apagar o fogo, no entanto, se separarmos as suas
componentes, hidrogênio e oxigênio, qualquer uma destas
ao invés de apagar o fogo, incandesce-o ainda mais.?
(Karl Popper)
Muito se tem discutido no meio do futebol sobre metodologias de treino, principalmente no meio acadêmico (é sabido o distanciamento que este tem dos profissionais que vão a campo com suas equipes diariamente por motivos que não cabem aqui neste texto), na busca de aprimoramento dos métodos e neste momento transcendendo-se um pouco (até agora um pouco, mas com possibilidade de se tornar algo grandioso) e vislumbrando uma possível ruptura paradigmática. Novas propostas de estruturação do treinamento de futebol como a Periodização Tática construída pelo professor Vitor Frade da Universidade do Porto e apresentada para seus alunos há cerca de trinta anos vem contribuindo muito para essa contestação ao treinamento analítico, fragmentado e fez emergir um novo paradigma, o da Complexidade. Essa Teoria (a da Complexidade) tendo como um de seus expoentes o francês Edgar Morin propõe a integração, a interação, a relação entre ordem e desordem para uma reconstrução do conhecimento e para uma (re)organização num nível superior ao anterior.
Devido ao sucesso de José Mourinho (primeiro e até o momento o único treinador de Top adepto assumido da Periodização Tática) muitos aderiram ao método, porém sem o mesmo sucesso. Por colocarem a dominante tática como norteadora do processo, muitos incorreram no mesmo equívoco do paradigma cartesiano, fragmentaram o treino de outra forma negando as outras dominantes (técnica, física e mental) em maior ou menor grau para cada uma delas. Para Júlio Garganta (1997) ?a dimensão tática ocupa o núcleo da estrutura de rendimento no futebol, pelo que a função principal dos demais fatores, sejam eles de natureza técnica, física ou psíquica, é a de cooperar no sentido de facultarem o acesso a desempenhos táticos de nível cada vez mais elevado?. Nesta frase do autor fica clara a interdependência entre as dominantes, atentando para o fato de que no processo de treinamento a equipe tenha como objetivo central atingir picos de "Performance de Jogo"
Faz-se necessário aos profissionais que trabalhem sob essa nova perspectiva considerarem todas as variáveis, aprofundarem-se no conceito de complexidade para que suas equipes não paguem com derrotas seus erros metodológicos. Cabe lembrar que o método tradicional está em um estágio multidisciplinar (talvez poucos no estágio interdisciplinar) e bem ou mal, se de forma adequada ou não acaba-se treinando técnica e tática (com o treinador), capacidades físicas (com o preparador físico) e psicológicas (com o profissional dessa área que está presente em muitos dos clubes atualmente), portanto o mérito estará em um trabalho transdisciplinar que não negue nenhuma das dominantes, e essa negação tem ocorrido com a dominante física pela ?necessidade? de se mostrar que o trabalho sob esses conceitos é diferente. Será que o grande diferencial em relação ao trabalho de campo de José Mourinho não seja fazer com que suas equipes apresentem uma alta
Referências Bibliográficas
Garganta, J. (1997) Modelação táctica do jogo de Futebol. Tese de Doutorado. Universidade do Porto.
Leandro Zago - CIEFuT