Histórias da bola: 1º Copa do Brasil
Futebol

Histórias da bola: 1º Copa do Brasil


Ponta-esquerda Paulo Egídio fez dois gols neste jogo e foi destaque
Nota do editor: A partir desta sexta-feira inicio uma série de relatos meus sobre os principais jogos que tive a oportunidade de acompanhar como torcedor e como jornalista esportivo. E já que estamos em pleno andamento da Copa do Brasil, vamos relembrar a sua primeira edição, em 1989, num jogo histórico, quando o Grêmio goleou o Flamengo por 6 a 1 no estádio Olímpico. Espero que vocês gostem!

UMA GOLEADA HISTÓRICA
Se um dia alguém chegasse para mim e dissesse que o Grêmio havia vencido o Flamengo por goleada, eu acreditaria. Mas se alguém falasse que esta vitória foi de 6 a 1, eu diria que era mentira. Do jeito que foi, da maneira que aconteceu, da forma que ocorreu, ninguém seria capaz de confiar em alguém que dissesse tal coisa. Foi por isso, que quando cheguei em casa, depois do jogo, eu ainda estava perplexo diante da televisão, acompanhando os melhores momentos e todos os gols. Foram sete gols, seis para o tricolor, e um para o Flamengo, que não tinha mais o Zico, pelos menos neste jogo, pois estava lesionado. Embora o Mengo contasse com grandes jogadores, como o veterano, mais craque Júnior e o jovem Leonardo, que estava surgindo para o futebol. Era o segundo confronto entre as duas equipes que eu assistia ao vivo, no estádio. SEGUE TEXTO


A primeira foi no início deste ano pela Copa União. Agora, os dois times estavam se enfrentando pela Copa do Brasil. Era a primeira edição deste torneio, que classificava o campeão para a Taça Libertadores da América. E tanto Grêmio como Flamengo buscavam este objetivo, já que os dois haviam sentido o gostinho de ser campeão. Desta vez eu lembro da minha companhia no estádio Olímpico. Eu estava com o Elton, o Otto, o Luiz e o Ricardo, que são irmãos do Otto e o Arlei, irmão do Elton.. Fomos de carro, acho que um pouco em cada veículo. Foi a maior dificuldade de encontrar um lugar para estacionar, mas enfim, conseguimos. Eu trabalha na Casa Cavasotto, uma loja de tecido e roupas. Mas isso não importa, na verdade, pois o jogo é que me deixou muito feliz.

O time do Grêmio não era uma seleção, mas também não era caco de time. A partida estava valendo a passagem para a final da competição. Tudo começou no meio da semana quando aconteceu um empate de 2 a 2 entre os dois times. Nessa noite teve até eclipse. Eu me dividia entre o jogo e a passagem da lua pelo sol, uma sensação extraordinária de alegria. Afinal de contas não é sempre que ocorre este tipo de manifestação da natureza. Quem empatou o jogo no Maracanã foi o zagueiro Luís Eduardo. Pronto, um empate em zero já  classificaria os gaúchos para o jogo final, pois o saldo estava beneficiando o Grêmio. Fomos para o jogo conscientes de que seria uma parada difícil. E até foi, mas depois que passou um, meus Deus!, entrou mais cinco.

No final do primeiro tempo, estava apenas 1 a 0, gol do meia Cuca. E naquela tarde de muito sol, eu sentado nas arquibancadas do Olímpico, apenas sorria. Desta vez eu estava nas arquibancadas inferiores, de frente para as sociais do estádio, um lugar melhor do que quando vi pela primeira vez Grêmio e Flamengo, no início deste ano. Eram quase 50 mil pessoas, antes e no intervalo e durante o jogo fazendo a famosa ola que ficou conhecida no México durante a Copa de 70. É esperar o momento de levantar para acompanhar a onda de gente e todo o estádio fica assim, se movimentando como um mar azul. Eu fiquei surpreso com o resultado final do jogo.

Aliás não foi só eu, as outras milhares de pessoas que estavam no estádio também ficaram. Até mesmo os jogadores e dirigentes do Grêmio estavam desta maneira, boquiabertos. ?Nossa bola não está assim tão cheia para tocarmos essa goleada no Flamengo?, disse após o apito final o ex-diretor de futebol Rafael Bandeira dos Santos. Nem mesmo o craque Júnior, um dos meus ídolos, conseguiu evitar o pior. Ele não jogou nada e confesso que fiquei decepcionado, até porque um dos motivos que eu estava neste jogo era exatamente o Júnior. De repente, sem pedir passagem ou licença, o Grêmio começou a enfiar gol. Foi um atrás do outro, sem tempo para o Flamengo respirar e quem sabe esboçar uma reação. Jamais o técnico Telê Santana, pensou que algum dia sofreria tal dano. Cláudio Duarte, técnico gremista aplicou um verdadeiro ?pega-ratão? como ele mesmo batizou o seu estilo no início desta década. O time do Mengo ficou atordoado em campo numa seqüência alucinante de gols, com Paulo Egídio, Almir, Cuca, novamente Paulo Egídio e Assis.

