Futebol
O Grande Prêmio da minha vida
O bichinho da fórmula 1 me picou quando eu era criança. Meu pai gostava muito de assistir uma corrida de uns carrinhos estranhos, quase sempre aos domingos pela manhã. Em 1988, quando eu tinha 6 anos, acompanhei emocionado o título mundial de um brasileiro chamado Ayrton Senna, por quem desenvolvi uma verdadeira devoção, e meus domingos de Fórmula 1 eram sempre mais felizes. Senna morreu em 1994 e, devastado, no ano seguinte me distanciei da categoria, pois os domingos não tinham a mesma graça. Mas aquele bichinho do qual eu falava no início do texto me fez sentir falta daquela adrenalina, e então, em 1996, voltei a assistir às corridas. Estranho no início, mas logo comecei a gostar de outros pilotos, entre eles um tal Michael Schumacher. Outros pilotos também me chamaram a atenção, como Juan Pablo Montoya, Jacques Villeneuve, Damon Hill e Mika Hakkinen.
Bom, os deuses da Fórmula 1 resolveram ajudar àqueles que não desistiram de assistir às corridas, apesar do vazio eterno que meu ídolo Senna deixou. Novas regras, novos carros, e novos ídolos. Hoje, temos grandes pilotos, como Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton e Kimi Raikkonen, entre outros promissores. E as corridas voltaram a ter graça. E eu voltei a ter um ídolo, não do tamanho e da proporção de Senna, mas um cara que me emociona, e por quem eu torço, na boa e na ruim, apesar das críticas e das cruéis comparações. Mas eu vou falar dele logo adiante.
Fato é que, estranhamente, toda essa minha paixão por Fórmula 1 nunca me levou a acompanhar um GP ao vivo. Alguns ensaios, algumas ideias, mas nada de concreto. Este ano, decidi dar um fim a este jejum. Arregimentei um companheiro de viagem, compramos um pacote e, sábado de madrugada, lá estávamos nós no aeroporto, rumo à São Paulo para assistir ao GP Brasil 2012, o primeiro de nossas vidas.
Detalhes inesperados, negativos e positivos, de nossa operadora de turismo à parte, o que eu senti no sábado, por volta de 11 horas da manhã, é absolutamente indescritível. O ronco daquele motor, uma verdadeira sinfonia quando ouvida da televisão ou do videogame, se torna um som mágico, impossível de ser escutado sem que todas as células do corpo reajam a essa música. Meu primeiro contato com essa música me levou a um nirvana experimentado ainda fora do circuito, caminhando os 25 mil quilômetros que nos separavam do ônibus de nossa operadora até o nosso portão de acesso. Nesse momento, extasiado e sem reação, virei para o Rafael, meu companheiro de jornada, e disse: "Rafa, se fôssemos embora agora, já teria valido a pena". Ledo engano. O melhor ainda estava por vir, em doses cavalares de emoção.
Ao acessarmos o nosso portão, o G, e superarmos um pequeno momento de tensão, ao eu não localizar o meu ingresso, chegamos à escadaria que nos levaria às arquibancadas da reta oposta. Olhei pra cima, e não pude segurar as lágrimas, contidas e disfarçadas para não fazer escândalo. Eu estava entrando na meca do automobilismo brasileiro e mundial, onde campeões e lendas já fizeram corridas épicas. E então, ao acessar as arquibancadas, um carro passou no final da reta oposta em extrema velocidade (a maior do circuito). Pronto. Estava ali, diante dos meus olhos, toda a minha história como apaixonado por este esporte, todas as madrugadas, manhãs de domingo, treinos livres, classificatórios e corridas que eu já tinha assistido. Foi como se tudo tivesse sido uma preparação para me levar até ali.
Fomos em direção ao início da reta oposta, onde ficamos de frente para o telão (ou telinho, pela dificuldade de se enxergar números) e bem na saída dos boxes. Foi absolutamente fantástico acompanhar cada fase do treino oficial, que terminou com Hamilton na pole position. Saímos de lá absolutamente satisfeitos com o que havíamos vivenciado, e ao mesmo tempo numa grande expectativa com o que viria pela frente.
