Onde é o limite?
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Onde é o limite?



Eu não sei exatamente qual é o papel da lógica no futebol. É claro que quando se faz o lógico, o mais indicado, normalmente a chance de conseguir bons resultados aumenta. Mas por vezes, decisões aparentemente ilógicas geram grandes conquistas para aqueles que as tomam.

Quando o Grêmio trouxe Renato, era "pensamento mágico". Ele não entendia nada de tática, só de motivação. Ele chegou, primeiro tentou jogar no esquema que mais gosta, o 4-4-2 com losango, mas logo percebeu que não daria certo com os jogadores que ele tinha na mão. Montou um 3-5-2 que muitos viram como um frankenstein, mas era algo pensado, na medida do time que ele tinha. Dali a pouco, vendo que Vargas poderia dar uma boa contribuição, mudou para um 4-3-3. Todos os esquemas deram certo.

E o que é dar certo, é só ganhar? Claro que o resultado é fundamental, mas o que se vê é um Grêmio encaixado, brigador, raçudo e, normalmente, vencedor. Teve quedas em casa, teve jogos ruins? Evidente, não é um super time, é só um time consciente de suas limitações, comandado por alguém mais consciente ainda.

E isso que o Renato também comete seus erros, na minha modesta opinião. Jogo passado demorou para tirar o Vargas e ele foi expulso; hoje poderia ter colocado o Paulinho para termos uma opção de velocidade; talvez fosse interessante contar com o Zé Roberto ao menos em parte dos jogos. Mas nada disso impede a avaliação muito positiva do seu trabalho e da convicção de que ele evoluiu muito, e vai evoluir ainda mais.

Na vitória de hoje contra o Botafogo, o time fez um partida perfeita. Sem Vargas, entrou com Werley no 3-5-2 e antes dos 30 minutos já tinha sofrido a injusta expulsão de Kléber. Com um a menos, Renato posicionou Souza e Riveros mais fixos no meio e liberou Ramiro para chegar mais à frente junto com Barcos. Ramiro, aliás, correu como poucas vezes eu tinha visto um jogador de futebol correr, pois além de marcar na frente, ainda voltava para marcar as subidas botafoguenses.

Aos 37 minutos, jogada de Riveros pela esquerda, chute maravilhoso de Alex Telles no ângulo do goleiro Jefferson. O 1 x 0 pode ter parecido injusto pelo pretenso volume de jogo botafoguense, mas o fato é que o Grêmio foi muito inteligente taticamente. E quando um dos principais comportamentos de um time de futebol é a inteligência, as chances da vitória são muito grandes.

E ela veio, não sem alguns poucos sustos, mas nenhuma chance claríssima do Botafogo. O tricolor soube aproveitar alguns espaços, puxou alguns contra-ataques, valorizou todo o tempo que podia, e saiu com a vitória do Maracanã.

Os três pontos levaram o Grêmio não só à vice-liderança com 48 pontos, 5 à frente do Botafogo; mas também ao aparente delírio de que a diferença para o Cruzeiro pode ser eliminada. Ainda mais porque o time mineiro joga contra o lanterna Náutico, em Pernambuco. É possível ou será um delírio? Não sei, o Grêmio está provando a cada jogo que é impossível saber onde é o limite desse time.

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