Futebol
BATE BOLA COM MANINHO
Para começar, diga o seu nome completo e, caso tenha algum apelido, como surgiu esse apelido?
Meu nome completo é Willian Jesus Vieira. O apelido que me acompanhou por toda minha vida, Maninho, surgiu por conta de um tratamento comum entre irmãos das famílias do Nordeste, região onde nasci.
Qual o local e a data de seu nascimento?
Nasci em Teresina (PI), no dia 1º de agosto de 1976.
Como você veio parar na Capital Federal?
Minha mãe resolveu mudar para Brasília com o objetivo de conseguir trabalho. Eu estava com cinco para seis anos de idade e a acompanhei.
Quando começou a jogar futebol?
Meus primeiros jogos de futebol foram na QNP 15, na Ceilândia Norte, onde moro até hoje. Nessa quadra eram promovidos muitos campeonatos para a garotada (10/12 anos) e eu passei a jogar em vários times, todos montados pelos próprios meninos, que tingiam suas camisas com as cores do time que passariam a defender. Comecei a jogar na Udinese, passei para a Atalanta, fui para o Flamenguinho, Planalto (da Expansão), Estrelinha e Juventude, esse último um dos maiores times do futebol amador da Ceilândia.
Quem foi seu primeiro treinador? Quem mais o incentivou a continuar na carreira de jogador de futebol?
Meu primeiro treinador no futebol amador foi Lindomar, do Juventude. Já entre os profissionais, no Gama, Filinto Holanda foi meu primeiro treinador.
A pessoa que mais me incentivou foi Rone, que jogou no Tiradentes. Sempre me incentivou, chamando em várias oportunidades para formar no time dele, coisa que qualquer garoto da época ficando aguardando ansiosamente. Chegou a me ajudar a comprar tênis para dar meus primeiros chutes e para que eu continuasse no futebol.
Conte um pouco de sua trajetória no futebol, citando os clubes e os anos em que jogou.
Foram muitos clubes nesses mais de vinte anos de carreira.
Comecei nos juniores do Gama, em 1994, quando assinei meu primeiro contrato como profissional. Pelo Gama disputei a Copa São Paulo de Futebol Junior de 1995. No jogo do dia 8 de janeiro, quando perdemos para o Palmeiras, por 1 x 0, fui o destaque do jogo e despertei o interesse de alguns clubes como o Guarani, de Campinas (SP), Juventude (RS) e Fluminense (RJ). Ainda em 1995, fui emprestado ao Guarani, onde, além de participar da equipe de juniores, cheguei a fazer parte do banco de reservas em alguns jogos do time profissional, o que foi muito bom para mim, porque recebi muitos conselhos dos atletas, como o Amoroso, por exemplo. Disputei a Copa São Paulo da categoria de 1996, chegando a marcar o gol da vitória de 1 x 0 sobre o XV de Piracicaba, no dia 10 de janeiro de 1996. Logo depois, no dia 1º de fevereiro de 1996, no empate de 2 x 2 diante do União São João, fiz minha estreia no time principal do Guarani, entrando no lugar de Da Silva. Minha boa atuação fez com que o técnico Sérgio Ramírez garantisse minha presença como titular da equipe no jogo seguinte, no dia 4, contra o Juventus. Ainda disputei vários jogos pelo campeonato paulista de 1996, quase sempre começando no banco de reservas e substituindo um companheiro.
Ainda em 1996, retornei ao Gama, para disputar o Campeonato Brasileiro da Série B, reestreando no dia 18 de agosto, contra o Atlético Goianiense (0 x 0).
Fui tetracampeão brasiliense pelo Gama, de 1997 a 1999 e 2001, além de conquistar o Campeonato Brasileiro da Série B de 1998. Não fui pentacampeão brasiliense, pois em 2000 fui emprestado ao Paysandu, de Belém (PA) - sete meses, onde fiz parte do time campeão paraense desse ano, e à Anapolina-GO - quatro meses.
