Futebol
Ontem eu não pude ir ao jogo do colorado. Vi pela TV, na distante São Gabriel, em um bar. É um local famoso por irem colorados. Cheguei, peguei uma mesa, pedi uma água sem gás e comecei a ver a transmissão. Passado alguns minutos, entra um pai, vestindo a camisa do Inter, uma mãe, e seu filho. Chuteira, camisa e boné do colorado e luvas de goleiro. Luvas maiores que suas mãos, como são todas as luvas de goleiros de crianças de sete anos. Em volta da mesa, ele fazia defesas imaginárias, as narrava.
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A VOZ DO INTER - Sonho Infantil
No intervalo do jogo, ele veio falar comigo. Me contou sobre o jogo de ontem no colégio. Contra o time do terceiro ano, ele levou quatro gols, mas seu time venceu por dez. Me disse que defendeu um pênalti, do guri que chuta mais forte no colégio. E fez um gol, afinal, mesmo sendo goleiro, é ele quem bate os pênaltis e faltas para o seu time.
Me mostrou o seu braço ralado, de uma defesa corajosa que fez hoje. Mostrou também a cicatriz e os pontos que levou quando quebrou o braço, segundo ele, numa falta criminosa do atacante adversário. Mas isso faz tempo, é de quando eu era criança, me disse ele.
No nosso curto papo, falou das falhas do Muriel e do Alisson, e da munhequeira rosa da luva deles. Segundo meu novo amigo, rosa é cor de bixa.
Questionei se ele jogaria no Inter daqui alguns anos, e ele me disse que sim, se o Inter o contratasse. Falou que jogaria no Grêmio também, afinal, ele era profissional.
Logo o jogo recomeçou e ele foi para a mesa dos seus pais, fazendo defesas imaginárias milagrosas.
Esse ocorrido foi o que salvou a noite de ontem. O time do Inter? Mais do mesmo de sempre.
Marcelo Ducati Ferreira
@marceloducati
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