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Sentimento não termina

O final de semana reservou muitas emoções aos isabelenses. O normal, ao menos para mim, seria o último ensaio na sexta, tirar as medidas de fantasia no sábado e muamba no domingo. Mas alguns eventos mudaram completamente o ritmo das coisas e tiraram o chão de algumas pessoas.

Como todos sabem, na tarde de sexta-feira tivemos uma perda terrível e irreparável. Mesmo para quem não conheceu pessoalmente a Tia Vanda, como é o meu caso, ficou chocado com mais uma tragédia em nossas vidas neste difícil ano de 2013. Em um rápido trabalho de pesquisa, não foi difícil entender a importância dela na vida da escola, e o quanto ela deixou uma marca no coração daqueles que tiveram a sorte de conviver com essa pessoa maravilhosa que nos foi tirada de nosso convívio, em mais um cruel sinal dos tempos de violência em que vivemos.

Este fato me levou a conhecer, na madrugada de sexta-feira, um cara nota mil, que rapidamente já ocupou o rol de amigos que o carnaval me proporciona, chamado Jorge, o chefe do barracão da Vila. Dividindo lindas histórias e testemunhos sobre o trabalho e a pessoa da Tia Vanda, pude entender a extensão do que havia acontecido. Assim como ele, muitas pessoas da escola tinham uma convivência intensa com ela, a começar pelo presidente Cléber. E tudo isso a uma semana do carnaval.

Por conta desses acontecimentos, tive a oportunidade de testemunhar o excelente trabalho de barracão que está sendo realizado, e chegar à conclusão de que vamos sim brigar pelo título. Também tive a oportunidade de conhecer, na manhã de domingo, a Iara, e pude ver de perto as lindas fantasias com que a Velha Guarda irá desfilar. Coisas da vida: uma tragédia faz com que conheçamos pessoas, no meio da dor, e nos possibilite construir laços que nos ajudem a carregar essa imensa marca que pessoas especiais como a Vanda deixam.

E ainda tinha a muamba. Noite de domingo, um clima estranho no ar. Dava pra ver a tristeza no rosto de várias pessoas, além de uma tensão que infelizmente foi extravasada em forma de briga por alguns integrantes da bateria. Felizmente nada disso pôde tirar o brilho de nossa passagem triunfal pela avenida. Mas o que me marcou mesmo na concentração foi um abraço que minha mãe e eu demos no nosso amigo Jorge, que por sua vez nos possibilitou cumprimentar e nos solidarizarmos com o presidente Cléber. Ainda muito dolorido pela devastadora tragédia, ele estoicamente deu um sorriso e disse: "Vamos lá, levantar o astral que hoje é dia de festa". Ele não completou a frase, mas certamente o final dela seria: "esse seria o desejo da Tia Vanda". E mesmo sem conhecê-la, não tenho dúvidas de que seria mesmo.

E então, a nossa Vila Isabel foi a nossa, a nossa, a nossa Vila Isabel! Aquela que tá na boca da avenida, a que nos faz ficar felizes da vila, a que faz o bicho pegar no Porto Seco, a que nada pode ser maior! Aquela que faz o Juarez Gutierres vibrar, emocionado. Aquela que faz o Alexandre Belo e sua harmonia levarem o samba com garra, com raça e amor. A que faz o Chiquinho e sua Furiosa quebrarem tudo na avenida. Aquela que faz os destaques contar a história e defender o Pavilhão. A que faz todos os componentes até a pé seguir a Vila. Nos nossos rostos, definitivamente a saudade correu.

Sábias palavras do presidente Cléber: definitivamente, ontem foi dia de festa, e que festa fizemos! Evidente que o sentimento não termina, e essa tristeza jamais nos deixará. Porém, a lembrança da Tia Vanda seguirá viva nos corações dos que a conheceram e conviveram com ela, e servirá de inspiração para aqueles que não tiveram essa sorte. E que essa inspiração nos faça vibrar durante toda essa semana, culminando num desfile exuberante na sexta-feira. Se já estávamos motivados, que aquela estrela no céu chamada Vanda Teles de Castro possa nos motivar ainda mais, no intuito de realizar um sonho que é de todos, mas também era muito dela: ver a Vila em primeiro lugar.

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