O sonho do Hexa destruído
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O sonho do Hexa destruído



Antes de um jogo, o torcedor sempre desenha três cenários: o melhor, o pior e o mais realista. No melhor, seu time goleia, com direito a alguns requintes de crueldade; no pior, isso também ocorre, porém contra o seu time; e o realista é uma análise o mais ponderada possível, pensando no que cada um dos times têm de forças e fraquezas. Mas nenhum torcedor do mundo foi capaz de prever, em seu pré-jogo mental, o que aconteceria neste Brasil x Alemanha.

Por mais que Felipão tenha se equivocado na escalação, que estivéssemos sem Neymar e Thiago Silva, que alguns jogadores estejam em má-fase desde o início da competição, era impensável tomar 7 x 1 da Seleção Alemã. Não há apagão suficiente que explique essa derrota, e este post não vai tentar, como disse Júlio César, explicar o inexplicável. Mas algumas análises podem ser feitas.

Os 23 de Felipão não traziam grandes alternativas para mudar um jogo, com alguns jogadores em má-fase, num esquema tático que carecia de uma movimentação que o time não tinha. Era um esquema indeciso entre um 4-2-3-1 e um 4-3-3, mas sem carregar consigo os aspectos positivos de cada um deles. Era como se apresentássemos o pior de cada uma dessas formas de jogar.

Contudo, não concordo que o time era uma porcaria e que só chegamos nas semifinais por enfrentar adversários pouco qualificados. O time da Croácia é muito bom, o México por pouco não eliminou a Holanda, batemos o melhor Chile de todos os tempos, que eliminou a Espanha na fase de grupos, e vencemos uma Colômbia muito bem montada, que tinha um dos craques da Copa, James Rodríguez.

Também não acho que o emocional tenha prejudicado o time: hoje, achei o Brasil até frio demais, não sentiram o peso do jogo no seu aspecto positivo. Por outro lado, não tiveram força para suportar aquele momento de instabilidade da metade do primeiro tempo, onde tomamos 4 gols em 9 minutos.

Do ponto de vista comportamental, achei que faltou agressividade, desde o início. Foi muito diferente do jogo das quartas, onde os brasileiros entraram mordendo e mostrando ao adversário que não estavam para brincadeira. Hoje, no entanto, os alemães fizeram o que bem entenderam, e levaram grande vantagem em todos os aspectos.

Faltou mexer no time quando tomamos os gols? Pode ser, embora eles tenham sido tão rápidos que não sei se haveria tempo para isso. Mas alguma coisa poderia ser tentada, foi muito ruim esperar o intervalo para fechar o time, algo que poderia ter sido feito de início.

Não se trata de comentarista de obra pronta; era meio lógico tentar fechar o time para enfrentar uma Alemanha bem montada, e ainda sem nosso maior craque. E não traria danos: entrava com o time fechado, se não conseguíssemos atacar, abríamos o time no segundo tempo, sem drama. Mas o contrário sempre é mais difícil.

Se existe algo de positivo numa derrota como essa, é o fato de que ela definitivamente apagou 1950 como a grande tragédia do futebol brasileiro. Era mesmo uma injustiça aquela geração seguir carregando um peso que não merecia, em especial o goleiro Barbosa. Prefiro mil vezes tomar 2 x 1 do Uruguai do que 7 x 1 da Alemanha.

Agora, acho que é hora de juntar os cacos e pensar no futuro. 2015 tem Copa América, 2016 tem Olimpíadas no Rio de Janeiro, e em 2018 a Copa da Rússia. Nossa geração não é brilhante, mas alguns bons jogadores que ficaram de fora desse grupo, por diversos motivos, podem ser recuperados daqui para frente (nomes como Lucas, Pato, Phillipe Coutinho, entre outros).

E, claro, a discussão do nome do comandante da Seleção. Muito se fala em Tite, mas eu tenho sérias dúvidas acerca da sua capacidade de ser um selecionador, mais que um treinador, sem aquele contato diário com seus jogadores. Além disso, é um pouco defensivista, o que certamente lhe trará problemas no centro do país.

Acho que está na hora de uma solução inédita: um técnico estrangeiro poderia vir bem, desde que fosse um nome do calibre de Pep Guardiola. Ele poderia oxigenar as ideias de um futebol que tem as suas maiores estrelas na Europa, mas parece não entender bem o que se passa no futebol de lá.

No entanto, essa opção de técnico de fora só seria válida se, além de trazer um pouco da visão europeia de futebol, ele tivesse algum poder de ajudar a organizar o futebol brasileiro fora de campo. De nada vai adiantar trocar de técnico, trazer quem quer que seja, se não forem feitas algumas alterações urgentes no futebol brasileiro, principalmente no que diz respeito à sua estrutura, dentro e principalmente fora de campo.

Vamos lamber as feridas, juntar os cacos, assimilar (se é que é possível) a PIOR DERROTA DO FUTEBOL BRASILEIRO EM TODOS OS TEMPOS; mas aproveitemos esse tempo para pensar no nosso futebol como um todo, buscando soluções para melhorar o nosso futebol.

Que essa seja o principal legado da Copa do Brasil: a melhoria do nosso amado esporte, como a Alemanha fez em 2006 e está colhendo os frutos agora.    



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