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Alexandre Rodrigues: o que aconteceu com o Vasco?

Assisto em Narcos, série do Netflix, à aparição do Nacional de Medellín e volto à Libertadores de 1990. O Vasco foi eliminado por aquela equipe ? após três jogos, um deles anulado por ameaças do traficante Pablo Escobar. Tem Célio Silva na zaga, Bismarck no meio e no ataque Bebeto deixava no banco Roberto Dinamite e Sonny Anderson (que fez sucesso no Barcelona nos anos de 1990).

Todos fenomenais, mas outros que vestiram a camisa do Vasco nos 10 anos seguintes também eram: Edmundo, Jardel, Juninho, Dener, Mauro Galvão, Romário, Evair, Juninho Paulista. Confiro na tabela que se trata do mesmo Vasco da Gama que neste Brasileiro marcou apenas 10 gols. Quatro vitórias em 24 jogos, 16 pontos, o último lugar, a pior campanha de um time grande desde o início dos pontos corridos. A pergunta inevitável: como isso foi acontecer?

Não é uma resposta simples. Se tivesse que dar uma só, diria que o clube envelheceu. Eurico Miranda, presidente vascaíno, não apenas é um dirigente à moda antiga, o Vasco é uma instituição atrasada. Enquanto os rivais construíram arenas, São Januário, estádio de 1927, continua acanhado e desconfortável. Não há centro de treinamento ou programa de sócios, e a torcida espera a chegada ao século 21.

Outra parte pode ser creditada ao desgaste na imagem do clube, outrora simpático representante da colônia portuguesa e do subúrbio ? é o único grande do Rio cuja sede não fica na Zona Sul ?, que passou a ser associado a uma figura autoritária. O preço veio na fuga de patrocinadores, salários atrasados, times inexpressivos e na decadência futebolística ? um título importante, a Copa do Brasil de 2011, em 15 anos.

Não é só culpa de Eurico. Roberto Dinamite, maior ídolo da história do clube (meu também), tem sua parcela. Indeciso e personalista, frustrou a expectativa geral. Em seis anos de mandato, de 2008 a 2014, o Vasco teve as contas bancárias bloqueadas, perdeu promessas da base por atrasar salários e foi rebaixado duas vezes, em 2008 e 2013.

O fracasso de Dinamite aniquilou a resistência a Eurico, que voltou à presidência. O elenco foi desfeito e 33 jogadores contratados. No começo, veio o título carioca, mas no Brasileiro o alarme soou tarde. A torcida, desesperada, se apega à frase "Eu escolhi acreditar" ? para evitar novo rebaixamento, mas o time é fraco e, se tinha alguma organização, as derrotas destruíram a confiança. Os técnicos Doriva e Celso Roth caíram. O atual é o tetracampeão Jorginho. Junte a isso a disputa interna entre os filhos de Eurico, também dirigentes, e os responsáveis pelo futebol. O resultado? Apenas 10 gols marcados, 16 pontos, quatro vitórias em 24 jogos, o pior desempenho de um clube grande na era dos pontos corridos.

Foto: Lauro Alves / Agência RBS

Texto: Alexandre Rodrigues, jornalista ? Especial ZhEsportes

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