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O domingo era mais que especial: marcava o jogo que podia levar o Aimoré de volta à Divisão de Acesso, de onde saiu em 2011, em uma dolorida derrota para o Sapucaiense em casa. Mas o feriadão reservava, na minha vida pessoal, outras questões importantes: na sexta-feira ocorreu a minha mudança de endereço, com tudo o que isso acarreta em termos de necessidade de providências para a arrumação de uma casa.

Assim, o final de semana foi todo consumido com arrumações, furações, colocações e outros ões menos votados. O domingo transcorreu nessa batida, me afastando da decisão de corpo presente.

Sim, digo de corpo presente porque desde as 16 horas eu não conseguia me concentrar em nenhuma tarefa. Só pensava no que podia estar ocorrendo lá no Cristo Rei. Como eu recém havia me mudado, eu estava sem internet, e em Porto Alegre não pega nenhuma rádio de São Leopoldo.

Até que o Daniel e a Lívia entraram em campo para diminuir a minha tensão. O Daniel estava comigo na classificação heroica nos pênaltis nas quartas, e com a Lívia forma um casal totalmente do bem, pessoas realmente especiais. Liguei para ele, havíamos combinado de ir ao jogo juntos, explicando os motivos da minha ausência, e tinha um pedido: como ele mora em São Léo, será que ele não podia ouvir a rádio Progresso e me manter informado do andamento da partida? Isso já era 16:20, e ele e a Lívia iniciaram a missão de ouvir o jogo do Aimoré.

Só que eles não têm rádio que pegue AM em casa, e a Progresso não estava funcionando pela internet (imagino que milhares de Capilés pelo Brasil e mundo afora estavam conectados). Os próximos 30 minutos que seguiram foram de inúmeras tentativas, desde achar rádios de Bagé até fuçar na internet atrás de informações que pudessem me acalmar. A cada momento o Daniel me ligava informando o que estava ocorrendo, pedindo para que eu me acalmasse e garantindo que assim que eles tivessem a informação, me passariam. Nem posso explicar para vocês a minha aflição.

Até que recebi uma ligação dele. O alívio. Eles conseguiram conectar a Progresso e estavam curtindo o jogo. Ouvi um pedaço da narração pelo telefone, e pude depreender que o jogo estava empatado, e havia um clima de tensão no ar, tal como nas quartas. Logo pensei nos pênaltis, na galera do Los Reyes, no Michael, enfim, e me deu uma exasperação. O Índio não podia fazer isso comigo. Lembrei daquela derrota em uma noite fria de junho de 2011, quando meu chão caiu ao ver o time da minha infância caindo para a terceirona. Não, aquilo não podia acontecer de novo! Nós não podíamos perder em casa, após ter feito a melhor campanha da fase inicial, e ainda por cima sem eu estar lá. Seria dolorido demais. 

O Daniel me prometeu que, assim que ocorresse algo, ele me avisaria. Eram 25 da segunda etapa e nesse momento eu já não fazia mais nada dentro de casa. Minha aflição virou desespero, e imaginei o Aimoré perdendo de várias maneiras: tomando um gol no fim e indo pros pênaltis, tomando dois gols no tempo normal, enfim, minha cabeça girava quando eu olhei para mim e vi a roupa que eu inadvertidamente estava vestindo: uma camiseta amarela, a cor do Grêmio Bagé. Num rápido impulso, tirei a camiseta e a joguei debaixo da cama.

Quando eu voltei para o sofá, meu telefone toca: era o Daniel. Meu coração quis sair pela boca, será que eu não devia ter tirado a camiseta? Sera que essa minha superstição idiota iria arruinar tudo? E ainda por cima eu atendo o telefone, e só escuto a narração: um interminável "gooooooollllllllllllllllllll"............ do AIMORÉ!!!!!! Gabriel aos 28 minutos!!! O Aimoré está de volta à Divisão de Acesso!!

Chorei. Lembrei da minha infância, lembrei da Dionice, do Max, do João, do Michael, da Barra do Índio, de tudo o que estava em jogo para comunidade leopoldense. Para quem torce para um time grande, nem tem ideia do que significa um simples acesso. Mas eu tenho bem presente o que é isso. O Daniel veio falar comigo no telefone, e acho que ele viu que eu não tinha muitas condições de falar, e só disse pra eu ficar tranquilo e que ele ia me avisando. Eu só consegui balbuciar: "só não podemos tomar a virada". Ele disse que não iria acontecer e que já era, iríamos subir. Desliguei o telefone e segui apreensivo.

Dali a pouco, uma mensagem dele: "Segue 1 x 0 e falta pouco, vai dar meu!!". E, enfim, a mensagem que eu tanto queria ler: "Acabouuuuuuuu fred! 1 x 0. Td nosso irmão!". Pronto. Fiquei em estado catatônico, por toda a tensão que eu tinha passado e por tudo o que aquilo significava. Desejava muitíssimo estar no Monumental comemorando, mas o que realmente importava era termos conseguido o acesso.

Assim, as mudanças sopraram ventos positivos para mim: o Aimoré está mais próximo do que nunca de voltar à 1ª divisão do futebol gaúcho. Mas antes disso, temos que ganhar o título: o Gaúcho de Passo Fundo é o próximo adversário, e a final promete. Vamos Índiooooooooooooooooooooooooooooooooo, queremos La Cooooooppppaaaaaaaaaaaaa!!!!!




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