Futebol
Nesta data tão especial, celebro o dia de uma das classes mais importantes da sociedade (se não for A mais): o dia dos Professores. Coloco assim em maíusculo porque me parece uma categoria de pessoas especiais, o minúsculo me parece pouco para me referir a esses verdadeiros mestres.
Como aqui no blog o papo é futebol, e os comportamentos que o permeiam, fiquei pensando nos "professores": os técnicos de futebol. É justo que sejam chamados dessa forma?
Creio que a expressão vem do futebol de antigamente, quando eles faziam esse trabalho de ensinar. Paravam os treinos, aplicavam fundamentos, se preocupavam com a técnica de cada jogador, num tempo onde o próprio ambiente do futebol cuidava muito desse aspecto lírico do jogo.
Os tempos mudaram, hoje os treinadores assumiram uma série de outros papeis, mas em sua maioria se afastaram do rol de mestres, no que diz respeito ao jogo em si. Alguns sabem muito de tática, outros são motivadores, outros reúnem uma série de competências diversas; mas nenhum deles parece ser um Abílio dos Reis, um Telê Santana, um Cilinho.
Além disso, socialmente a comparação é um acinte: por um lado, temos profissionais com imenso saber, muitíssimo mal remunerados, enfrentando dificuldades das mais diversas em escolas sem a mínima estrutura, num ambiente podre e que politicamente só dá valor àquilo que gera votos; de outro, temos profissionais multimilionários, com salários médios girando em torno de 700 mil reais, atuando em clubes com estruturas fantásticas, num mercado que gira milhões.
Evidente que esses milionários representam percentualmente uma minoria: a grande maioria peregrina por clubes menores Brasil afora, lutando contra condições adversas para realizar o seu trabalho. Mas mesmo estes profissionais têm sempre a chance de fazer seu trabalho aparecer e conseguir emprego em um clube menor, ou mesmo emigrarem para outros países a fim de mostrar a "arte do país do futebol" mundo afora.
Agora me digam, qual é a chance de um professor de escola primária no sertão nordestino conseguir vaga em uma grande escola no centro do país? Qual a chance de um professor que luta contra a falta de dinheiro de todos, desde a da escola até a sua própria, conquistar a chance de dar aulas em outro país?
Além do mais, os "professores" nem de perto têm a responsabilidade imensa dos Professores, de quem depende uma série de coisas, inclusive o futuro do país.
Por todos esses aspectos, tenho vergonha quando tratam os treinadores de futebol como "professores". O descaso com o termo é tão grande que ele é aplicado até mesmo para se referir aos árbitros de futebol (?!), classe que decididamente nada tem a ensinar. Eu mesmo, sou técnico de um time de futebol sete, e fico muito constrangido quando me chamam de "professor".
Por isso, nesse dia tão especial, faço questão de separar os Professores, verdadeiros homenageados de hoje, dos "professores", que indubitavelmente deveriam ser chamados de outra forma.
- Coronel Eurípedes Bezerra
Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 11 de Maio de 1998 Em 1956 Eurípedes Bezerra esteve reunido com um grupo de amigos desportistas no Lítero, dentres eles Gedeão Matos,...
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Alguns pensam que nosso futebol é assim... No tempo antigo, quando o futebol era praticado por 10 craques e 1 bom em cada time, não tinha grana, e muitos craques do passado morreram na miséria. Veio o século XXI e elevou os salários dos agora atletas...
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Após participar como ouvinte do I Simpósio de Estudos Sobre Futebol, realizado em São Paulo de 10 a 14 de maio, organizado pelo Museu do Futebol em parceria com o Departamento de História da USP e Departamento de Antropologia da PUC-SP, foi possível...
Futebol
Professores e "professores"
Nesta data tão especial, celebro o dia de uma das classes mais importantes da sociedade (se não for A mais): o dia dos Professores. Coloco assim em maíusculo porque me parece uma categoria de pessoas especiais, o minúsculo me parece pouco para me referir a esses verdadeiros mestres.
Como aqui no blog o papo é futebol, e os comportamentos que o permeiam, fiquei pensando nos "professores": os técnicos de futebol. É justo que sejam chamados dessa forma?
Creio que a expressão vem do futebol de antigamente, quando eles faziam esse trabalho de ensinar. Paravam os treinos, aplicavam fundamentos, se preocupavam com a técnica de cada jogador, num tempo onde o próprio ambiente do futebol cuidava muito desse aspecto lírico do jogo.
Os tempos mudaram, hoje os treinadores assumiram uma série de outros papeis, mas em sua maioria se afastaram do rol de mestres, no que diz respeito ao jogo em si. Alguns sabem muito de tática, outros são motivadores, outros reúnem uma série de competências diversas; mas nenhum deles parece ser um Abílio dos Reis, um Telê Santana, um Cilinho.
Além disso, socialmente a comparação é um acinte: por um lado, temos profissionais com imenso saber, muitíssimo mal remunerados, enfrentando dificuldades das mais diversas em escolas sem a mínima estrutura, num ambiente podre e que politicamente só dá valor àquilo que gera votos; de outro, temos profissionais multimilionários, com salários médios girando em torno de 700 mil reais, atuando em clubes com estruturas fantásticas, num mercado que gira milhões.
Evidente que esses milionários representam percentualmente uma minoria: a grande maioria peregrina por clubes menores Brasil afora, lutando contra condições adversas para realizar o seu trabalho. Mas mesmo estes profissionais têm sempre a chance de fazer seu trabalho aparecer e conseguir emprego em um clube menor, ou mesmo emigrarem para outros países a fim de mostrar a "arte do país do futebol" mundo afora.
Agora me digam, qual é a chance de um professor de escola primária no sertão nordestino conseguir vaga em uma grande escola no centro do país? Qual a chance de um professor que luta contra a falta de dinheiro de todos, desde a da escola até a sua própria, conquistar a chance de dar aulas em outro país?
Além do mais, os "professores" nem de perto têm a responsabilidade imensa dos Professores, de quem depende uma série de coisas, inclusive o futuro do país.
Por todos esses aspectos, tenho vergonha quando tratam os treinadores de futebol como "professores". O descaso com o termo é tão grande que ele é aplicado até mesmo para se referir aos árbitros de futebol (?!), classe que decididamente nada tem a ensinar. Eu mesmo, sou técnico de um time de futebol sete, e fico muito constrangido quando me chamam de "professor".
Por isso, nesse dia tão especial, faço questão de separar os Professores, verdadeiros homenageados de hoje, dos "professores", que indubitavelmente deveriam ser chamados de outra forma.
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