CRAQUES DE ONTEM E DE HOJE: JUNIOR BRASÍLIA
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CRAQUES DE ONTEM E DE HOJE: JUNIOR BRASÍLIA


 

José Francisco Solano Junior, o Junior Brasília, nasceu na cidade mineira de Alvinópolis, no dia 10 de abril de 1958.
Com um ano de idade sua família de mais seis irmãos deixou Alvinópolis e foi para Brasília. Seu pai, funcionário público, fora transferido.
Quando tinha mais ou menos 12 anos foi visto pelo técnico Airton Nogueira, que o convidou para jogar no time de dentes-de-leite do Defelê. Foi campeão.
Passou a ter uma Kombi para apanhá-lo em casa nos dias de jogo. Ainda assim, saiu do Defelê para jogar nos times da NOVACAP e na AABB.
Isso aconteceu mais ou menos em 1972. Nessa época dividia seu tempo entre o campo de futebol e um carrinho de mão que usava para ganhar um dinheirinho fazendo frete para as pessoas.
As coisas só começaram a melhorar em 1974, quando foi convidado para jogar no juvenil do Ceub.
Em 1975, o clube de Brasília se tornou profissional. Mas Junior não pôde assinar contrato de profissional, pois era integrante da lista de jogadores que a CBD pendurou até o final dos Jogos Olímpicos de Montreal, Canadá.
Começou ganhando um salário-mínimo e uma ajuda de alimentação e aos poucos foi se firmando.
Veio o Campeonato Brasileiro de 1975 e o clube fez boa campanha. Aos 17 anos, Junior foi um dos melhores. O time tinha bons jogadores, dentre eles o goleiro Paulo Vítor, Alencar, Xisté, Julinho, Péricles e Fio Maravilha, e obteve bons resultados na primeira fase, como um 0 x 0 contra o Grêmio, 1 x 1 Portuguesa de Desportos, 1 x 0 Vitória-BA, 0 x 0 Santa Cruz e 2 x 2 com o Santos. Na segunda fase, não reeditou a boa campanha da primeira e foi desclassificado.
Junior passou a chamar mais a atenção dos times de fora de Brasília no amistoso que a Seleção Brasileira principal realizou em Brasília, contra a Seleção de Brasília, no dia 21 de fevereiro de 1976, preparando-se para a Taça do Atlântico daquele ano. Marcado por Marinho Chagas, Junior impressionou a todos.
Duas semanas antes, o Flamengo jogou contra o Ceub, também em Brasília. Marcado por Junior, atuou bem e, depois do jogo, dirigentes do Flamengo foram jantar com os do Ceub, para acertar sua contratação.
Em março de 1976 foi contratado pelo Flamengo, que tinha jogadores do nível de Zico, Junior, Tita, Cláudio Adão, Carpegiani, Toninho e tantos outros. Inicialmente, participou apenas de amistosos do Flamengo. A primeira vez que vestiu a camisa do Flamengo foi em 8 de abril de 1976, em Cuiabá, na vitória de 3 x 1 sobre o Operário, de Várzea Grande (MT). No segundo tempo, substituiu Caio Cambalhota.
Continuou disputando amistosos até que, três meses depois de chegar no Flamengo, o técnico Carlos Froner resolveu dar uma oportunidade num jogo oficial, válido pelo Campeonato Carioca daquele ano.
Sua estréia aconteceu no jogo contra o Goytacaz, em Campos, no dia 20 de junho de 1976. O jogo estava 1 x 1 e o lateral Tita não dava muitas oportunidades ao ponteiro titular, Paulinho. Não modificou o placar mas teve boa atuação.
Contra o Volta Redonda, no Maracanã, três dias depois, na vitória de 1 x 0, Junior entrou desde o início.
E chegou o jogo contra o Vasco da Gama, em 27 de junho de 1976. Seu marcador: Marco Antônio. Enfrentou e venceu a marcação de Marco Antônio. O Flamengo goleou por 4 x 1. Depois desse jogo, Junior passou a revezar com Paulinho na posição de titular do time.
O primeiro dos cinco gols que marcou com a camisa do Flamengo aconteceu em 22 de agosto de 1976, no amistoso Londrina 1 x 1 Flamengo.