Domingo de chuva, municiados de nossas capas, adentramos Interlagos com uma grande expectativa. O campeonato se decidiria ali, e estávamos ansiosos por viver emoções ainda maiores do que havíamos vivido no dia anterior. As corridas de Porsches que aconteceram antes da prova só abriram o nosso apetite para o que iria ser servido como prato principal, mesmo debaixo de uma chuva por momentos torrencial.
E então, chegou a hora. O desfile de pilotos, quando todos sobem em um caminhão e dão uma volta na pista acenando para a galera a sendo entrevistados no sistema de som oficial do autódromo, as voltas de treino antes da formação do grid (que eu nem sabia que existiam) com Felipe Massa sendo saudado pelo público e Schumacher dando uma volta levando uma bandeira que agradecia a todos, tudo isso foram ingredientes que faziam com que a nossa "fome" (literal, pois não almoçamos, e figurada, pela F-1) só aumentasse.
Logo na primeira volta, Vettel bateu, e teve que fazer uma corrida de recuperação para ficar com o título. Alonso por momentos foi campeão, mas não pôde com a determinação do alemão em buscar o tricampeonato. Hamilton fazia grande corrida, pintava para a vitória, mas foi abalroado com um surpreendente e rápido Hulkenberg. Button soube ganhar com tranquilidade. Schumacher se despediu da categoria com um sétimo lugar. Bruno Senna abandonou a prova. Vi pegas espetaculares, ultrapassagens fantásticas, reduções e aberturas de asas que levavam a galera ao delírio. Identifiquei o nome de cada curva, tentei responder a algumas perguntas do Rafa, e aprendi muito ouvindo uma enciclopédia da F-1 chamada Agenor, um cara que estava ao nosso lado. Houve até uma transmissão ao vivo da rádio 99 FM de Belém, feita pelo nosso amigo Euclides, FIRST PLACE DO RÁDIO!
Mas o que mais me marcou foi o encontro com o meu ídolo contemporâneo. Desacreditado, ridicularizado, tendo a sua capacidade constantemente posta em dúvida e cruelmente comparado com Senna, ele tinha sob seus ombros uma grande pressão por um bom resultado em casa, para coroar um grande 2º semestre que ele estava tendo. Nas discussões e conversas sobre automobilismo, eu sempre o defendo, mas tenho que ficar quieto quando certos fatos são trazidos à baila. Felizmente, isso acabou, de uma vez por todas.
Nunca mais vou aceitar ouvir que Felipe Massa não é um bom piloto. Que não tem condições de ser campeao do mundo (2008 ainda vai lhe pagar o que lhe tirou, Felipe, tenho certeza disso). Que é lento. Que não tem ambição. Nem pensar! Cada um tem a sua opinião, mas agora eu tenho fatos que comprovam minha teoria e admiração por este piloto.
O que ele fez ontem foi impressionante. Largou maravilhosamente bem, ganhou duas posições, segurou dois caras para o Alonso fazer uma dupla ultrapassagem, caiu para 13º, se recuperou, fez manobras espetaculares, ultrapassou Weber, Vettel, Kobayashi, estava na frente de Alonso (assim como no grid de largada), enfim, fez de tudo um pouco e obteve um merecidíssimo pódio. Infelizmente o lugar que eu estava não permitiu ver a sua consagração, as suas lágrimas, mas nem precisava: o que eu tinha visto me fez ir para casa com argumentos suficientes para defendê-lo, e isso me bastava.
No final, todos satisfeitos, e uma certeza para 2013: estaremos lá novamente, vivendo esse clima fantástico que vivemos este ano. Mas com uma alteração: dessa vez eu quero ficar num lugar que me permita enxergar o título mundial do meu piloto preferido, para definitivamente fazer justiça a este cara fantástico que se chama Felipe Massa e que hoje, mesmo não sendo o Senna (e nem perto disso), ocupa um lugar nobre na minha galeria de ídolos do esporte.
Futebol, obrigado por liberar este espaço para falar dessa minha outra paixão. A partir de hoje, fico total em ti, meu velho!!
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