Futebol

O azar (?) que selou o destino de dois clubes para a eternidade

Como se determina um clube grande? O que define grandeza? Somente títulos? História, torcida, estrutura, o que mais influencia para isso? Quais quesitos usar para a comparação de times? Santos e Botafogo. Dois gigantes do futebol brasileiro. Dois times muito parecidos, mas que hoje vivem realidades muito diferentes, graças a seus passados completamente interligados.

A comparação de grandeza é inevitável. E, hoje, é comum vermos rankings de clubes feitos por torcedores, onde colocam o Santos no topo da lista e o Botafogo no rodapé dela. Há quem mal considere o time de General Severiano como grande. E os mesmos, enchem a boca para colocar o alvinegro praiano como maior do Brasil.

Por que tamanha diferença?

Eu me arrisco a dizer que títulos sejam o único critério analisado para essa avaliação. Mas será que isso é justo? Títulos? Apenas? Um lance, uma bola vadia, uma sorte (ou azar), uma disputa de pênaltis, uma trave, um erro de arbitragem, uma falha... Tudo isso pode decidir um campeonato. Pode tirar o título das mãos de uma perfeita seleção e o colocar na sala de troféus de uma zebra, por exemplo. E por esse acaso, por essa pequena obra do destino, a 'perfeita seleção' será esquecida e o clube marcado eternamente como um time pequeno? Somente porque aquela bola bateu na trave e foi pra fora, ao invés de entrar? Bom, começando a ser mais específico, vamos voltar à metade do século 20: Santos, um dos maiores clubes do Brasil: Gilmar; Lima (Carlos Alberto Torres), Mauro, Calvet e Dalmo; Zito e Dorval; Mengálvio (Clodoaldo), Coutinho (Toninho Guerreiro), Pelé e Pepe (Edu).

Esse time, somente na década de 60, conquistou 23 títulos. Destacando-se dois Mundiais interclubes, duas Libertadores, cinco Taças Brasil, um Robertão e oito campeonatos paulistas. Sem contar que o clube cedeu 4 jogadores que conquistaram o Mundo pela Seleção Brasileira em 1958 e 1962.

É, não à toa o chamam de maior do Brasil...

Agora vamos ao Botafogo, por volta daquele período também. Vamos lá, com vocês, o menor clube do G12: Manga (Adalberto); Nilton Santos (Rildo), Tomé, Zé Maria e Paulistinha; Airton e Pampolini; Didi, Zagallo (Paulo Valentim), Quarentinha (Amarildo) e Garrincha. Outro timaço, hein? Time que, como o Santos, também cedeu mais 4 jogadores à seleção campeã em 1958 e 1962.

A estrela solitária mostrava toda a sua força com a hegemonia erguida no Rio de Janeiro na época, além das conquistas de torneios Rio-SP (Competição menor apenas que a Taça Brasil, na época). Além disso, o clube disputou diversos torneios pelo mundo, onde venceu quase todos, se tornando o segundo clube brasileiro mais reconhecido no exterior, atrás apenas do Santos, lógico. Aliás, essa excursão foi o motivo do time ficar relativamente "fraco" nas competições nacionais nesse período. O time que encantava o Mundo com sua magia, seu futebol bonito, seus gols exagerados, mas que, por obra do destino, foi ofuscado pelo Santos de Pelé e acabou não conquistando muitos títulos de expressão.

Os confrontos entre Botafogo e Santos eram de tirar o fôlego. A final da Taça Brasil de 1963, onde, após vitória Santista por 4x3 e derrota por 3x1, precisou de um terceiro jogo para definir o campeão; a semifinal da Libertadores do mesmo ano, em que o time de Pelé conquistou o bicampeonato e o torneio Rio-SP de 64, em que o Glorioso conseguiu sua revanche foram ótimos exemplos disso. Após isso, a geração de Gérson e Jairzinho apareceu. Tão brilhante quanto a antecessora. Por tudo isso, o Botafogo, com méritos, esteve presente na lista da FIFA dos maiores clubes do século XX. Nesse período, sem dúvida alguma, Santos e Botafogo eram os melhores times do Brasil. E, além disso, podemos dizer também que essa época foi fundamental para a fama santista, dada por vários, de maior clube brasileiro. E o Botafogo, tão brilhante quanto o Santos, na mesma época, é intitulado como "menor dos grandes". Simplesmente porque uma ou duas bolas não entraram, ignorando totalmente o trabalho realizado, os ídolos, a magia. O futebol, em resumo.

Essa avaliação é mesmo justa? Um time tão brilhante merece ser esquecido e desmerecido por obras do acaso?

Concluam

. Agora, expondo minha opinião, o Botafogo e o Santos são gigantes. Igualmente. E não são os maiores do Brasil. Se o quesito fosse apenas títulos, o Santos até poderia brigar por isso. Mas título é consequência.

Futebol é muito mais complexo que uma taça. Título é consequência do trabalho. A balança é o trabalho. E não uma faixa de campeão.

Fontes: Imortais do Futebol, GloboEsporte, Futpédia.

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