Vícios (demais) e virtudes (de menos)
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Vícios (demais) e virtudes (de menos)


Deve-se dar o devido crédito à ESPN Brasil por exibir os grandes jogos da história das Copas. Sempre discuti com o Toro que esses canais a cabo deveriam OBRIGATORIAMENTE ter um programa que mostrasse gols antigos, aos moldes do antológico Gol - o Grande Momento do Futebol, de Alexandre Santos, porque o soccer, por incrível que pareça, crianças, possui uma história de bem mais de 100 anos. Sim, é verdade! Não foi criado com Ronaldo na década de 90, não! O maior craque já surgido no mundo não é David Beckham, por mais surreal que isso possa soar!

Mas os articulistas do canal são previsíveis em sua estupidez, e não poderiam deixar passar uma ocasião como a exibição de jogos "pré-históricos" sem demonstrar isso (e nossa função aqui é expor as entranhas e remexê-las - para ler elogios, procure um desses micos de circo por aí, muito fáceis de se encontrar em jornais, sites ou emissoras de TV). Primeiro, foi o tal Paulo Andrade - no meio do segundo tempo de Argentina x Holanda, em 78, ele me solta: "mas como eram estranhos os uniformes dessa época, não?". Esse é um ponto que dói aos admiradores do futebol moderno: as vestimentas antigas. Acostumados a esses uniformes feitos dos materiais mais avançados, padronizados de acordo com os campeonatos locais e coloridos de acordo com suas necessidades financeiras, eles chegam até a ter nojinho quando uma camisa mostra marcas de suor. Um comentário como esse, portanto, não serve para mostrar à audiência, com naturalizade, que os tempos mudam a maneira de se vestir de um atleta; mas sim para depreciar o antigo, torná-lo desagradável, e exaltar o que é vendido pelo canal agora - em especial os torneios europeus "lançadores de tendências" (coisa meio Ronaldo Ésper, não?). É o narrador buscando não adequar o nosso olhar, e sim em fazê-lo permanecer estranho àquilo que exibe - postura deveras cretina para um comunicador, mas facilmente explicável se o mesmo está ali para fazer a roda do comércio girar. Agora percebe-se o porquê de camisas antigas serem dadas como brinde em promoções de guaraná, e os modelos mais recentes, vendidos a peso de ouro em lojas de shopping.

Depois, na terça-feira, enquanto transmitiam Brasil x Itália, de 82, Antero Greco (um cara da escola de Celso Cardoso e Arnaldo Ribeiro, que somente repetem, sorrindo, o que o senso comum aponta) me sai com essa: "Essa seleção de 82 tinha um jogo muito mais bonito do que as de 94 e 2002, que foram campeãs". Opa, pera lá... Minha mãe, que não sabe NADA de futebol, falaria isso - e porquê? Porque tornou-se um clichê, um lugar-comum repetido desde aquele horroroso selecionado do Parreira ter sagrado-se tetracampeão do mundo há mais de 15 anos. Isso já foi repetido tantas vezes, e de forma tão automática e gratuita, que a própria frase deve bufar de enfado, toda vez que é novamente dita. Um analista deveria ir um pouco mais longe do que repisar esse terreno batido até mesmo por leigos, não? E algo já acontecido há tanto tempo sempre possui coisas diferentes ou mais atrativas para serem ditas, até por conta dessa distância que os anos impuseram. Mas a preguiça mental-verbal sempre fala mais alto. Ou melhor: a limitação do articulista, mesmo. Nem um mínimo que os faça abandonar o conforto do comodismo esses caras são capazes de oferecer. Preferem ser vistos como panacas do que como "agitadores". Melhor continuarem comentando os joguinhos de puro horror do Chelsea ou do Real Madrid, mesmo - parece até que já nasceram para isso.

(Para encerrar, uma confissão: eu gostaria de morrer antes da Copa 2014 no Brasil.)



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