Aterrissando em uma ilha de desconfiança e ceticismo, chegada de Massimiliano Allegri a Turim não poderia ter sido mais subestimada. Por questões futebolísticas ou não, poucos acreditavam que técnico poderia potencializar equipe deixada por Antonio Conte. Pois ocorreu, e sua Juventus conseguiu competir ainda melhor, ganhando Serie A e Coppa Italia 2014-15.
A princípio, Allegri manteve aspectos e variações de Conte. Planejamento era mais longo, transição de ideias seria gradativa. 3-5-2 (5-3-2 sem a bola), muito jogo interno e entre linhas - e, em meio a outras coisas, Fernando Llorente ainda bastante ativado. Porque, neste contexto, acumulando atletas por dentro e buscando fluidez a partir disto, necessário ter alguém de costas para meta rival, um passe de segurança. Como pivô, poucos são tão bons quanto Fernando. Nem Álvaro Morata, ainda incógnita. Contudo, já no início, Juve de Massimiliano adotou um
pressing agressivo, algo não tão intenso ou constante na época de Antonio. Retomando à frente - ou obrigando rivais a forçar ligações diretas - para viver menos em fase defensiva, controlando quase tudo e oprimindo adversários. Primeira alteração, que traria outras.
Dentro de tudo, sem Andrea Pirlo, se destacava muito Claudio Marchisio. Ponto de equilíbrio, de frescura mental e, como Llorente, sempre uma linha de passe à disposição. Na verdade, após tantas cobranças, finalmente se pôde voltar a ver italiano em altíssimo nível durante temporada inteira. Foram mais de quatro mil minutos em campo, 52 partidas e gigantesca importância. Considerando que Pirlo já sentiu ritmo europeu em 2014-15, tendência é Claudio seguir vital. Como Carlos Tévez, personificação do domínio nacional
bianconero. Assim, tendo características do passado, Juventus continuava possuindo dificuldades para competir no cenário continental. Quando 4-3-1-2 (com ou sem a posse) foi sendo introduzido, com um - hiperativo - homem a mais no meio e jogo ainda embasado em superioridades centrais.
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Outros fatores a ajudar defesa a 4 foram longuíssima ausência do lesionado Andrea Barzagli e necessidade de utilizar Marchisio, Pirlo, Paul Pogba e Arturo Vidal. Além, é claro, da singela preferência do comandante. Após implantação, antigas variações passaram a ser cada vez mais ocasionais, sendo ressuscitadas quando coletivo precisasse não sofrer gols. Em momentos da eliminatória ante Real Madrid (ida e volta), no decisivo duelo contra Roma e no segundo cotejo frente ao Monaco, por exemplo. Nestes casos, uma linha de 5 - na fase defensiva, logicamente - que cedia pouquíssimo e tratava de atascar oponentes. Por baixo, tendo mínimos balanços e saídas de posição, ou por cima, utilizando qualidades aéreas, excepcional e segura defesa a área.
Na Liga dos Campeões, apesar de reconhecidos méritos, turineses receberam diversos presentes durante mata-mata. Um caótico Borussia Dortmund, um Monaco de péssimos ataques posicionais, um Real Madrid em seu pior momento na temporada e Barcelona mais débil do torneio. Três primeiros, inclusive, foram mortos da mesma maneira: após estarem atrás no marcador, vários minutos tentando gerar futebol e dificuldades vindo à tona. Também por comandados de Allegri, mas maior parte apenas por auto-atolamento. De muito positivo nestes embates, capacidade de acelerar transições a partir do terceiro quarto de relvado. Detalhe que, há bastante tempo, garante pontos na Serie A. Com presença de Morata, algo que ganhou força.
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Tendo grandes acertos e algumas imperfeições, treinador juventino foi de subestimado a milimetricamente supervalorizado. Ainda que resultados tenham sido excelentes, time mostrou-se errôneo em certas situações. Entretanto, esteve a um passo da tríplice coroa e isto não é pouco. No balanço, após sentimento de renascimento, sensação de que é possível ir além. Juve voltou a ser europeia, reconquistou seu lugar no contexto continental. Agora, questão é se manter aí.