Convocação e seu aspecto filosófico
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Convocação e seu aspecto filosófico





Convocação e seu aspecto filosófico






Felipão usou de temperança ao convocar jogadores. Não modificou muito, e em muito manteve as escolhas já presentes em Mano e em Dunga. Usou de uma linha além da platônica, mais aristotélica, unindo o ato a potência. Ele fez um cogito, ?penso: logo o time existe?. Não se deixou influenciar por achismos e opiniões. Se assemelhou a Sócrates em um julgamento, quando foi o único a votar contra. Mas, a base do time agora foi de maioria de jogadores de equipes europeias, o que não é ruim, uma vez a crise interna de nosso futebol. Não temos mais aquelas estrelas de outrora, mas assim nosso time começa com mais humildade. Não se compara a Copa de 2002, apesar do ?professor? querer ver comparação, uma vez que lá tinha o Fênomeno, e muitos craques, de incrível desempenho. Hoje temos um time de mais craques na zaga e meias, o que é outra dimensão. Nosso time é mais marcador.

 


Quando vi os jogadores, pensei: ?já sabia?. Não houve nenhuma surpresa e fora uns três atletas, do mais vemos muito que já montou Mano e Dunga. Também vemos uma sombra do time da Copa de 2010, e assim teremos de ver se a equipe usa mais de sua ?Vontade de Potência?, lembrando ensinos de filósofo Friedrich Nietzsche. Essa convocação foi de uma certa ataraxia, onde se conformou o treinador com o time que tem. Não deseja nenhum além mundo, e nem algum céu ideal, mas entende pronto para ganhar a Copa com essa equipe. Ele se tornou um materialista histórico, vendo na seleção brasileira um ?socialismo científico? do futebol, sem classes e sem preferidos.



Notamos assim aqueles jogadores que já trabalham de forma equilibrada em suas equipes, e que mantém alguma regularidade. Jogadores como aqueles do Chelsea mostram qualidades, apesar de talvez não serem grandes estrelas como os Ronaldos. O que quebra um pouco é o goleiro, que vinha meio sem a regularidade de jogos, mas que nos reserva um herpismo, um impulso idealista, quase hegeliano. Vemos nele um retorno do espírito ou daimon de Tafarel, e assim podemos esperar um bom trabalho de Julio Cesar. Pelo nome e sua mensagem de poder, já temos alguma segurança. Jogadores novos como Bernard, podem reservar alguma surpresa, haja vista o espírito leve e tranquilo de se jogar, molecagem que às vezes fz falta em jogos. Também não vejo temor no time da Croácia, uma vez que não falamos daquele time da copa de 1994, que era bem outro.


 
 

Fato é que em jogadores marcadores e marcados pela estratégia de times europeus, temos mais segurança na marcação e em alternativas de se furar barreiras dos adversários. Talvez não se concentre tanto em Neymar o sucesso de nossa equipe, mas mais em elementos surpresas no ataque, que podem inaugurar o placar e assim desestabilizar o adversário. Sabemos que temos vários elementos talentosos em nossa equipe, e se não temos mais o ?quadrado mágico? de gênios do ataque, resta pelo menos um conjunto bom de marcação e estratégia. A equipe assim ganha mais opção, apesar de não ter nenhum salvador. E a convocação não foi das melhores, mas foi a que se tinha acesso e possibilidade. Com a falta de gênios, não podemos mais garantir como no tempo de Pelé, Garrincha e tantos outros, onde havia uma seleção genial. Temos essa seleção de trabalho, proletária e que por fim pode vencer a burguesia europeia, mesmo que apenas no campo.



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