A Fantástica Fábrica de Craques do Barcelona
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A Fantástica Fábrica de Craques do Barcelona




Nos dias de hoje, virou lugar-comum tecer loas ao fantástico time do Barcelona, apontado por muitos como sério candidato ao título de melhor time de todos os tempos. O time azul-grená virou referência de todos os times ao redor do mundo que buscam aliar futebol bonito e resultados. Justiça seja feita, a referência é bastante válida, porque ver o Barça jogar é algo fantástico, uma experiência única para quem gosta do futebol bem jogado e ao mesmo tempo competitivo. Mas qual a razão de tanto sucesso?

Vamos primeiramente buscar um pouco da história do Barcelona. Nascido em 29 de novembro de 1899, o Barça representa o orgulho de uma região que sempre buscou a independência do território espanhol, a Catalunha. Nos anos 60, começou sua polarização com o Real Madrid, o time da monarquia Franquista. Craques como Kubala, Cruyjff, Maradona, Ronaldo, Koeman e muitos outros passaram pelo clube, que foi aos poucos conquistando uma posição de destaque na Espanha e posteriormente na Europa. Ganhou sua primeira competição continental em 1992, e a partir daí se consolidou em seu país e em seu continente como um clube top de linha.

Muitos apontam o ex-presidente Joan Laporta como um dos grandes responsáveis por esta transformação do clube catalão em referência mundial. Joan realmente teve grande participação, como mostra um documentário produzido em 2004 chamado "Mes que un club", não por acaso a frase que resume oficialmente o Barcelona. Mas todo o prestígio do Barcelona não está em um homem, ou em sua equipe de trabalho, mas sim em um espírito de identidade que é disseminado nas suas categorias de base, historicamente sediadas em La Masía.




Este Centro de Treinamento é o responsável por formar diversos jogadores de sucesso na história, e nos últimos tempos formou craques como Pep Guardiola, Cesc Fábregas, Xavi Hernández, e o mais impactante deles, o argentino Lionel Messi. Entra presidente e sai presidente, o foco do clube continua sendo o aproveitamento de jogadores de sua cantera, algo incomum entre os clubes europeus, históricos compradores de atletas de outros mercados, e que agora começa a ser imitado Europa afora. Qual será a fórmula de sucesso de La Masía?

Identidade futebolística. Assim, simples e direto. Mais que táticas, técnicas e estratégias, o que os meninos que têm a sorte e o talento de formarem parte das canteras blaugranas aprendem é a jogar futebol como barcelonistas. Não só jogar, mas entender, enxergar e sentir o futebol da mesma maneira que Cruyjff, Guardiola e o mais simples dos torcedores do Barça; uma forma toda particular de atuar, de se portar, de se expressar. Toque de bola, beleza, plasticidade, sem deixar de lado o resultado, é uma cultura tão arraigada que influencia na escolha dos profissionais que por lá trabalham. José Mourinho, um dos maiores técnicos da atualidade, ganhador de títulos importantes por onde passou, jamais poderia ser o técnico principal do Barça, exatamente por sua cultura futebolística ser oposta à cultura blau-grana. Os profissionais são cuidadosamente escolhidos, caso do atual Pep Guardiola, uma aposta bem-sucedida em um técnico de pouco histórico, mas de valores ajustados à cultura barcelonista, até por seu passado de jogador do Barça criado em La Masía.

Não importa qual o grupo político dominante, é imperioso que técnicos, supervisores e roupeiros ajam a todo tempo referendando estes valores. E inevitavelmente não precisam fazer força para isso. Quem não se enquadra, é automaticamente relegado e inevitavelmente tem que procurar um novo local de trabalho.

Dessa forma, o Barça deixou de ser um clube de esquerda, um reacionário, e passou a se tornar uma grife de futebol, um clube amado em todas as partes do mundo. Existem estudos mostrando que, na América do Sul, um continente com grande tradição futebolística e berço de grandes clubes do futebol mundial, o Barcelona é o clube estrangeiro de maior torcida. Conquistou mercados como Estados Unidos, África e Ásia. Todos querem ser Barça. Todos querem fazer parte da ideologia futebolística praticada no clube. Sonhos são construídos tendo como palco o imponente Camp Nou. E isso só foi possível por aqueles valores entranhados nas paredes de La Masía.

No último mês de outubro, houve a inauguração da nova sede de La Masía. O que já era ótimo se tornou fantástico. Na plateia, jogadores estelares como Messi, Xavi, Iniesta, Fábregas, entre outros, estavam lá, e todos, sem exceção, declaravam sua emoção por presenciarem aquele momento histórico. Este comportamento traduz bem o que significa ser Barça. É adotar como seu um código de conduta que permeia seus próprios valores e orienta suas escolhas. 




Cesc Fábregas, jogador formado nas categorias de base barcelonistas antes de ser comprado com 15 anos pelo Arsenal da Inglaterra, nunca escondeu seu amor pelo clube e a sua saudade pelo que viveu em La Masía. Tanto que forçou sua saída do clube inglês ao vislumbrar uma chance de voltar ao clube de seus amores. Ao ser perguntado sobre o que o fez deixar sua condição de ídolo em terras londrinas, Cesc respondeu: "Era algo inevitável, uma chance de retomar o passado e voltar ao lugar onde eu fui mais feliz na minha vida. Amo o Arsenal, mas o Barça corre nas minhas veias, é a maneira como eu enxergo o futebol e a vida". A frase fala por si só. Você não vê esta identificação no Real Madrid, no Manchester United e nem no Milan. 

Outro exemplo é Lionel Messi. Jogador que declarou várias vezes que jamais sairia do Barça, seja por gratidão com o clube que bancou um caro tratamento para crescer realizado em sua infância, mas principalmente porque ele sabe que em lugar nenhum do planeta poderia jogar da maneira que joga no Camp Nou; não, jamais poderia igualar o prazer que ele sente vestindo a camisa blau-grana em outro clube. Ele ama o Barça, ele é o Barça, ele é a personificação da maneira Barcelona de jogar futebol e viver a vida. Tampouco se vê jogadores como Xavi Hernández e Andrés Iniesta manifestarem desejo em respirar novos ares, situação tão comum em outros grandes clubes da Europa.

Assim, podemos concluir que o comportamento que traduz esta identificação de todo um conjunto de pessoas, sejam torcedores, jogadores, técnicos ou dirigentes, faz com que tenhamos a certeza de que La Masía seguirá sendo a Fantástica Fábrica de Craques e o Barcelona FC seguirá sendo a realização do sonho de ver um futebol vistoso no alto do pódio erguendo taças. Por muitos anos.






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