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Futebol
Inter recupera a sua alma
No dia em que Diego Forlán desencantou com dois gols e o Inter goleou o Flamengo no Beira-Rio, vou fugir do lugar-comum e falar de quem, para mim, foi o destaque do time colorado: Andrés D'Alessandro.
Com ele em campo, o Inter recuperou não só o seu futebol: recuperou sua alma. Ele joga, passa, briga, gesticula, reclama, chuta, mas o que ele tem de melhor, pra mim, é o fato de mudar o ritmo do jogo de acordo com os interesses do seu time. Ele acelera quando tem que acelerar, cadencia quando tem que cadenciar, faz a bola andar, prende a jogada, faz o time jogar. E como ele faz tudo isso?
Simples: ele tem ALMA de vencedor. Calma, antes de lembrar de derrotas em que ele esteve em campo, eu esclareço: vencedor não é aquele que vence todas - mesmo porque isso não existe - mas sim aquele que tem um comportamento que facilita a vitória, que não só QUER ganhar como se PREPARA para isso e AGE de forma a conquistar o resultado positivo. Mesmo nos dias em que ele não joga bem, ele contagia o time brigando, lutando, pedindo bolas. Aliás, alguém consegue lembrar de algum jogo onde ele tenha se escondido, onde ele não peça a bola, não tente jogadas? Eu sinceramente não me lembro. Jogo no Beira-Rio, truncado, torcida apreensiva? Ele tira um La Boba da cartola, levanta a massa e o Inter vai pra cima. Time perdendo? Ele é capaz de sair na mão com um jogador adversário, tentando de alguma forma fazer um carinho na autoestima do torcedor. Aliás, ele é a faceta quase sempre positiva do torcedor em campo, aquele que faz de tudo pelo sucesso de seu time. E é por isso que quando ele está em campo, o Inter é diferente, é mais sanguíneo, mais raçudo e mais focado. Se ganha ou não, depende de outras coisas, mas a contribuição dele é aparente.
Fico bem à vontade de falar sobre ele, pois apesar de ser gremista, acompanho a carreira desse rapaz desde que ele surgiu no River Plate. Naquela época, ele já exibia esse comportamento agressivo, sempre em busca da vitória, e como me identifico com esse tipo de jogador, ficou fácil de admirá-lo.
Além de tudo isso, quem como eu teve a sorte de conhecê-lo, sabe que trata-se de um cara simples, humilde, carismático e humano acima de tudo. Na época em que eu tinha uma casa de empanadas argentinas, certa noite fui surpreendido por uma visita dele junto de seu irmão. D'Ale ficou conosco por mais de duas horas, tempo em que conversou com todos, distribuiu autógrafos, tirou fotos, visitou a cozinha, preparou uma pizza, demonstrou interesse por nós e nos encantou com essas atitudes.
Por tudo isso, saúdo esse monstro chamado Andrés D'Alessandro, desejo que as lesões não mais o afetem, para que possamos vê-lo em campo mais vezes, como hoje, quando ele entrou em campo e não só recuperou o futebol do Inter, mas fez ainda mais: recuperou a sua alma.
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