Das tripas, cifrão
Futebol

Das tripas, cifrão



Analisando o Brasil no cenário futebolístico, sabe-se que existem milhares de jogadores (os que se profissionalizam e os que, por diversos motivos, não o fazem) notas dez, outros milhares nota nove, outros oito e assim por diante. E que não há uma nota única e imutável pra cada jogador. Pelo contrário: hoje você pode jogar um futebol nota dez (o que deve garantir sua convocação ou, no mínimo, uma excelente posição no seu clube e questionamentos pela sua ausência), mas amanhã não passa de sete e meio (deixando-o fora do próximo selecionado). E também sabe-se que todo e qualquer selecionado de futebol é formado pelos melhores entre os demais. Por isso, também, tornava-se tão importante, empolgante e disputada uma batalha entre selecionados futebolísticos. A "fila andava", o nível seguia forte e o prazer alimentado. Ao tomar contato com a (mais recente!) sessão de fotos de Neymar pra seleção nikerinho surgiram-me revelações (que não são novas na essência, mas que se renovam com mais intensidade a cada nova jornada): quando uma figura sempre nota dez de audiência e vendas, como Neymar, vai ficar de fora do selecionado, mesmo que apresente um futebol nota sete e meio durante determinado período? O que passa a significar a camisa da seleção quando é preenchida por estas vias? O que será do futuro dos demais jogadores, que terão que se ajoelhar pra constante (e nem sempre justificada) presença dos mesmos rostos, todas as convocações vigentes, ou então se ajoelhar pros senhores que constroem esta lucrativa dicotomia para estarem no lugar dos mesmos? E as questões só começam aí a irromper a alma inconformada que sinto sangrar. A ?fila parou?, o futebol também e nós seguimos vivos. Até quando?

Para Bruno Surfistinha: tu és guerreiro, não se culpe, cabeça erguida.




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