Futebol
Veja o Gordinho
Abaixo o volume quando assisto um jogo do bola pela TV. É péssimo para a saúde mental aguentar narradores e comentaristas por mais de alguns minutos. Porém, um amigo meu me alertou que Neto, da Band, soltou nesse último jogo do Corinthians contra o Náutico a seguinte pérola: "Posso tá falando besteira, mas o Jucilei tá merecendo a seleção já". Realmente, o nível (tanto o de palpiteiros quanto o das partidas) está desesperador - mas tentemos, ao menos essa vez, fazer um "morde-e-assopra" com o gordo xodó, antes que ele (ou a gente) vá de vez ao sanatório.
Claro que falar um negócio desses é coisa para deixar a gente ou envergonhado ou se fartando de gargalhar - resolva aí o que você quer fazer. Mas vejo que o balofo se empolgou mais do que deveria porque Jucilei veio do Terrão. O folclórico campo de peneiras do Corinthians ainda invoca um tipo de futebol à moda antiga, aquele do (hoje utópico) "amor à camisa", assim como traz à mente uma molecada suando e se matando em nome do time e também do esporte, com a mente voltada para o presente, e não para o futuro (que pode ser tanto promissor quanto desastroso). Isso obviamente não corresponde aos tempos atuais, já que a mercantilização tomou conta até mesmo da várzea - mas, por um momento, na mente e no palavrório do assaltante de geladeira, esqueceu-se o futebol mauriçola e sem vida que se via ali no campo (o horror, o horror...) e deu-se uma chance ao jogo como ainda o temos em sua teoria, e também em nossa saudosa (e apaixonada) memória. Por incrível que pareça, ponto para ele.
Mas o que não dá para relativizar na tal frase do pançudo é a banalização absoluta da seleção brasileira. O que pode levar um jogador a vestir a camisa amarela? Pelo visto, um ou dois bons jogos como titular em um time e o negócio está feito - e digo negócio porque é isso mesmo do que se trata: o intento é valorizar o moleque via o escrete nacional para todos lucrarem com sua venda ao exterior. É isso aí, a matemática é essa, ninguém escapa. Neto, mesmo sem querer, expôs o que de mais podre e lamentável o futebol moderno possui, a transformação do atleta em artigo de armazém - e, pela empolgação explícita da frase, ele acha tudo muito aceitável, normal mesmo. Até torce para ver o moleque entrar na linha de produção canarinho. Ele, que deveria lutar contra, prefere jogar confete. Nessa, ganha nota zero. Redonda (com trocadilho, claro...).
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