O futebol, apesar dos inúmeros fatores e aspectos, é feito de duas balizas e uma bola. Para vencer, basta colocar objeto esférico entre as traves - mais vezes que adversário, logicamente. Fazendo isto semanalmente, é bem possível que tenhamos um campeão. Assim enxerga José Mourinho, técnico que constrói todos os seus planejamentos a partir deste pressuposto. Desta forma atuou seu Chelsea 2014-15, ganhador de English Premier League e Copa Capital One.
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A literal coroação azul (foto: Reprodução) |
Adaptável. Palavra simples, mas que significa muito. Nesta temporada, poucos conjuntos de letras resumem melhor o time de Londres. Basicamente, haviam duas equipes. Uma quando era necessário marcar, assumindo mais riscos e se estabelecendo no campo adversário; e outra bem diferente quando placar era favorável, minimizando qualquer perigo de gol e apostando em transições velozes. Tanto que, dos 30 pontos possíveis contra os seis primeiros, Chelsea somou apenas 17 - dentre campeões das cinco grandes ligas europeias, apenas Bayern de Munique, muito atordoado por lesões estruturais, teve pior desempenho. Pois, nestes confrontos diretos, maior objetivo de Mourinho era impedir que rivais pontuassem. Nos duelos menores, 88% de aproveitamento mostram como ele se garantia.
Sem um jogo de posição claro, o que possibilitou extrema liberdade aos atletas ofensivos, londrinos nunca chegaram a ser um conjunto de posse. Não houveram tantos longos períodos circulando o balão, jogadas eram criadas e definidas com rapidez. Algo importantíssimo no contexto do torneio nacional, que simplesmente não permite fluxo lento e atasca qualquer um que tente. Dentro disto, foram vitais conduções e desequilíbrios de Eden Hazard, desmarques de ruptura de Diego Costa, entendimento de jogo de Oscar, Cesc Fábregas e Willian. Atletas se aproximando, abrindo linhas de passe e avançando de maneira ágil. Um centro onde eles, jogadores, é que escolhiam direções campais. O que não é nada simples ou fácil. Por isto, José sempre teve poucas mudanças nominais.
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Clique na imagem para ampliar Liberdade dianteira dos Blues |
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Clique na imagem para ampliar Ônibus de Mourinho, guiado por Nemanja |
Já com marcador a favor e não precisando de tentos, coletivo se transformava. Tinha maior número de atletas atrás da linha da bola, não se fixava na metade rival e mantinha-se em defesa posicional, bastante sustentada por talento defensivo de Gary Cahill, John Terry e Nemanja Matic. Em diversos momentos, para minimizar ainda mais os riscos, técnico colocava um jogador físico ao lado do sérvio. Bons exemplos são Ramires e John Obi Mikel, que, somados, entraram no decorrer de 24 cotejos da English Premier League. Não por coincidência, Chelsea só não estava triunfando em duas oportunidades. Algo, entretanto, que cobrou seu preço. No embate de volta da eliminatória contra PSG, mesmo tendo um esportista a mais, time foi incapaz de controlar posse e permitiu vida aos franceses. Que avançaram.
Aquele tipo de controle simplesmente não estava no dicionário da equipe, defender-se com a bola era coisa inimaginável. Porém, passar tantos minutos intacto, contra tanta qualidade, também. Faltou, no grupo que havia se mostrado adaptável, poder de adaptação. Sem jogo de posição, sem um fator que tranquilizasse circulação - Cesc virou outra coisa, no contexto 2014-15 - e sem aspectos opressores, londrinos caíram. Logicamente, José Mourinho possuiu total culpa. Mas, além dos supracitados, "Mou" teve méritos menores ao longo do ciclo. Potencializou Matic e Hazard, soube dosar altura campal da lenta dupla de zaga e tornou Kurt Zouma selecionável.
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Clique na imagem para ampliar Postura do time com placar favorável |
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Clique na imagem para ampliar Espetacular resumo da liga (veja o vídeo) |
Como bem disse o português, sua equipe jogou com as regras. Do primeiro ao último apito, em todas as competições, fez o necessário para competir e marcar um gol a mais que o adversário. Desagradou muitos, mas ele, definitivamente, não se importa com isto. Pois objetivo é ganhar, ganhar e seguir ganhando. Esporte pede tal coisa, futebol exige vitórias. No final, apesar de não ter conseguido título mais almejado, técnico está feliz. E, se ele está feliz, Chelsea também sorri. Ninguém mudará este fato.
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Clique na imagem para ampliar Duas facetas do conjunto |
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