Disputou o primeiro Campeonato Mundial Sub-20, entre junho e julho de 1977, na Tunísia. O Brasil, invicto, ficou na terceira colocação. Junior marcou um único gol na vitória de 5 x 1 sobre o Iran. Os maiores destaques desta seleção foram Paulinho e Guina, que logo depois foram contratados pelo Vasco da Gama.
Seu último jogo pelo Flamengo foi em Bauru (SP), na derrota de 1 x 0 para o Noroeste, em 23 de julho de 1978. Envolvido numa transação com o goleiro Raul, transferiu-se para o Cruzeiro, de Belo Horizonte (MG). Ao todo foram 69 jogos pelo Flamengo, com 40 vitórias.
Também demorou para estrear no Cruzeiro, que tinha no ataque jogadores do naipe de Eduardo, Revetria, Roberto César e Joãozinho. O primeiro jogo com a camisa do Cruzeiro foi em 24 de setembro de 1978, na vitória de 2 x 0 sobre o Guarani, de Divinópolis, válido pelo Campeonato Mineiro, substituindo Eli Mendes. O primeiro gol veio em 4 de outubro de 1960, no Mineirão, na vitória de 3 x 0 sobre o Uberaba.
Não conquistou títulos no Cruzeiro. O período, 1978 a 1983, foi totalmente dominado pelo Atlético, que se tornou hexacampeão mineiro.
No dia 1º de março de 1980, disputou seu último jogo pelo Cruzeiro, no 0 x 0 diante do Colorado (PR), pelo campeonato brasileiro. Foi emprestado ao Mixto, de Cuiabá (MT).
Retornou ao Cruzeiro, para depois ir parar no Operário, de Campo Grande, e em seguida voltar ao Mixto, numa troca envolvendo o jogador Tostão.
Do Mixto foi para o Brasil, de Pelotas (RS), onde permaneceu por três anos. Seu primeiro jogo aconteceu em 27.02.1983, num amistoso em que o Brasil foi derrotado pelo Blumenau por 2 x 1. O último foi em 08.12.1985, no empate diante do Pelotas (1 x 1), válido pelo campeonato estadual daquele ano.
Nestes três anos disputou 125 jogos e marcou 12 gols.
Foi vice-campeão estadual em 1983, campeão do interior em 1983 e 1984 e vice-campeão da Copa A.C.E.G. em 1984. Mas a maior conquista foi o terceiro lugar no Campeonato Brasileiro de 1985, a melhor colocação do clube gaúcho até hoje na competição.
Na segunda fase desse campeonato, num grupo integrado por Flamengo, Ceará e Bahia, o Brasil foi o primeiro colocado, qualificando-se para as semifinais, onde foi derrotado pelo Bangu.
No dia 18 de julho de 1985, em Pelotas, o Brasil venceu o Flamengo por 2 x 0, com um gol de Junior Brasília. Três dias depois, mais um gol seu ajudou o Brasil a vencer o Bahia, em Salvador, por 3 x 2, resultado que deu a classificação ao clube gaúcho.
Encerrou sua carreira no Rio Verde, de Goiás, em 1987, a esta altura dos acontecimentos totalmente desmotivado e cheio de problemas financeiros e familiares.
Como tinha residência fixa em Belo Horizonte, Junior decidiu retornar à capital mineira, onde passou a jogar pelo time da AGAP, de Wilson Piazza, Eduardo e tantos outros craques do passado. Em seguida, faleceram seu pai e um irmão.
Teve a oportunidade de conversar com Zico, com quem jogara no Flamengo e era Secretário de Esportes. Pediu-lhe ajuda para voltar a Brasília, onde pretendia se estabelecer definitivamente. Zico ajudou Junior a conseguir um emprego no Departamento de Recursos Humanos da NOVACAP.
Continuou batendo sua bolinha atuando pelos veteranos do Ceub nos fins de semana. Hoje, Junior Brasília mora na Ceilândia, onde trabalha como orientador esportivo no SESI há mais de 10 anos. É casado e pai de dois filhos.

Fontes consultadas:
Almanaque do Flamengo
Almanaque do Cruzeiro
Correio Braziliense
Revista Placar
Livro ?Seleção Brasileira 1914-2006?
Site Colecionador Xavante



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