Futebol
Comportamento de Vencedor - O incrível time que tem fome de vitórias
Tenho acompanhado com especial atenção na temporada o time do Vasco. Clube que está na minha memória afetiva com aquele gol do Sorato em 89, mas especialmente com aquele timaço de 98, que só não foi campeão do mundo porque cansou de perder gols na final contra o Real Madrid. De lá pra cá, passou por muitos problemas, se livrou de Eurico Miranda, ganhou Roberto Dinamite como presidente, foi rebaixado, retornou ao lugar de onde nunca deveria ter saído, e em 2011 faz uma das temporadas mais espetaculares de um time brasileiro nos últimos tempos.
Mais do que time da moda, creio que o Vasco está se empenhando em contrariar todos aqueles velhos chavões da bola e prestando um serviço inestimável ao futebol brasileiro. O time ganhou a Copa do Brasil, e está seriamente na disputa do Campeonato Brasileiro e da Copa Sul-Americana. Em nenhum momento considera priorizar competições, mas pensa estrategicamente como o clube pode fazer frente a todos os compromissos agendados, respeitando a sua história, sua camisa e sua torcida. Mas a que se deve todo esse apetite por vitórias?
A primeira resposta que vem à cabeça de quem tenta responder essa pergunta é Ricardo Gomes. Segundo essa teoria, depois do grave problema de saúde, felizmente já superado pelo técnico, o time fechou uma aliança pelas vitórias, e devido a isso tem disputado com afinco os dois campeonatos que participa.
Com certeza essa é uma das razões, mas não explica tudo. Já vi muitos times passarem por traumas assim e se abaterem, de desconcentrarem, se abalarem psicologicamente e não conseguirem mais render. Seria uma razão muito bem aceita se o time caísse de rendimento a partir desse episódio, mas não o fez.
Tenho duas explicações. A primeira se deve ao tipo de ídolos que o clube tem. Por mais que jogadores como Romário, Edmundo e outros polêmicos sejam ídolos vascaínos, os grandes referentes cruz-maltinos são jogadores respeitosos, de bom caráter, e capazes de colocar a instituição acima de seus interesses pessoais. Veja o emblemático caso de Juninho Pernambucano. Voltou ao Vasco ainda em condições de ser um jogador decisivo, ganhando um salário simbólico, que é incrementado em função de sua produtividade. Veja o caso de Felipe, que joga na lateral, de volante ou de meia sem reclamar, se doando ao máximo, fazendo o time jogar e dando o exemplo aos mais jovens. Em um ambiente como esse, nem Diego Souza, emérito encrenqueiro, se atreve a reclamar ou fazer beicinho, como em quase todos os times por onde passou. Aprendeu que o Vasco está acima de todos, e que o importante é fazer o clube voltar a ser vencedor.
Mas a grande explicação do porquê do Vasco se propor a ganhar tudo o que disputa, para mim, está lá em cima. Se chama Roberto Dinamite. O maior ídolo da história do Vasco, é um cara muitíssimo respeitado pela torcida do Flamengo até os dias de hoje. Isso diz muito sobre o tipo de ídolo que foi, é e sempre será. Jamais provocou torcida adversária, sempre focou no Vasco e em ganhar tudo o que disputava. Chegou à presidência do clube de São Januário enfrentando ferozes brigas internas, a começar pela eleição contra Eurico Miranda, que até hoje faz uma oposição nada velada. No início de sua gestão, terra arrasada, mais brigas e um rebaixamento que poderia liquidar qualquer um. Mas não ele. Entendeu que não poderia centralizar todas as ações do clube, e tratou de focar no que era mais importante. Trouxe gente capacitada para o seu lado, casos de Rodrigo Caetano, Cristiano Koehler, entre outros, e logo colheu os frutos de seu trabalho na série B, trazendo a torcida para seu lado e investindo em infra-estrutura. Em todos os momentos de crise, jamais se ouviu a voz de Roberto colocando a culpa em A, B ou C, mas sempre analisando a situação, no sentido de que era preciso organizar o clube para voltar a vencer. Buscou esse perfil em todos os profissionais contratados, e entre erros e acertos, formou um grupo vencedor, humilde e com muito apetite de vitórias.
Esse sentimento está presente em viradas históricas na Copa do Brasil, no fantástico embate contra o Universitário na Copa Sul-Americana, e na constante busca do título contra um clube que possui um time melhor e com mais jogadores capazes de decidir. Não sei se o Vasco vai superar o Corinthians no Brasileiro, ou se vai levar a Sul-Americana, mas o comportamento de vencedor faz do Vasco um time que enche os olhos de qualquer um que acompanha os seus jogos.
Tenho a certeza de que, por essas razões elencadas acima, se Ricardo Gomes continuasse à frente do time sem passar por nenhum problema de saúde, os resultados do clube cruz-maltino seriam rigorosamente os mesmos. Porque foi construído um alicerce sólido no clube, baseado em comportamentos vencedores, humildes e que colocam o clube acima de qualquer outra coisa. Só isso pode ser capaz de explicar o que leva o Vasco a contrariar a irritante prática dos clubes brasileiros de abrir mão de competições em detrimento de outras mais importantes ou, pior, em nome de vitórias passadas. E, o melhor de tudo, esse comportamento parece estar se tornando um modelo, vide o caso do Santos, que tentou até onde as lesões e convocações de seus jogadores deixaram disputar com afinco o Campeonato Brasileiro, por mais que tenha um Mundial pela frente. Saudemos, pois, o Vasco e seu comportamento de clube vencedor.
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