Nessa semana fui questionado por um amigo de um grande site de futebol sobre a declaração de um treinador brasileiro em que este dizia ser o 1-3-5-2 um ?esquema? (palavra do treinador) mais fácil de jogar. Segue a resposta que encaminhei a esse amigo:
?Ainda não há um consenso entre os profissionais do futebol quanto à plataforma de jogo (e por plataforma entenda a distribuição numérica entre os setores - 1-4-4-2, 1-3-5-2, 1-4-3-3, etc. - sem considerar a dinâmica adotada pela equipe) mais eficiente independentemente da situação encontrada pelo treinador. O português José Mourinho utiliza o 1-4-3-3 no início do seu trabalho com as equipes que trabalha (foi assim no Porto, no Chelsea e em seu primeiro jogo oficial pela Inter de Milão também jogou nessa plataforma). Ele acredita que a distribuição equilibrada por setores do campo dos atletas que o 1-4-3-3 permite, acelera o processo da construção de uma forma de jogar coletiva que seja competitiva. Isso acontece pela assimilação mais rápida por parte dos atletas quanto aos objetivos traçados.
Muito comum no Brasil, o 1-3-5-2 é menos utilizado pelas equipes fora do nosso país (vemos ainda equipes italianas médias e pequenas jogando nessa plataforma), pois nesse momento as plataformas com 4 jogadores na linha defensiva são as preferidas pelos treinadores estrangeiros.
Essas diferentes opções são resultado de conceitos diferentes sobre o jogo. Treinadores brasileiros usam em sua maioria a marcação mista (o jogador marca o adversário que jogar dentro da sua área de atuação, a referência da marcação é o adversário) enquanto os europeus (principalmente) optam por jogar marcando por zona (tendo como referência a bola e o espaço).
Portanto preferir o 1-3-5-2 jogando no Brasil faz todo o sentido, pois as equipes jogam normalmente com dois atacantes facilitando o encaixe no adversário (3 zagueiros para 2 atacantes, ala bate com lateral adversário, volante marca meia, meia marca volante e atacantes marcam zagueiros). E jogar nas plataformas 1-4-3-3, 1-4-4-2, 1-4-5-1 (com todas as variações de distribuição de atletas que essas plataformas permitem) sempre com linha defensiva de 4 jogadores na Europa, onde se marca preferencialmente por zona também se justifica, porque atende a outras necessidades do jogo como por exemplo de se ocupar melhor toda a largura do campo.
Concluindo, a opção por esta ou aquela plataforma depende da filosofia de trabalho do treinador, dos conceitos que este tem sobre o jogo e da característica do grupo de atletas.
Não há evidências científicas comprovadas por pesquisas que existe efetivamente uma plataforma mais vencedora que outra. E ter sua assimilação mais facilitada não é suficiente para que uma plataforma se justifique, ela precisa apresentar resultados práticos, que nesse momento parece ter mais relação com a sistematização de um sem número de dinâmicas dentro dela.?
Confira a coluna completa no site Cidade do Futebol