No final de 2001, abri um processo contra o Gama por atraso de salários e não-pagamento de 13º Salário e Férias. Depois disso, joguei por esses clubes:
2002 - Ceilândia-DF / Anápolis-GO / CFZ-DF (Campeonato Brasileiro da Série C)
2003 - CFZ-DF (campeonato brasiliense e Copa do Brasil) / Brasília-DF (Segunda Divisão)
2004 - CFZ-DF / Flamengo-PI
2005 - Estava no Paranoá-DF, quando sofri uma contusão muito séria. No dia 22 de janeiro de 2006, voltei a jogar bola defendendo as cores do CFZ, depois de um ano e sete meses de recuperação de cirurgia no joelho.
2006 - CFZ-DF / Ceilandense-DF
2007 - Esportivo Guará-DF / Ceilândia-DF (Campeonato Brasileiro da Série C) / Brazlândia-DF (campeão brasiliense da Segunda Divisão)
2008 - Dom Pedro II-DF / Brasília-DF (Segunda Divisão do DF) / Holanda-AM (Campeonato Brasileiro da Série C)
2009 - Dom Pedro II-DF / Brasiliense-DF (Campeonato Brasileiro da Série B)
2010 - Atlético Ceilandense-DF / Brazlândia-DF
2011 - Botafogo-DF / Sobradinho-DF
2012 - Brazlândia-DF
2013 - Botafogo-DF / Piauí-PI
2015 - Cruzeiro-DF
Quando e onde você encerrou a carreira de jogador?
Eu tinha parado com a bola em 2013, atuando pelo Piauí, quando o time perdeu a semifinal do campeonato piauiense para o River. Fiquei parado todo o ano de 2014. Em 2015, recebi convite do técnico Risada para disputar quatro partidas pelo Cruzeiro, do Distrito Federal. Minha última partida foi no dia 14 de março de 2015, no Abadião, no empate de 1 x 1 contra o Ceilândia.
Depois que encerrou a carreira de jogador, exerceu alguma atividade relacionada ao futebol, tais como treinador, dirigente de clube, árbitro de futebol, massagista, preparador físico etc.?
Já cheguei a ser treinador da equipe de juniores do Gama. A partir de 2013, passei a trabalhar com dois projetos sociais na QNP 15, na Ceilândia Norte: o Maninho Gol, em conjunto com o GBA - Grupo Boas Ações, e o Gueto Unido, uma parceria com o pessoal do skate da Ceilândia.
Qual sua opinião sobre o futebol de Brasília, sabidamente um futebol que não é valorizado pela imprensa brasileira?
Hoje em dia o futebol de Brasília é uma vergonha! Ele não é profissional, podemos dizer que é semiamador. A Federação local é uma bagunça, já faz muito tempo que deixou de ser organizada. Até 2009, com os clubes do DF na Série B do Campeonato Brasileiro, o futebol brasiliense tinha visibilidade, credibilidade. A essência do futebol, o atleta, faz muito tempo que não é valorizada, há muito tempo foi perdida.
O que o futebol de Brasília tem de fazer para se tornar um dos melhores do Brasil?
1º Os clubes tem que honrar seus compromissos com seus atletas; 2º Melhorar estrutura dos clubes; 3º Diminuir cobrança aos jogadores: oferecem muito pouco e exigem muito e 4º Retirar os jogadores das mãos dos empresários e políticos que se envolvem com o futebol brasiliense.
Você acredita que a reinauguração do Mané Garrincha trará evolução ao futebol brasiliense?
A verdade é que afundou mais ainda! O ideal seria que o dinheiro arrecadado no Mané Garrincha pudesse ser convertido para os clubes, os jogadores e a própria Federação. Não é isso que vem acontecendo depois da reinauguração do estádio.
Você considera que os grandes jogadores do futebol de Brasília tem categoria suficiente para atuar em qualquer clube do Brasil?
Pelos valores que já passaram pelo futebol de Brasília e que brilharam ou brilham no futebol nacional e internacional, tais como Dimba, Renaldo, Warley ou Amoroso, está mais do que provado que nós temos grandes jogadores e que podem ou poderão atuar por qualquer grande time do Brasil e do exterior.
Se você fosse formar a seleção brasiliense de todos os tempos, quais seriam os onze jogadores que formariam a equipe titular e os onze que seriam reservas imediatos?
A titular seria formada com Marcelo Cruz, Chaguinha, Marcelo Magu, Emerson e Rafinha; Kabila, Ésio e Pacheco; Carlinhos, Romualdo e Anderson.
