Futebol
JOGO INESQUECÍVEL no Olímpico!
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Paulo Egídio passa por Cantarele e Júnior Baiano e faz mais um para o Grêmio |
Porto Alegre (RS), 19/08/1989 - Se um dia alguém chegasse para mim e dissesse que o Grêmio havia vencido o Flamengo por goleada, eu acreditaria. Mas se alguém falasse que esta vitória foi de
6 a1, eu diria que era mentira. Do jeito que foi, da maneira que aconteceu, da forma que ocorreu, ninguém seria capaz de confiar em alguém que dissesse tal coisa. Foi por isso, que quando cheguei em casa, depois do jogo, eu ainda estava perplexo diante da televisão, acompanhando os melhores momentos e todos os gols. Foram sete gols, seis para o tricolor, e um para o Flamengo, que não tinha mais o Zico, pelos menos neste jogo, pois estava lesionado. Embora o Mengo contasse com grandes jogadores, como o veterano, mais craque Júnior e o jovem Leonardo, que estava surgindo para o futebol. Era o segundo confronto entre as duas equipes que eu assistia ao vivo, no estádio. A primeira foi no início deste ano pela Copa União. Agora, os dois times estavam se enfrentando pela Copa do Brasil. Era a primeira edição deste torneio, que classificava o campeão para a Taça Libertadores da América. E tanto Grêmio como Flamengo buscavam este objetivo, já que os dois haviam sentido o gostinho de ser campeão. Desta vez eu lembro da minha companhia no estádio Olímpico. Eu estava com o Elton, o Otto, o Luiz e o Ricardo, que são irmãos do Otto e o Arlei, irmão do Elton.. Fomos de carro, acho que um pouco em cada veículo. Foi a maior dificuldade de encontrar um lugar para estacionar, mas enfim, conseguimos. Eu trabalhava na Casa Cavasotto, uma loja de tecido e roupas. O time do Grêmio não era uma seleção, mas também não era caco de time.
LEIA O RESTANTEA partida estava valendo a passagem para a final da competição. Tudo começou no meio da semana quando aconteceu um empate de 2 a2 entre os dois times. Nessa noite teve até eclipse. Eu me dividia entre o jogo e a passagem da lua pelo sol, uma sensação extraordinária de alegria. Afinal de contas não é sempre que ocorre este tipo de manifestação da natureza. Quem empatou o jogo no Maracanã foi o zagueiro Luís Eduardo. Pronto, um empate em zero já classificaria os gaúchos para o jogo final, pois o saldo estava beneficiando o Grêmio. Fomos para o jogo conscientes de que seria uma parada difícil. E até foi, mas depois que passou um, meus Deus!, entrou mais cinco. No final do primeiro tempo, estava apenas 1 a 0, gol do meia Cuca. E naquela tarde de muito sol, eu sentado nas arquibancadas do Olímpico, apenas sorria.
Desta vez eu estava nas arquibancadas inferiores, de frente para as sociais do estádio, um lugar melhor do que quando vi pela primeira vez Grêmio e Flamengo, no início deste ano. Eram quase 50 mil pessoas, antes e no intervalo e durante o jogo fazendo a famosa ola que ficou conhecida no México durante a Copa de 70. É esperar o momento de levantar para acompanhar a onda de gente e todo o estádio fica assim, se movimentando como um mar azul. Eu fiquei surpreso com o resultado final do jogo. Aliás, não foi só eu, as outras milhares de pessoas que estavam no estádio também ficaram. Até mesmo os jogadores e dirigentes do Grêmio estavam desta maneira, boquiabertos. Nem mesmo o craque Júnior, um dos meus ídolos, conseguiu evitar o pior. Ele não jogou nada e confesso que fiquei decepcionado, até porque um dos motivos que eu estava neste jogo era exatamente o Júnior. De repente, sem pedir passagem ou licença, o Grêmio começou a enfiar gol. Foi um atrás do outro, sem tempo para o Flamengo respirar e quem sabe esboçar uma reação. Jamais o técnico Telê Santana, pensou que algum dia sofreria tal dano. Cláudio Duarte, técnico gremista aplicou um verdadeiro ?pega-ratão? como ele mesmo batizou o seu estilo no início desta década.
O time do Mengo ficou atordoado em campo numa seqüência alucinante de gols, com Paulo Egídio, Almir, Cuca, novamente Paulo Egídio e Assis. Os jogadores gremistas trucidaram os flamenguistas. É verdade que o Flamengo descontou através de Renato, o outro, quase no final do jogo quando o Olímpico já era uma festa e comemoração, porque afinal, o Grêmio estaria mais uma vez decidindo um título brasileiro. Competição essa que o Grêmio se tornaria especialista com o decorrer dos anos. Eu não via a hora de chegar em casa para contar ao meu pai aquela vitória espetacular do tricolor dos pampas. Claro que ele já sabia o resultado do jogo, mas eu contaria com muito mais detalhes, sem dúvida. Antes de ir embora ainda comemos um cachorro-quente cada um. Ah, como isso faz bem! Agora mesmo estava pensando, como é bom ir ao estádio para torcer pelo seu clube e depois sai e comer um cachorro-quente. Esse foi um dos jogos que jamais esqueci e com certeza nem depois de morto deixarei de lembrar, até porque não é sempre que se ganha do Flamengo de 6 a 1.
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Ficha Técnica:
GRÊMIO: Mazaropi; Alfinête, Luiz Eduardo, Vilson, Hélcio; Jandir (André 01/2), Lino, Cuca, Assis ; Kita (Almir 02/2), Paulo Egídio.
Técnico: Cláudio Duarte
FLAMENGO: Cantarelli; Leandro Silva, Júnior Baiano, Fernando, Leonardo; Aílton, Júnior, Marquinhos (Renato 01/2); Sérgio Araújo, Nando; Zinho.
Técnico: Telê Santana
Data: 19/8/1989 ? Sábado - 16h00min
Local: Olímpico, Porto Alegre-RS
Público: 46.137
Renda: NCz$ 470.102,00
Juiz: Ulisses Tavares da Silva Filho
Cartões Amarelos: Marquinhos
Gols: Cuca 23/1T, Paulo Egídio 04/2T, Almir 05/2T, Cuca 28/2T, Paulo Egídio 31/2T, Renato 35/2T, Assis 42/2T
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