Futebol
Beira-Rio ou Sarriá?
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Nilson perdeu pênalti e foi um dos 'culpados' pela derrota colorada em 1989 |
Nota do editor: Na noite desta quinta-feira, 10, o Inter foi eliminado pelo Fluminense no Estádio do Engenhão. Mas foi uma derrota e uma desclassificação que o torcedor colorado não sentiu muito. Bem diferente daquela noite de 17 de maio de 1989 no Estádio Beira-Rio, quando o Inter foi eliminado em casa pelo Olímpia do Paraguai. Relembre como foi...
INTERNACIONAL X OLIMPIA
17/05/1989
BEIRA-RIO OU SARRIÁ?
Pênalti nunca foi uma especialidade dos brasileiros. Não lembro quantos jogos, vaga e decisões nós perdemos por não saber cobrar ou defender um pênalti. Talvez seja realmente azar. Mas que azar! Os deuses do futebol parece que esquecem dos nossos jogadores na hora maldita da cobrança de uma penalidade. Eu por exemplo, até hoje me arrepio quando tem um pênalti pela frente. É quase a mesma coisa que matar um ser vivo. Você fica numa situação muito difícil. É um bangue-bangue, daqueles que você e o adversário contam os passos e se viram para atirar. O que acertar, vence. O perdedor sofre com a morte, às vezes com agonia.
Quando eu estava na escolinha do Novo Hamburgo, sempre me esquivava de bater um pênalti, Deus me livre! Pois Internacional e Olímpia decidiam uma vaga para a final da Libertadores da América. Jogo no estádio Beira-Rio. O Inter tinha vencido os paraguaios em sua casa pelo placar de 1 a 0, num golaço de bicicleta do Luís Fernando. A decisão era em Porto Alegre, palco ideal para o mar vermelho explodir de alegria no final do jogo.
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Era o time colorado numa final de Libertadores. Agora era só esperar a partida final, para comemorar o campeonato. E com isso, o Inter estaria se igualando ao Grêmio, seu maior rival. Seria campeão da América. E depois iria a Tóquio para conquistar o Mundo, assim como aconteceu com o Grêmio. Ninguém, mas ninguém mesmo se atreveria a tirar a classificação do Inter. Estragar uma grande festa que já estava preparada pelos dirigentes e torcida. Ninguém teria tamanha coragem de chegar em Porto Alegre e matar o clube do povo. Era esse o pensamento de 70 mil colorados no Beira-Rio e milhares pelo território gaúcho e brasileiro. Ninguém se atreveria. Mas a tragédia aconteceu.
O Beira-Rio se transformou em lágrimas. O Beira-Riose transformou num Sarriá à gaúcha. Aliás, esta foi a manchete da revista Placar naquele ano. Sem dúvida, foi uma das maiores decepções dos colorados. Enquanto isso, do outro lado, os gremistas sorriam de alegria. Uma coisa mórbida e sem graça. No tempo normal, o Olímpia venceu o Internacional pelo placar de 3 a 2. Uma vitória realmente surpreendente. Jamais, nenhum torcedor imaginou que isso pudesse ocorrer. Era como voltar há sete anos em Barcelona, na Espanha, quando o Brasil perdeu para a Itália. Era como voltar, também há três anos no México quando fomos eliminados nos pênaltis pela França.
O engraçado é que o time gaúcho precisava de apenas um empate para chegar à final. Igual a 1982 com os italianos. Como aquele time do Telê, o de Abel Braga esteve em igualdade no marcador por três vezes. Assim como Cerezo, no segundo gol de Paolo Rossi, o zagueiro Aguirregaray falhou no segundo gol do Olímpia. E os paraguaios venceram por 3 a2. Assim como a Itália, que também venceu pelo mesmo placar. Era o Sarriá, em plena Porto Alegre.Quase todos culparam o técnico Abel por permitir que o jogo fosse para os pênaltis. Assim como em 82, todos diziam que o time deveria ter cuidado com a marcação. O Inter ainda teve a oportunidade de passar a frente do Olímpia quando Nilson perdeu um pênalti, quando o jogo estava empatado, igual a 1986.
Nas cobranças, o time paraguaio venceu por 5 a 3, com o goleiro Almeida decretando a vitória. Aquele gordo do Almeida, diziam indignados ao final do jogo os torcedores colorados. Realmente não era o dia dos colorados. Se o Inter fizesse mais um gol, o time do Olímpia também faria. E, assim como na Espanha, parece que estava escrito que o Beira-Rio teria de ser um imenso Sarriá, com os colorados sentindo muita dor, uma dor que jamais seria esquecida. Uma grande ferida que jamais seria cicatrizada, pelo resto da vida.
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