A VOZ DO INTER - Macaco Imundo
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A VOZ DO INTER - Macaco Imundo


                O Rio Grande do Sul é um Estado diferente. Sempre foi. Aqui se disputaram inúmeras batalhas, sempre com o sentimento de heroísmo e coragem. Sempre foi o ?nós? contra o resto. O bairrismo impera. E aqui fala um cara que se orgulha das nossas tradições, que anda pilchado e comemora o 20 de Setembro. Mas sejamos sinceros, é um pouco estranho um povo que comemora com festa e feriado uma guerra que perdeu, né? Esses somos nós.

                Aqui somos vermelhos ou azuis. PT ou anti-PT. É quente ou frio. Não tem meio termo. Não tem conversa. A nossa cultura é diferente do resto do Brasil. Muitas vezes nos sentimos mais em casa no Uruguai, por exemplo, do que na Bahia. E com desculpa nessa cultura, no folclore, permitimos algumas coisas.

                Nos anos 80, quando comecei a ir ao estádio até meados dos anos 90, a torcida do Grêmio cantava: ?Gente pra cá (apontando para onde estavam os azuis), Macaco para lá(apontando para a torcida colorada)?. O Inter até tinha a ?resposta?, cantando primeira para cá, segunda para lá, fazendo alusão ao primeiro rebaixamento gremista. Mas isso não era racismo, era folclore. Com os anos 2000 veio também o novo jeito de torcer aqui no Rio Grande do Sul, inspirado nos barra brava, aquelas torcidas que ficam atrás do gol pulando e cantando o tempo todo. E o racismo continuou, em músicas como ?olha a festa macaco? e ?chora macaco imundo?. Mas para alguns, continua sendo folclore.

                Na final do Gauchão de 2011 o jogador negro colorado Zé Roberto ouviu xingamentos racistas. Ninguém deu bola.  Faz parte do folclore. Só aqui, no nosso amado Rio Grande, ser chamado de macaco, para alguns, não é racismo. Com o episódio que ocorreu na última quarta-feira com o árbitro Márcio Chagas, que foi ofendido e teve bananas deixadas junto ao seu carro, eu tive o desprazer de ouvir perguntarem para ele se se sentia ofendido ao ser chamado de macaco. Parece piada, mas não é.

                Lá na minha infância o então desconhecido Gabriel Pensador gravou uma música chamada Lavagem Cerebral. Uma parte da letra falava assim:

                ?O racismo é burrice, mas o mais burro não é o racista, é o que pensa que o racismo não existe....Qualquer tipo de racismo não se justifica, ninguém explica?.

                Já está mais do que na hora de todos nós fazermos a nossa Lavagem Cerebral.

                Marcelo Ducati Ferreira
                @marceloducati



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