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Maior goleiro-artilheiro do mundo e recordista de participações pelo São Paulo, Rogério Ceni atinge mais uma marca importante justamente em um período de transição e dúvida de sua carreira. Na noite desta quarta-feira, diante do Universitario, o capitão são-paulino completará seu 900º jogo pelo Tricolor e lutará para provar que ainda está em alto nível.
Incontestável para a grande maioria da torcida são-paulina, Ceni viu suas falhas e lesões aumentarem desde o ano passado, mas a obsessiva busca por mais um troféu da Copa Libertadores o move na corrida por outros recordes.
"O maior presente seria ganhar outra Libertadores. E vou batalhar muito para isso. O comportamento do time reflete muito o de seu capitão. Se o capitão não estiver bem, o time vai sentir o reflexo. Também tenho que me doar e falar mais. Isso é o que vou fazer. Este grupo tem condição de entrar para a história em um dos maiores clubes do mundo", avisa.
Há quase 20 anos no clube e apontado como futuro presidente tricolor, Ceni é o 'dono da bola' no Morumbi, já que sua opinião vale tanto quanto a de um alto dirigente. Suas declarações também são o termômetro para a torcida.
E a obstinação do goleiro já podia ser percebida desde sua primeira atividade no São Paulo. "Quando ele chegou, ainda era juvenil. Eu estava no primeiro treino dele no CT e fiz seu aquecimento. Levou gol, mas foi muito bem no coletivo e ficou. Sempre mostrou vontade de vencer na vida e continua com sede por vitórias. Ele sempre manteve seu estilo de correr em busca das coisas", recorda Sérgio Rocha, preparador físico assistente do clube.
Nascido em 22 de janeiro de 1973, em Pato Branco (PR), Ceni iniciou a carreira no Sinop-MT, mas logo se transferiu para sua casa, o Morumbi, onde está desde 7 de setembro de 1990. Depois de alguns anos nas categorias de base, o goleiro foi promovido para ser um dos suplentes do ídolo tricolor da época, Zetti.
"Ele treinava comigo e com os outros goleiros, mas era difícil de falar que se transformaria no maior goleiro da história do São Paulo. Mesmo assim, podíamos perceber que tinha requisitos para ser um excelente jogador. Foi amadurecendo aos poucos e adquirindo confiança. Sempre teve uma conduta diferenciada, colocando sua opinião no grupo, com um perfil de líder", explica Zetti.
Mas a estreia de Rogério Ceni entre os profissionais só aconteceu em 1993, em uma vitória por 4 a 1 do Tricolor sobre o Tenerife (da Espanha). De lá para cá, o jogador virou história, mas evita carregar um peso a mais na partida especial desta quarta-feira.
"A preparação é a mesma de qualquer outro jogo, mas é um número significativo entrar 900 vezes em campo, em quase 20 anos de clube, sendo 14 como titular. Eu me orgulho bastante pelo profissionalismo e pela dedicação durante todos esses anos. O número redondo só vem a chamar mais a atenção da imprensa, mas os 899 anteriores também foram difíceis", adverte o goleiro.
Ceni só virou dono da posição no São Paulo em 1997, sob o comando de Muricy Ramalho, depois da saída de Zetti. E substituir um ídolo da torcida não foi tarefa fácil para o então novato. "Quando saí e fui para o Santos, ele encontrou dificuldade porque tinha que conquistar a torcida. Não é fácil virar titular do São Paulo, mas ele ganhou confiança ao conquistar o Paulista (de 1998) e é hoje um dos maiores esportistas do Brasil, e não só do São Paulo", explica Zetti.
Ainda em 1997, começou a cavar seu espaço na história do futebol ao marcar seu primeiro gol, contra o União São João de Araras. A partir de então, aperfeiçoou as cobranças de falta e pênalti e ultrapassou os 62 gols do paraguaio Chilavert, tornando-se o maior goleiro-artilheiro do mundo. Atualmente, já soma 89 bolas nas redes e busca o 100º tento.
Mas os recordes não pararam, e o capitão virou o atleta que mais vezes atuou pelo Tricolor, superando Waldir Peres, que jogou em 617 partidas. Além disso, é o maior goleador do São Paulo em edições da Copa Libertadores (com 11 tentos).
"Eu brinco com ele dizendo que é uma lenda viva, porque continua fazendo história a cada dia em que está no São Paulo", acrescenta Sérgio Rocha. E, para reforçar ainda mais seu status de mito são-paulino, Ceni quer mais uma taça da Copa Libertadores. Esteve no grupo que conquistou a edição de 1993 e foi peça fundamental no título de 2005, quando ergueu o troféu.
A obsessão do capitão pelo torneio continental não acaba. Com contrato até o fim de 2012 no Morumbi, o goleiro planeja lutar pela tão cobiçada taça até o encerramento de sua carreira. Depois de superar a fratura no tornozelo esquerdo no ano passado, Ceni tentará mostrar seu poder de reação no mata-mata desta temporada. E o primeiro candidato a 'vítima' é o Universitario.
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