Estamos no final do segundo mês do ano e muitos treinadores já perderam seus empregos em todos os estados do Brasil nas suas várias divisões. Em uma dessas demissões o treinador Vágner Mancini saiu invicto do cargo com a alegação por parte dos dirigentes gremistas de que as atuações do tricolor gaúcho não estavam agradando. Não basta mais vencer, tem que convencer ... mas a quem? A torcida, a imprensa, os dirigentes e tudo mais. Interessante pensarmos em como é feita essa análise de performance, afinal como vimos no caso acima passou a ser também subjetiva. E chama mais atenção ainda o fato de o Grêmio ter contratado Celso Roth para substituí-lo, um treinador que por lá já passou algumas vezes e sempre que saiu teve como principal motivo a falta de bons resultados.
Não importam os nomes, o importante é constatarmos que há um círculo de técnicos que entram e saem dos clubes de tempos em tempos, nesse perde e ganha, sem construir algo, sem planejamento a médio e longo prazo, numa política de resultados que foi criada por tudo que cerca o futebol e o capital financeiro nele presente.
À exceção de cinco ou seis treinadores dentre os times com maior popularidade, a regra é permanecer no clube enquanto os bons resultados são conquistados e preparar-se para a demissão quando aparece uma seqüência de derrotas. O planejamento do futuro do clube, com a formação de equipes competitivas, a oportunidade para jovens jogadores da categoria de base num ambiente propício e projetos de marketing são interrompidos após uma derrota. Pelo equilíbrio das competições profissionais de futebol, qualquer planejamento vinculado apenas e tão somente aos resultados tende ao fracasso, pois o jogo de futebol só tem a capacidade que tem de gerar emoções pela imprevisibilidade do mesmo.
É muito simples para um dirigente manter um treinador vitorioso (pelo menos naquele momento), o que não é fácil é gerenciar essa questão na adversidade. Por isso, na hora de contratar, o alinhamento de filosofias deve acontecer e o treinador tem que estar consciente e de acordo com os projetos do clube para aquele período. Caso contrário essa divergência gerará conflitos que podem interferir na performance. Quando se afirma que treinador precisa de tempo, parece que não estamos falando de futebol. O tempo é sempre pequeno e a necessidade básica é competência. Deixe um técnico incompetente por muito tempo em um clube e veja no que dá.
Enquanto grande parte dos treinadores estiverem em níveis muito próximos, e em algumas vezes abaixo do necessário para determinada situação, o mercado continuará a funcionar da mesma forma. E como em qualquer mercado, o profissional que se destaca é aquele que se diferencia dos demais, com conhecimentos teóricos e experiência prática para gerenciar seres humanos em busca de um objetivo comum.