Histórias que ficam
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Histórias que ficam



O post só saiu hoje porque desde à meia-noite de quarta-feira fiquei ruminando os acontecimentos, não só da partida final, mas de toda essa campanha. Li comentários de torcedores, de críticos, de rivais, da imprensa, e fui formando a minha própria opinião, que expressarei neste espaço.

Não vou aqui desperdiçar seu tempo narrando fatos que todos já sabem. A Ponte perdeu por 2 x 0 para o Lanús e ficou com o vice-campeonato na Copa Sul-Americana. As causas da derrota são várias, e ao mesmo tempo são desconhecidas. Alguns apontarão a atitude, outros criticarão determinados jogadores, outros ainda irão disparar contra o técnico, e tem aqueles que proclamarão o imponderável como a raiz de todos os problemas.

Vou por outro caminho. 2013 ficará marcado como o ano em que a América do Sul conheceu a Ponte Preta. Eu, sendo de família argentina, vi satisfeito a cobertura que os meios de comunicação de lá deram para a Macaca, principalmente depois da vitória contra o Vélez. Por sinal, essa vitória já está na história desse clube, e isso ninguém tira do torcedor que viveu esses momentos.

E é sobre isso que eu queria falar: sobre as histórias que ficam. Histórias que ficam são aquelas que permanecem conosco durante toda a nossa existência, aquelas que perpetuamos, contando para nossos filhos e netos. São aqueles tesouros da nossa memória, que nos fazem sorrir ou chorar naqueles dias cinza; são recordações que simplesmente nos fazem sentir vivos, testemunhas oculares de uma história que está acontecendo ali, em tempo real, diante de nossos olhos e corações.

Quantos torcedores podem dizer que seu time eliminou o Vélez dentro de sua própria casa, no ano em que disputa sua primeira competição internacional de sua história? Fico imaginando as pequenas histórias trazidas na bagagem pelos pontepretanos que invadiram Buenos Aires. Essas, sem dúvida, fazem parte do rol de histórias que ficam.

E o que é o futebol senão o conjunto desse tipo de histórias? O que é a própria história de um clube sem a existência dessas pequenas e intensas recordações? O que seria da paixão de um torcedor sem esse combustível chamado memórias?

E isso nada tem a ver com fatos. Fatos são aquelas chatices que insistem em vaticinar: "113 anos sem títulos, 8º vice-campeonato na história". Blá-blá-blá. Fatos não explicam o futebol, porque eles não entendem nada de paixão e muito menos de amor incondicional, e você sabe bem o que é isso, pontepretano. Portanto, sem essa de desmerecer a campanha com justificativas chatas e insossas; se você viveu intensamente esse campeonato, tenha a certeza de que valeu a pena.

Do ponto de vista pessoal, fico satisfeito por cada minuto que passei me dedicando de alguma forma a essa causa, seja em posts, em jogos ou em conversas com torcedores. Fiz amigos, recebi elogios, algumas críticas, e me senti parte dessa paixão imensa chamada Ponte Preta. Fiquei aflito em voos durante jogos decisivos, tentei trocar passagens para poder assistir jogos, adotei comportamentos supersticiosos, vibrei, sofri, chorei, torci e muito por esse clube que aprendi a gostar e querer muito bem.

Se hoje a dor toma conta dos corações pontepretanos, por tudo o que aconteceu neste ano, tenham a certeza de que tudo aquilo que é vivido intensamente é o que faz a vida valer a pena. Derrotas fazem parte do caminho, jejuns de títulos mais cedo ou mais tarde acabam, mas a paixão é o que eterniza alguns momentos.

E como um ciclo, surgem aquelas as histórias, as histórias que ficam. Você sai de 2013 com uma porção delas; e são essas histórias que fazem com que olhemos para 2014 com a esperança de poder repeti-las, senão em resultado, mas em intensidade e emoção. No fim das contas, é isso o que move não só o futebol, mas a vida.

PS. O amigo Gera Kpoera, que foi quem começou a minha aproximação com outros torcedores da Ponte e se tornou grande parceiro, escreveu as seguintes palavras, que faço questão de reproduzir aqui e traduzem o sentimento de todas as histórias que ficaram dessa Sul-Americana:

Tem como esquecermos da epopéia que foram todos estes jogos? Tem como tirar da lembrança o primeiro gol internacional marcado contra o Criciúma? Tem como esquecer a partida contra o Pasto no Moysés Lucarelli? Tem como esquecer nossa torcida em Pasto? Tem como esquecer a virada, a chuva, nossa torcida e o calar do Morumbixa? Romildão, a caravana e a classificação diante da arrogância e prepotência bambi? Velez Sarsfield no Majestoso...e. aquele gol antológico com. Chapéu em goleiro e gol de cabeça na Argentina? Tem como esquecer o mais vibrante Macacaembu, a maior caravana do interior até a capital paulista? Somos gigantes e nossa torcida...Nação... melhor dizendo, fazendo o mundo saber que no Brasil existe um futebol alegre, bonito, de uma torcida pejorada, discriminada, porém forte e que jamais curva-se ante a opressão...as injustiças? Tem como esquecer ver a Ponte Preta em Buenos Aires elevando-se a um patamar que nenhum outro time brasileiro tem aos olhos argentinos? Somos vice- campeões da Copa Sulamericana 2013...com muito orgulho...com muito amor! Empresto uma linha do hino nacional para definirmos: VERAS QUE UM FILHO TEU NÃO FOGE À LUTA!!! SOMOS PONTE PRETA...E TÍTULO UM DIA VIRÁ...E SERÁ MERA CONSEQUÊNCIA!!!!!


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