Quarto-zagueiro Osvaldo
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Quarto-zagueiro Osvaldo



Matéria de Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, página "Onde Anda Você?", do Jornal O Estado do Maranhão, de 25 de Maio de 1998

 Equipe do Moto Club em 1971. Em pé: Assis, Ribeiro, Cléssio, Osvaldo, Romido e João Bala. Aachados: Maduro, Marcos do Boi, Nilo, Faísca e Paraíba

Qual foi a magia que fez o carioca Osvaldo chegar ao Maranhão e nunca mais sair? Uma delas deve ter sido o carinho da torcida boliviana, que soube respeitar ao longo dos anos o craque da quarta-zaga, que chegou em 1965 para reforçar o Sampaio na Taça Brasil. A paixão por São Luís fez o resto no jovem jogador vindo do Rio de Janeiro, que hoje é maranhense tanto quanto nós somos.

Nunca passou pela cabeça de Osvaldo vir parar em uma cidade do Nordeste. Carioca da gema, ele era um meio-campista das categorias de base do Botafogo, que sonhava se dar bem na profissão de jogador de futebol de campo. Foi o treinador Alfredo Pereira, do Sampaio ? que havia sido seu preparador físico no alvinegro do Rio ? o responsável pela mudança do destino do jovem atleta de 19 anos. Alfredo Pereira dez o convite para ele vir reforçar o Tricolor de São Pantaleão, campeão de 1964 e representante estadual na Taça Brasil do ano seguinte.

Na esperança de se dar bem e voltar ao Rio como profissional de um grande clube, ele topou o desafio de passar dez meses na capital maranhense. No Aeroporto do Tirirical, enfrentou o gravador do jovem repórter Herbert Fontenele, da Rádio Timbira. De lá foi para o casarão da Jordoa, a casa do atleta, onde hoje dica o SEST/SENAT (Serviço Social de Aprendizagem do Transporte).

O tempo era de energia elétrica de 110 volts, do bonde como transporte, dos treinos no 24 BC e base aérea do Tirirical. O Tricolor tinha em seu quadro Manga, Zé Raimundo, Brito, Omena, Valfredo, Bero, Jarbas, Peu, Chico, Vadinho, Maneco e Sabará.

Alfredo Pereira resolveu adaptar Osvaldo na lateral-direita. Na estreia contra o Flamengo do Piauí, em Teresina, ele se saiu razoavelmente bem na vitória boliviana por 1x0. Conseguiu se dar melhor no segundo amistoso, empate em 1x2 contra o River.

Veio a Taça Brasil e o Sampaio terminou eliminado pelo Remo do Pará. Começava depois o Campeonato Maranhense. A atuação de Osvaldo não agradava e a imprensa passou a fazer cobranças. Com 20 anos de idade e sem amadurecimento necessário para superar as críticas, o lateral-direito balançou. Se não fossem os conterrâneos Valfredo, Jarbas e Sabará, ele confessa que teria ido embora. Ainda bem que não foi. No decorrer da competição, Osvaldo foi crescendo e passou a ser um dos grandes nomes do time, que na vitória por 1x0 sobre o Moto (gol do centroavante Toinho, de Caruaru), conquistou o bicampeonato estadual.

  Equipe do Sampaio em 1965. Em pé: Vadinho, Osvaldo, Manda, Maneco, Walfredo e Nivaldo. Agachados: Jarbas, Jocemar, Antoninho, Peu e Joel

Quem ia ficar apenas dez meses no Sampaio, terminou renovando contrato por mais uma temporada. Da lateral-direita Osvaldo foi testado na meia-zaga. E se firmou pela categoria com que se postava em campo. Ganhava as jogadas com inteligência porque tinha trato com a bola. Era duro, mas leal. Baixo para a posição, se sobrepunha aos adversários na impulsão. Educado e um líder natural, passou a ser o grande capitão boliviano. Respeitado pela imprensa, sempre figurava na lista dos melhores emitida após cada campeonato pela Associação dos Cronistas Esportivos.

Em 1967 o então Presidente do Sampaio, o falecido Antônio Bento Farias, resolveu vender quase todo o time para o Ferroviário do Ceará. Um dos poucos a ficar, Osvaldo acompanhou a ascensão dos juvenis Cadinho, João Bala, Djalma Campos, Pompeu, Jovenilo, Zé Arnold, dentre outros.

O Moto era bicampeão maranhense (1966/67) e a campanha desestabilizava o Sampaio. No ano seguinte Osvaldo passou um mês de testes na Tuna Luso, mas por falta de acertos financeiros voltou a São Luís e terminou emprestado ao rubro-negro maranhense, que participou do Nordestão. Foi campeão do Torneio da Amazônia. Só que no Estadual, de volta ao Sampaio, viu o Moto chegar ao tri.

Em 1969 Osvaldo atravessava uma ótima fase. O Fortaleza, o Olímpico e o Fasta de Manaus queria comprar o passe dele. A negociação não deu certo. Foi a época em que ele se tornava mais maranhense ainda com Catarina. Já em 1971 o Moto passou a contar com a experiência do quarto-zagueiro. A situação do clube não era nada boa. Parecendo que era filho do Sampai, Osvaldo não mostrou o mesmo futebol. Começando a achar que estava entrando em fase final de carreira, arrumou um emprego no setor administrativo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão e resolveu parar.

Com 27 anos de idade, ele ainda passou três meses no ferroviário, que não exigia a sua presença nos treinos. Esteve também no São José em 1973. Não quis largar o futebol e passou a ser treinador. Foi o primeiro técnico do Tupan, em 1975. Fez um bom trabalho. O mais difícil foi tentar mostrar aos dirigentes que os resultados só apareciam a longo prazo. Obviamente que não conseguiu. E o Maranhão perdeu um profissional, que com certeza muito teria que ensinar aos mais jovens.



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