Os onze reservas seriam: Nasser, Márcio Franco, Trajano, Jairo e Nescau; Didão, Gilmarzinho e Rogerinho; Mazinho Brasília, Dimba e Rogerinho Papel.
Quais foram os três melhores treinadores do futebol de Brasília com quem você pôde trabalhar?
Filinto Holanda, Orlando Lelé e Vagner Benazzi.
E os três melhores dirigentes?
Edvan Aires, Bilzão e Ricardo Freitas.
Dá para se falar que existem grandes rivalidades no futebol de Brasília?
Antigamente havia. Eu era garoto ainda, quando já ouvia falar da rivalidade Brasília x Gama. Cheguei a acompanhar uma grande rivalidade entre Taguatinga e Gama. Hoje em dia, por mais que digam que existe rivalidade entre Gama e Brasiliense, eu não acredito nisso. O Brasiliense tem apenas 15 anos de vida!
Você tem aquele jogo que considera inesquecível?
Botafogo-Sobradinho 1 x 1 Gama, no dia 13 de julho de 1997, no Augustinho Lima, pelas semifinais do Campeonato Brasiliense daquele ano. Um torcedor entrou em campo para me dizer que eu quase não marcava gols. Eu disse para ele que atuando de meia, não era de marcar muitos gols, mas que, naquele dia, iria marcar um gol diferente. Antes dos dez minutos do 1º tempo, sobra uma bola para mim, dentro do círculo do meio-de-campo. Acertei um chutaço e a bola foi cair dentro do gol. Um dia depois, o Globo Esporte passou a escolher o gol mais bonito da rodada (quase sempre selecionado do Campeonato Brasileiro em andamento), chamando de ?Gol de Ouro? e o primeiro gol a ser escolhido foi o meu. Esse gol foi lembrado por alguns jornalistas como ?o gol que Pelé não marcou?. Depois que mostraram o gol na Globo, dei muitas entrevistas, até para TVs da Venezuela e da Bolívia. Fiquei um pouco mais conhecido no futebol do DF graças a esse gol.
Esse gol pode ser conferido no link abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=QkguQfHj7cQ
Esqueça um pouco a modéstia e fale de suas características dentro de campo.
Fui um jogador versátil, que chegava à frente para apoiar e marcar gols. Minha maior preocupação sempre era dar assistência aos atacantes para que eles fizessem os gols. O engraçado é que eu sempre tive facilidade em dar passe longo e não era bom nos passes curtos. Tinha facilidade em bater com os dois pés e uma boa visão de jogo. Habilidade nos dribles em velocidade. Apesar dos meus 1,68 m de altura, tinha excelente impulsão.
Quem era o seu ídolo no futebol? Teve oportunidade de estar em um campo de futebol ao lado dele?
Era o Marcelinho Carioca. Até que no jogo em que o Corinthians venceu o Gama por 4 x 2, em nossa estreia no Campeonato Brasileiro da Série A, no dia 24 de julho de 1999, no Mané Garrincha, essa admiração acabou. Entrei no segundo tempo e fui um dos escolhidos para o exame anti-doping (os outros foram Adriano Cacareco, pelo Gama, Augusto e Marcelinho Carioca, pelo Corinthians). Vocês não imaginam a minha felicidade em saber que estaria lado a lado com ele! Mas podem imaginar a frustração quando fui cumprimentá-lo e ele me tratou de forma fria, como se eu não existisse, mal apertou minha mão. A admiração que eu tinha, passou a ser uma tremenda frustração!
O que tem a dizer sobre o documentário ?Fora de Campo?.
Em 2009, por não ter medo de falar a verdade, alguém me procurou para falar sobre a realidade do futebol no Distrito Federal.
No documentário de 52 minutos, do diretor Adirley Queirós, foram mostradas várias situações negativas ocorridas no futebol do DF. Eu fui um dos entrevistados e aproveitei para mostrar para todo mundo a dura realidade do futebol brasiliense.
Para encerrar, quais são suas últimas palavras.
Em toda minha carreira, não fui jogador de futebol, fui atleta profissional. Não chegava atrasado aos meus compromissos, executando os meus deveres sempre com muita disciplina.
E para encerrar, uma frase de Augusto Cury: ?Um bom líder não é aquele que lidera, mas aquele que estimula a fazer escolhas?.
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