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Como ganhar do Felipão

Foi realizada hoje, no Estádio Olímpico, a primeira das três partidas do Grêmio contra o Palmeiras, ou, como queiram, do Luxemburgo contra o Felipão.

Sempre gosto de contextualizar aos mais novos: na década de 90, o Grêmio de Felipão e o Palmeiras de Luxemburgo protagonizavam os grandes embates do país, jogos emotivos e cheios de confusões; inclusive, os dois técnicos brigaram num Grêmio x Flamengo na Copa do Brasil de 97. A torcida do Grêmio odiava Luxemburgo, ele sempre foi considerado como inimigo azul, situação fomentada pelo seu passado vermelho.

Bom. O tempo passou, e nosso inimigo hoje é nosso comandante, papel que vem desempenhando com afinco. E eis que surge no horizonte de um Grêmio desesperado por títulos o Palmeiras do nosso antigo comandante, embate válido pelas semifinais da Copa do Brasil. Detalhe: das 7 partidas contra Felipão, o tricolor perdeu 3, empatou 3 e só hoje conseguiu sua primeira vitória. Existe alguma explicação para isso ou é só coincidência?

Desconfio que existe alguma explicação sim. O Grêmio é um time que depende muito da força da torcida, e nem tô falando do time de hoje, mas de todos os times que já passaram pela Azenha. O clube tem por característica ser empurrado pela fanática torcida, que em condições normais costuma fazer a diferença. Eu já presenciei dois jogos contra o Palmeiras de Felipão, e identifiquei um sentimento gremista de gratidão, amor e complacência em relação ao nosso antigo mestre; e esse sentimento, de alguma forma, era passado aos atletas do time verde, que se sentiam à vontade no Olímpico e ganharam os dois jogos dos quais me refiro. Enquanto a torcida aplaudia e gritava seu nome, ele fazia seu papel, orientando seu time à beira do gramado, reclamando da arbitragem e comemorando os gols de seu clube (no que ele está absolutamente certo). Desconfio que Felipão consiga passar uma mensagem aos seus atletas, que até pode ser inconsciente, de que a casa é dele e que seus jogadores podem jogar tranquilos. Mesmo que eu esteja errado, o Grêmio tem grandes dificuldades em enfrentar aquele que eu considero o maior técnico da história do clube, e essa dificuldade é demonstrada pelos números.

Dito isto, desde que o duelo da semifinal da Copa do Brasil foi confirmado, eu penso na forma de lidar com esse problema. Acho que a torcida terá que assumir um papel de protagonismo ainda maior. O que significa isso? Significa neutralizar o problema. Vaiando Felipão? Em absoluto! Além de isso ser humanamente impossível, injustificável e inviável, seria dar mais armas ao nosso antigo mestre, que sabe como ninguém transformar adversidades em conbustível para vitórias.

Hoje a torcida aplaudiu, gritou seu nome e o Grêmio ganhou, muitos dirão. Mas a motivação de ambos foi bem diferente do que será nos jogos decisivos, e a amostragem de hoje me preocupou. Receio que não seja suficiente para passar de fase.

Então, amigos tricolores, proponho um grande esforço coletivo: sejamos indiferentes a Felipão. Sim, quando o Palmeiras entrar em campo, esqueçamos que ali está o nosso comandante, aquele que nos levou a grandes vitórias. Não aplaudamos Felipão. E muito menos tentemos vaiá-lo, nada disso. Lembremos que ali está nosso adversário, não ele, mas aqueles que entrarão em campo calçando chuteiras e vestindo a camisa verde. Finjamos que eles não têm técnico. Vaiemos eles. Não os deixemos respirar. Os impeçamos de tocar na bola com a força do nosso grito. E então, ao apito final do primeiro jogo, com o placar marcando 2 x 0 para o Grêmio, aí sim aplaudamos nosso mestre. Gritemos seu nome, e peçamos que ele seja o primeiro técnico tricolor na Arena. Disputando outra Libertadores, e com a esperança de viver aqueles dias da década de 90. Depende de nós.

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