Futebol

Razão x Emoção na Inauguração do Beira Rio

Se chorei ou se sorri, o importante é que sensações eu vivi. Se chorarei ou sorrirei, a emoção e a razão me dirão... Eu tô voltando pra casa!

Primeiramente, agradeço a oportunidade que este canal me dá de expressar minhas opiniões e convicções. Delas é que tiro um conflito que me cerca no dia-a-dia futebolístico, um abismo e sua ponte entre dois sentimentos completamente avessos, e por vezes fundidos na minha cabeça e nos meus pensamentos.

Esse final de semana eu senti o conflito que predomina no futebol ? emoção ou razão ? quando participei da inauguração/evento teste do Gigante da Beira-Rio. Senti a ansiedade de quem quer rever alguém que há muito não enxerga, a emoção de participar de um momento histórico do clube que se ama desde o nascimento.

Primeiro foram as impressões de uma casa onde se mudou todos os azulejos, cores, paredes e etc. No corredor que agora cerca a ex arquibancada inferior (que nos anos 90 se chamava geral) e agora se chama Nível 1, tem banheiros melhores que os de muitos shopping centers da capital, bares que aceitam cartões de débito e crédito e as demais estruturas que contemplam um estádio europeu que está às margens do Guaíba. Lá estava ele, lindo, majestoso, com memórias múltiplas e muito relevantes tais como os gols de Claudiomiro, Valdomiro, Fernandão, Tinga, Sobis, Nilmar e suas devidas importâncias.

Na primeira cobrança de escanteio a poucos metros de mim, D?Alessandro transparecia sua emoção por estar de volta naquele lugar. Alan Patrick nos fez ouvir o som de um belo chute de fora da área que explode na trave e ecoa em nossos ouvidos. Mesmo com apenas 10.000 privilegiados sócios presentes os cantos da mais populosa das torcidas organizadas pareciam ser cantados por 30.000 pessoas na antiga configuração do estádio, sonhei acordado em imaginar como será uma nova final com os mais de 50.000 lugares preenchidos.

As lágrimas que marejaram os meus olhos quando o time entrou em campo secaram no primeiro tumulto ocasionado por dois torcedores alcoolizados e uniformizados com as vestes de uma das torcidas organizadas, no novo Beira-Rio assim como na Arena não se permite mais espaço para torcedores que assistem ao espetáculo de pé na mureta. Caso façam isso, e fizeram, ouvirão em coro os gritos de senta, senta, senta e quando ouvirem ? e ouviram ? jamais poderão ameaçar os demais e muito menos manter a falsa impressão de que estão certos.

A incerteza de quem seria o autor do primeiro gol na nova casa acabou quando Aránguiz fez um belo cruzamento permitindo a Fabrício um bom cabeceio, tirando do goleiro e enlouquecendo a nossa torcida. Os dois tentos de Rafael Moura e o outro do lateral artilheiro da primeira partida chancelaram que naquele lugar haverão possibilidade para que todos ? até mesmo os jogadores questionáveis ? escrevam seu nome na história do clube e seu novo lar.

Mas e a razão? Como não se sentir enganado por um clube e sua direção que vende ingressos a preço de ouro para a inauguração contra o Peñarol do Uruguai e depois de vender todos os seus ingressos anuncia um jogo pra 45 dias antes da tão esperada data. Eu por ajuda da minha noiva e gremista favorita, Gabriela Garcia de Oliveira, fiz meu check-in e consegui presenciar a real inauguração do estádio mas e os sócios que não conseguiram???

Evento teste pra mim é algo que não deveria envolver ninguém dentre os sócios, talvez imaginar uma homenagem aos operários da obra assim como o fizeram na inauguração do Maracanã com dois times de másters do próprio Inter ou até mesmo da seleção brasileira. Eu e muitos outros sócios ficamos com a sensação de que fomos enganados.

Certamente o direito dos consumidores daria ganho de causa para qualquer colorado que abrisse um processo para reaver suas divisas financeiras no que tange a falsa inauguração do estádio. Em minha opinião, o valor pago pelo espetáculo é justo mas pagar por um jogo que se dará num domingo qualquer é maior injustiça. Eu sócio desde 2005, precisaria e deveria fazer somente meu check-in.

Em síntese chego a conclusão de que nossa diretoria nos engana a cada feito, de que a inauguração já foi feita e desta, levo comigo a mais simples e singela das emoções: Vi, vivi e venci! Que Deus me permita ter filhos, e que se colorados forem, tenham orgulho do seu então velho pai que participou de um momento histórico do Inter.

Por Vinícius Borges de Carvalho

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