O jogo dos sete ... erros ou anões ? O que o time(?) de Dunga tem a ensinar
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O jogo dos sete ... erros ou anões ? O que o time(?) de Dunga tem a ensinar


Pela terceira rodada consecutiva jogando em casa, a Seleção Brasileira de futebol empatou em zero a zero e, excluindo-se o jogo contra a Argentina pode-se considerar que o Brasil deixou de somar quatro pontos nas partidas contra Bolívia e Colômbia que o colocariam muito próximo ao Paraguai, líder das Eliminatórias Sul-americanas. Tão preocupante quanto os pontos perdidos é a maneira anárquica com que a Seleção se apresenta nos jogos, com um modelo de jogo pouco elaborado e mesmo assim confuso na aplicação de princípios individuais e coletivos às situações que o adversário proporciona. Nos sete tópicos a seguir, estão algumas observações sobre os conceitos que o Brasil demonstra no seu jogo, nas falas dos atletas e nas tomadas de decisão do seu treinador.

1. Princípios Operacionais de Defesa (POD)

A Colômbia jogou na plataforma 1-4-4-2 com ?duas linhas de 4? bem definidas e utilizou como POD impedir a progressão do adversário. Ela só mudava o POD quando o Brasil passava da intermediária ofensiva e a equipe colombiana buscava recuperar a bola. O Brasil utilizou como POD impedir a progressão até a linha 3 (meio ? campo) e recuperar a bola quando o adversário entrava em seu campo. Nesse tópico começam a surgir os problemas para a Seleção, pois devido sua disposição em campo (veremos a seguir) não conseguia circular a bola quando em posse da mesma, perdendo-a rapidamente e, quando sem bola, optou por um princípio operacional inadequado porque quando a posse era colombiana, seus zagueiros realizavam passes laterais sem a menor pretensão em progredir no campo de jogo. Ao tentar adiantar a marcação, o Brasil desorganizava-se e a Colômbia o atacava com espaços.

2. Estruturação do espaço de jogo

Devido ao POD da Colômbia, em muitos momentos fazia-se necessária a circulação da bola pela equipe brasileira. O trabalho dos jogadores colombianos foi bem facilitado pela péssima estruturação espacial que o Brasil apresentava quando em posse da bola. A disposição pelo gramado dos jogadores brasileiros não dava conta de criar linhas de passe em bom número ao portador da bola (triângulos, losangos e diagonais) e nem aproveitava todo o espaço possível cumprindo alguns princípios estruturais de ataque como amplitude e profundidade, por exemplo.

3. Velocidade de(o) jogo

Sem algo desenhado sob o ponto de vista estrutural e espacial (estruturas fixas e móveis) e enfrentando uma equipe que desacelera o jogo através da sua estratégia adotada fica complicado aumentar a velocidade de passe-domínio-passe para que a circulação fique mais dinâmica. Para completar, Dunga deu declarações justificando a falta de velocidade ao cansaço dos jogadores Kaká e Robinho (que teoricamente seriam os responsáveis por proporcionar essa característica à equipe) como se o padrão coletivo não tivesse interferência nesse quesito.

4. Entrevistas de Kaká e Lúcio no intervalo

Ao final do primeiro tempo os jogadores Lúcio e Kaká deram entrevistas em que usaram palavras diferentes, mas falaram sobre aumentar a velocidade do jogo. Lúcio falou mais especificamente sobre ter que jogar em maior velocidade e Kaká sobre passar a bola de forma mais rápida. Os jogadores parecem compreender o que ocorre na partida, mas as soluções que escolhem não atendem às necessidades.

5. Saída de bola, chutões e segundas bolas

Outra conseqüência do princípio operacional proposto pela Colômbia foi a dificuldade que a Seleção tinha na saída de bola. A linha defensiva brasileira rodava a bola sem progressão, e sem velocidade, não criando espaços e nem sendo ajudada pela movimentação dos jogadores à frente da linha da bola. Como resultado, a tentativa de realizar ligação direta, através de passes longos, altos e verticais. Com a defesa colombiana recebendo esses passes de frente e com a superioridade numérica em seu campo de defesa (8 + 1 X 3 e 8 + 1 X 4 na maioria da vezes) as ?segundas bolas? na maioria das vezes eram da equipe visitante.

6. Robinho e a leitura do jogo

Jogando contra uma equipe que coloca rapidamente nove jogadores (oito + goleiro) em seu campo de defesa, parece claro que sempre que for possível deve-se contra ? atacar com velocidade, mudar de zonas do campo (tanto em horizontalidade como em verticalidade) para que o ataque termine rapidamente antes da recomposição adversária. Robinho, sempre que teve a oportunidade optou pela condução, mas antes de qualquer crítica individual, deve-se observar que não foram criadas linhas de passe interessantes para que a melhor decisão fosse tomada.

7. Entrada do Mancini e saída do Robinho

Ao colocar o ala Mancini, houve uma tentativa de um 1-4-2-1-3 com Robinho e Mancini abertos e Kaká nas costas do Jô. Em seguida, Robinho de machucou, entrou Alexandre Pato e Jô veio jogar aberto e longe do gol pelo lado esquerdo. Para jogar com três atacantes é necessária uma familiarização com essa plataforma para que suas dinâmicas sejam bem aplicadas, caso contrário há uma inferioridade numérica em zonas importantes do campo.

Sem considerar a falta de coordenação das transições brasileiras e outros detalhes como a mudança constante de plataforma de jogo, não observa-se que a comissão técnica da Seleção tenha claro algumas coisas que foram abordadas nesse artigo. É sempre um processo de aprendizagem assistir aos jogos da Seleção Brasileira, principalmente para aqueles que, com uma visão crítica, estão construindo um saber sobre o jogo. E para esses, aprender coisas novas é algo contínuo que nunca terminará, enquanto para outros o que está estabelecido é uma verdade suficiente para dar-lhes respostas, independente se são sempre as mesmas, afinal no futebol tudo que tinha para ser criado está aí, o resto é invenção. Você acredita nisso?


Leandro Zago




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