Os jogadores gremistas trucidaram os flamenguistas. É verdade que o Flamengo descontou através de Renato, o outro, quase no final do jogo quando o Olímpico já era uma festa e comemoração, porque afinal o Grêmio estaria mais uma vez decidindo um título brasileiro. Competição essa que o Grêmio se tornaria especialista com o decorrer dos anos. Na saída do Olímpico só festa, não poderia ser diferente. Depois de esperar a maioria dos torcedores saírem do estádio, nós fomos como elefantinhos em direção aos automóveis. Eu não via a hora de chegar em casa para contar ao meu pai aquela vitória espetacular do tricolor dos pampas.

Claro que ele já sabia o resultado do jogo, mas eu contaria com muito mais detalhes, sem dúvida. Antes de ir embora ainda comemos um cachorro-quente cada um. Ah, como isso faz bem! Agora mesmo estava pensando, como é bom ir ao estádio para torcer pelo seu clube e depois sai e comer um cachorro-quente. Esse foi um dos jogos que jamais esqueci e com certeza nem depois de morto deixarei de lembrar, até porque não é sempre que se ganha do Flamengo de 6 a 1. 


Ficha técnica

GRÊMIO: Mazaropi; Alfinête, Luiz Eduardo, Vilson, Hélcio; Jandir (André 01/2), Lino, Cuca, Assis ; Kita (Almir 02/2), Paulo Egídio.
Técnico: Cláudio Duarte

FLAMENGO: Cantarelli; Leandro Silva, Júnior Baiano, Fernando, Leonardo; Aílton, Júnior, Marquinhos (Renato 01/2); Sérgio Araújo, Nando; Zinho.
Técnico: Telê Santana

Data: 19/8/1989 ? Sábado - 16h00min
Local: Olímpico, Porto Alegre-RS
Público: 46.137
Renda: NCz$ 470.102,00
Juiz: Ulisses Tavares da Silva Filho
Cartões Amarelos: Marquinhos
Gols: Cuca 23/1T, Paulo Egídio 04/2T, Almir 05/2T, Cuca 28/2T, Paulo Egídio 31/2T, Renato 35/2T, Assis 42/2T



loading...

- Como Um Pai Colorado Pode Ajudar Um Filho A Ser Gremista
Foto de 2010, do site R7 Esportes Nasci no dia 27 de fevereiro de 1982, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Como todo filho de pai fanático por futebol, evidentemente meu início no futebol foi torcendo pelo mesmo time do meu pai, o Sport Club Internacional....

- Jogos Imortais - Por Rinaldo Pietrowski
Falar do meu sentimento no Olímpico, estádio de muitas histórias na minha vida e na de tantos tricolores, é voltar no passado e lembrar de todos os fatores que me levaram a ser gremista. Como todo guri, cresci com a fixação pelo futebol. Jogava...

- Histórias Da Bola: Gre-nal De 1987
China fez uma força imensa para levantar a taça de campeão gaúcho de 1987GRÊMIO X INTER 19/07/1987 FELIPÃO COMEÇA EM GRANDE ESTILOO clássico Gre-Nal é tão envolvente que não dá para ficar em cima do muro. Tem gente que consegue, e eu não...

- Ronaldinho Provoca Torcida: "isso Não é Barulho".
Luxa e R10 se deram mal! Porto Alegre (RS) - Ronaldinho Gaúcho pareceu inabalável com os protestos, vaias e todo o ambiente hostil com o qual foi recebido pela torcida na tarde deste domingo no Estádio Olímpico. Mas depois da virada do Grêmio...

- Ronaldinho Diz Que Hostilidade é Coisa Do Momento
Porto Alegre (RS) - Ao longo da semana, torcedores do Grêmio planejaram maneiras de protestar contra o meia-atacante Ronaldinho durante o jogo com o Flamengo, marcado para as 16h deste domingo no Estádio Olímpico, pelo Brasileirão. Afinal, 10...



Futebol








.