Eu estarei lá
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Eu estarei lá


O primeiro grande desafio deste texto é saber de que maneira começar. Quando se sofre uma derrota de grandes dimensões, existem diversas formas de agir: pode-se xingar o time, culpar algum jogador, reclamar da sorte, ficar revoltado, se deprimir ou tentar esquecer. Seguramente existem muitos outros modos de agir depois de um grande revés, mas eu não saberia dizer exatamente quais, até por estar buscando um próprio.
O round final trazia o União jogando em casa contra o Guarany de Camaquã. Precisávamos de uma vitória simples para enfim realizar o sonho de disputar a primeira divisão do Gauchão em 2013. Paralelamente, o Passo Fundo pegava o Esportivo em Bento Gonçalves precisando vencer e torcer contra nossa vitória (em caso de empate ou vitória do Guarany, a segunda vaga seria decidida no saldo de gols). Clima de tensão e expectativa em Frederico Westphalen e especialmente dentro de mim quando a hora do jogo chegou. De tão nervoso, nem quis almoçar. Às 15 horas, a bola começou a rolar, ao menos no nosso jogo, já que no outro houve um varzeano atraso, para que os dois clubes pudessem arranjar o resultado que favorecesse o Passo Fundo, conforme desejo do presidente do Esportivo.
E o início do jogo foi bom, até o Guarany atacar pela primeira vez: bobeada de Thiago Mattos, falta na lateral de campo. Na cobrança, bola na cabeça do zagueiro Fábio que, sozinho, colocou a bola para dentro do nosso gol: 1 x 0 e início do meu desespero.
Eu e minha namorada trocamos de lugar, emulando os ?lados da sorte? que nos ajudaram a derrotar o Esportivo em Bento, na 4ª rodada. Pouco adiantou. Na metade do primeiro tempo, Carlinhos chutou de fora da área e ampliou o marcador para o time visitante com um golaço: 2 x 0 e classificação cada vez mais complicada.
O União decididamente não acertava nada, não conseguia chegar com perigo, muito nervoso, especialmente por conta do placar adverso. Antes do intervalo decidi almoçar, para ver se repetia o ritual do intervalo do jogo da 4º rodada.
Mas após o almoço, o segundo tempo veio e não trouxe grandes notícias. Piccinini já tinha entrado no final do primeiro tempo, e no intervalo o nosso técnico fez uma estranha alteração, tirando o nosso zagueiro goleador Vinícius Vaqueiro e colocando André Gaúcho para jogar na zaga em seu lugar. E as coisas continuavam complicadas quando Douglas, nosso centroavante, perdeu um gol sozinho na pequena área, chutando por cima. Algumas outras oportunidades menos claras foram perdidas, e o Guarany continuava levando perigo, pois a esta altura do campeonato o Passo Fundo ?estranhamente? derrotava o Esportivo em casa, obrigando o time camaqüense a fazer pelo menos mais um gol para subir. Ao invés disso, no finalzinho, Gabriel, que havia entrado no lugar de Ytalo, fez uma bela jogada, cruzou e o zagueiro Fábio fez contra, dando um pouquinho de esperança ao União e praticamente sepultando as chances do time visitante. Mas o cronômetro já marcava mais de 40 minutos do segundo tempo, e a inconsistente pressão do time da casa não surtiu nenhum efeito. Fim de jogo e sonho mais uma vez adiado.
Sinceramente, não tenho vontade de xingar nenhum jogador. Gosto de todos e não consigo achar um culpado pela derrota. Também não acho o nosso time ruim; honestamente temos tanta ou mais qualidade do que o resto dos nossos oponentes na competição. Reclamar da sorte? Tentei emular comportamentos e rituais adotados em situações de vitória, mas eu não colocaria na conta da sorte essa derrota, pois não jogamos bem, e sinceramente em nenhum momento parecíamos ter forças para reverter o quadro. Apoio do torcedor também não faltou, prova disso é este blog e a cidade de Frederico Westphalen absolutamente mobilizada para empurrar o União.
Nos faltou camisa. Nos faltou cancha. Nos faltou tranquilidade. Nos faltou experiência em momentos decisivos. Mas como vou cobrar tudo isso de um time que foi fundado em 2010, e na primeira competição que disputou, em 2011, chegou às semifinais, e neste ano ficou a uma vitória de subir para o Gauchão? Existe um trabalho em andamento, e a evolução de ano para ano é muito clara, e mais cedo ou mais tarde dará frutos, eu não tenho a menor dúvida disso.
Estranhamente eu quero agradecer o União Frederiquense. Esse time, minha mais recente paixão, foi o responsável por alegrar manhãs, tardes e noites, me fez derramar lágrimas de alegria e também de tristeza, como as que derramo agora, traçando estas linhas. Foi um prazer ter feito parte disso, e posso afirmar que o União ganhou um torcedor ferrenho, daqueles que irão acompanhar o time onde quer que ele esteja, seja ao vivo, por rádio, tv, Internet ou por pensamento. Não importa. Importa é que eu NUNCA VOU DEIXAR DE SER UNIÃO FREDERIQUENSE, porque depois de ter vivido tão fortes emoções como as que vivi recentemente, é impossível deixar de ser torcedor apaixonado, como orgulhosamente me considero hoje.
O maior troféu que vou levar dessa Divisão de Acesso é ter me tornado uma espécie de embaixador do União Frederiquense em Porto Alegre, ao menos para meus amigos. Tenho a certeza de ter arrebanhado uns 7 ou 8 novos torcedores e simpatizantes para o nosso time, e isso para mim não tem preço. Agradeço em especial à minha namorada, com quem dividi todos os momentos dessa campanha, foi quem aparou minhas lágrimas, especialmente as de hoje, e é quem sempre me acompanha nas minhas excentricidades futebolísticas.
Vamos União, nossa história está recém sendo escrita, e muitas glórias ainda virão. Não conheço nenhum grande clube que nunca passou por derrotas doloridas, como a que tivemos hoje. São exatamente essas derrotas que nos levarão às grandes vitórias que conquistaremos em nossa gloriosa trajetória. E quando os próximos resultados acontecerem, sejam eles derrotas, empates ou vitórias, uma coisa eu posso afirmar: EU ESTAREI LÁ!
Abraços a todos e até a Copa Hélio Dourado, União!



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