Futebol
Eis que, em plenos "tempos modernos" (só que não), o assunto de hoje é o surrado e estropiado racismo. Beira o inacreditável discutirmos algo que já deveria estar ultrapassado há milênios, mas infelizmente não está. Os culpados disso? Todos nós, inclusive este que vos escreve.
"Ah, mas eu não sou racista" "Tenho muitos amigos negros" "Abomino o preconceito". Mentira, mentira e mentira. Negros, brancos, mestiços, orientais, pardos, somos todos preconceituosos sim. Seja com a raça, credo, aparência, sexo, e por aí afora. Nossa sociedade como um todo involuiu, retomando velhas práticas e pensamentos que já deveriam ter sido extintos.
Vamos ao caso do racismo: no sul do país, por eliminação, as torcidas de Grêmio e Juventude não podem se declarar contra o racismo: seus cânticos e atitudes sugerem isso. Mas a torcida do Inter, supostamente a "vítima" desse comportamento insano, também não sai incólume de uma análise ampla: a frase "negros gremistas não são dignos" é substancialmente racista.
É a mesma torcida que discrimina uma manifestação legítima e enriquecedora como a Coligay, torcida gremista formada pelo público GLS na década de 80. São os mesmos indivíduos que provavelmente se refiram a uma pessoa de pele negra como "o negrão aquele".
Estamos todos na mesma barca, amigos. De que adianta ficar acusando uns aos outros, se a culpa de tudo isso é nossa?
E olhem o nível a que chegamos: um povo originalmente mestiço, formado por índios, espanhóis e gente vinda de outros lugares do mundo como o peruano, é capaz de discriminar um negro! Vejam o absurdo disso! É o reflexo da podridão de uma sociedade incapaz de combater as suas mazelas e pensar de modo solidário e coletivo.
E não pensem que a culpa de tudo isso é do futebol; pelo contrário, o esporte, por sua popularidade, é mais uma vítima, porque é usado como espelho para refletir as maldades dos habitantes desse planeta. O episódio da Bolívia foi repetido agorinha mesmo, quando mataram um cinegrafista atirando um rojão; os casos de violência nos estádios são os mesmos que acontecem Brasil e mundo afora; e o caso do racismo contra o Tinga ontem nada mais é do que a representação do quão preconceituosos somos, todos nós.
Ou vocês acham que o negro não sofre preconceito? Que a mulher não é vítima disso? Que o gordo não tem que passar por cima de muita coisa para viver em paz? Que os gays são bem aceitos por todos?
E se ao invés de buscar culpados, cada um passasse a olhar para as suas próprias atitudes, alterando aqueles comportamentos, mínimos que sejam, que não condizem com a modernidade de nossos pensamentos? E se buscássemos o diálogo com os preconceituosos que nos rodeiam, mostrando que tal comportamento pode os atingir em algum momento, ainda que de forma involuntária?
Quem sabe o futebol possa ser um instrumento para que discutamos tais comportamentos e possamos nos tornar, aos poucos, uma sociedade melhor e transformemos esse mundo num lugar mais digno de se viver?
Enquanto isso não acontece, somos obrigados a admitir que tais episódios continuarão a se repetir.
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Futebol
ANÁLISE COMPORTAMENTAL: Futebol - o espelho da sociedade
Eis que, em plenos "tempos modernos" (só que não), o assunto de hoje é o surrado e estropiado racismo. Beira o inacreditável discutirmos algo que já deveria estar ultrapassado há milênios, mas infelizmente não está. Os culpados disso? Todos nós, inclusive este que vos escreve.
"Ah, mas eu não sou racista" "Tenho muitos amigos negros" "Abomino o preconceito". Mentira, mentira e mentira. Negros, brancos, mestiços, orientais, pardos, somos todos preconceituosos sim. Seja com a raça, credo, aparência, sexo, e por aí afora. Nossa sociedade como um todo involuiu, retomando velhas práticas e pensamentos que já deveriam ter sido extintos.
Vamos ao caso do racismo: no sul do país, por eliminação, as torcidas de Grêmio e Juventude não podem se declarar contra o racismo: seus cânticos e atitudes sugerem isso. Mas a torcida do Inter, supostamente a "vítima" desse comportamento insano, também não sai incólume de uma análise ampla: a frase "negros gremistas não são dignos" é substancialmente racista.
É a mesma torcida que discrimina uma manifestação legítima e enriquecedora como a Coligay, torcida gremista formada pelo público GLS na década de 80. São os mesmos indivíduos que provavelmente se refiram a uma pessoa de pele negra como "o negrão aquele".
Estamos todos na mesma barca, amigos. De que adianta ficar acusando uns aos outros, se a culpa de tudo isso é nossa?
E olhem o nível a que chegamos: um povo originalmente mestiço, formado por índios, espanhóis e gente vinda de outros lugares do mundo como o peruano, é capaz de discriminar um negro! Vejam o absurdo disso! É o reflexo da podridão de uma sociedade incapaz de combater as suas mazelas e pensar de modo solidário e coletivo.
E não pensem que a culpa de tudo isso é do futebol; pelo contrário, o esporte, por sua popularidade, é mais uma vítima, porque é usado como espelho para refletir as maldades dos habitantes desse planeta. O episódio da Bolívia foi repetido agorinha mesmo, quando mataram um cinegrafista atirando um rojão; os casos de violência nos estádios são os mesmos que acontecem Brasil e mundo afora; e o caso do racismo contra o Tinga ontem nada mais é do que a representação do quão preconceituosos somos, todos nós.
Ou vocês acham que o negro não sofre preconceito? Que a mulher não é vítima disso? Que o gordo não tem que passar por cima de muita coisa para viver em paz? Que os gays são bem aceitos por todos?
E se ao invés de buscar culpados, cada um passasse a olhar para as suas próprias atitudes, alterando aqueles comportamentos, mínimos que sejam, que não condizem com a modernidade de nossos pensamentos? E se buscássemos o diálogo com os preconceituosos que nos rodeiam, mostrando que tal comportamento pode os atingir em algum momento, ainda que de forma involuntária?
Quem sabe o futebol possa ser um instrumento para que discutamos tais comportamentos e possamos nos tornar, aos poucos, uma sociedade melhor e transformemos esse mundo num lugar mais digno de se viver?
Enquanto isso não acontece, somos obrigados a admitir que tais episódios continuarão a se repetir.
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