogo jogado: enfrentar o líder Cruzeiro no Mineirão, mesmo contando com uma inusual torcida do resto do país, o certo é que poucos acreditavam numa vitória gremista. Até o empate era um resultado incomum, ainda mais que na casamata cruzeirense tem um grande técnico, e no lado gremista tem um técnico ultrapassado, único responsável pelo vexame brasileiro na Copa do Mundo (ironia mode on). E não é que o obsoleto Felipão deu uma aula aos entendidos de futebol país afora sobre como marcar - e jogar - contra o todo-poderoso Cruzeiro?

Quatro na zaga, três volantes, dois meias abertos e um centroavante: foi essa a receita de Luiz Felipe para enfrentar o desafio no Mineirão. Ramiro e Riveros pegavam individualmente Ricardo Goulart e Éverton Ribeiro, Felipe Bastos controlava Willian ou Júlio Baptista e também se apresentava na frente, montando um 4-2-3-1 com a bola.

Nas meias, Luan e Dudu trocavam constantemente de lado, não só anulando as jogadas dos laterais celestes, mas também confundindo a marcação e levando muito perigo para a meta de Fábio. Ronan ainda não está pronto, mas é uma boa alternativa para explorar bolas aéreas no decorrer do campeonato. Com isso, o tricolor amarrou a raposa e era muito melhor; inclusive, no primeiro tempo, não fosse a dificuldade de acabamento das jogadas, o Grêmio teria saído com um placar favorável.

No segundo tempo, Marcelo Oliveira colocou Alisson pela esquerda no lugar de Willian, montando um 4-2-3-1 bem marcado, tentando neutralizar as jogadas de flanco gremistas. Com a saída de Riveros, por lesão, Felipão colocou Edinho, que se revelou uma solução ruim para a continuidade da mesma proposta tática.

O Grêmio perdeu o meio, se confundiu na marcação, já que Felipe Bastos e Ramiro agora faziam marcação individual nos dois meias do Cruzeiro, e Edinho ficava protegendo o miolo de zaga, marcando por zona. Por mais que Dudu, principalmente, voltasse para marcar, sempre sobrava um cruzeirense, e pior: sem as subidas de Felipe Bastos, o Grêmio perdeu a capacidade de articulação de jogadas.

Aí o bigodudo ultrapassado achou a solução: tirou Ronan e colocou Fernandinho aberto da direita, com a missão de conter os avanços de Alisson e também propor jogo pelo lado. Dudu, de atuação estupenda, veio para a esquerda e continuava com boa movimentação. Luan ficou de falso 9, uma posição onde acho que ele rende muito bem, e assim o Grêmio voltou a se equilibrar na partida.

Não fosse o individualismo excessivo de Luan, coisa que ele terá tempo para corrigir, o Grêmio teria matado o jogo. Fernandinho e Dudu também tiveram chances, embora o Cruzeiro fosse perigoso a cada ataque.

Até que, aos 41 minutos, uma desinteligência coletiva acometeu o lado esquerdo gremista, e as mazelas do lado direito defensivo apareceram: Luan puxava um contra-ataque, Zé Roberto foi fazer não sei o que no campo ofensivo, o garoto prendeu e perdeu a bola, contra-ataque do Cruzeiro puxado pelo zagueiro Dedé, como elemento surpresa; ele ganhou a dividida de Ramiro e Edinho e cruzou na cabeça de Dagoberto, que havia entrado no lugar de Júlio Baptista. O atacante, contando com a repetida ausência de Werley na bola aérea, e com uma marcação risível de Pará, testou no ângulo de Marcelo para fazer o gol da vitória. Um castigo injusto e dolorido.

Felipão ainda colocou Alan Ruiz na linha de meias, mas era tarde demais. Derrota previsível, mas dolorida porque ninguém esperava que o Grêmio mandasse no jogo. E assim, no mesmo palco onde sofreu sua pior derrota, Felipão deu uma aula de como ser um técnico ultrapassado e amarrar taticamente o melhor time do campeonato. Me serve.

Tem coisas pra acertar? Evidentemente! Inclusive na escalação: Werley não dá mais, faz tempo, e não entendo como ninguém vê isso! Pará fazia boa partida defensiva ontem, não tem cacoete de subir para cabecear, não pode ser cobrado por isso; porém, eu daria mais chances ao argentino Matias Rodríguez. Wallace pode jogar, foi uma pena Lucas Coelho ter se lesionado ontem, seria um acréscimo importantíssimo na proposta de jogo do Grêmio. Enfim, tem muita coisa a ser feita.

Contudo, é inegável que vimos ontem um Grêmio de acordo com a sua história, tradição e camisa, sem deixar de praticar um futebol moderno, com intensidade, agressividade e força. Se seguir assim, fazemos campanha aceitável no Brasileirão, focamos no penta da Copa do Brasil e montamos um timaço para ganhar tudo no ano que vem!

Nada mau para um técnico obsoleto...  



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